Ana Lícia 20/05/2021"Embora eu não goste de escrever ' histórias com moral' para jovens", escreveu Louisa para um admirador "faço isso porque paga bem."
Eu adorei conhecer um pouco da escritora Alcott, e , vibrei com todo seu sucesso. Pois uma MULHER, ESCRITORA, tendo sucesso e dinheiro. É um deleite.
Mulherzinhas foi um romance encomendado, direcionado para meninas. É praticamente um manual de como ser uma boa moça/mulher. Cheio de ensinamentos, lições e advertências.
"A literatura para meninas deve ajudar a formar as mulheres", (Edward Salmon)
Então percebe- se que a obra tinha um objetivo: Moldar meninas, tranforma-las em boas mulheres e esposas. E, claro, que foi um grande sucesso. Mas mesmo sendo uma obra moralista, Louisa não deixou de dar autonomia para suas heroínas. Nos entregando meninas sonhadoras, cheias de atitudes e coragem. E muitos momentos marcantes.
Tendo como fundo histórico a Guerra Civil Americana iremos acompanhar os dramas domésticos de 5 mulheres. A mãe, Sra. March, e as filhas Meg, Jo, Beth e Amy. O pai está na guerra. E, assim, os conflitos diários dessas meninas em formação será a pauta da primeira parte do romance. É uma família pobre, de bom coração, onde todas procuram um jeito de ajudar em casa. Junto com o vizinho Laurie, as meninas terão muitos momentos divertidos e , claro, de grande aprendizado.
A minha personagem favorita foi a Jo, mesmo sabendo que no passado eu era a Beth, extremamente tímida. Se não fosse por Jo, a leitura teria sido muito enfadonha para mim. Ela me emocionou e divertiu- me em muitos momentos. Foi muito gostoso, fofo, e até um pouco açucarado demais acompanhar estas meninas.
Ao chegar na segunda parte, onde iremos ver as jovens adultas, veremos elas lidando com outros conflitos, entre eles, o matrimônio. Foi muito interessante enxergar o amadurecimento, mas também foi frustante ver o caminho de alguns personagens. O problema não foi o final, mas o processo, a maneira que foi conduzido. Mas entendo a autora, ela foi pressionada demais, e, teve que fazer um final de acordo com o gosto do Editor e público.
Mas não deixa de ser realista o desfecho das March, todos temos sonhos, mas poucos conseguem realizá-los. Todas tinham sonhos, e , quando chegam a vida adulta elas fazem um balanço de suas conquistas e, percebem que são felizes com o que conseguiram alcançar, mas fica uma janela aberta para continuar a sonhar.
Para época destas mulheres o único sonho possível era um bom casamento, então, quando você encontra personagens que sonham com mais, já é um ato de resistência. Jo queria ser escritora, Amy uma grande artista. Desejos bem diferentes da maioria. Então entendo a importância desta leitura, o impacto que teve na vida de várias jovens que acharam possível ver algo, além do casamento. Fora as que se identificaram com as personalidades das irmãs, heroínas para poderem se inspirar. Pois literatura "para meninos", sempre teve. Eles sempre tiveram heróis incríveis para admirar e se espelhar. Então, quando chega uma casa dominada por Mulheres independentes, fortes e que sonham. Com certeza foi muito forte e especial para várias meninas/mulheres. Compreendo sua importância para várias gerações antes da minha. Apesar de não ter se tornado um favorito, tive uma ótima experiência de leitura.