Catharine 09/06/2014
Tinha tudo para me conquistar, mas não conseguiu
Mesmo decepcionada com o rumo que autora foi dando para história eu ainda tive esperanças em continuar com a série por conta da mitologia utilizada pela autora na obra, um dos poucos pontos atrativos na série. Porém nem assim a história passou a me agradar, muito pelo contrário.
Nesse livro Kelsey se vê mais dividida entre os dois irmãos Ren e Kishan, visto que o primeiro não se lembra mais dela. É fato que eu detesto triângulos amorosos porque normalmente eu sinto que a maioria dos autores não sabem trabalhar muito bem isso, tornando as mocinhas chatas e indecisas, dedicando assim páginas inteiras de um monólogo interno chato e cansativo (a única exceção para mim é o triângulo de "As peças infernais" entre Jem, Will e Tessa, que foi o único capaz de me fazer ficar aflita e não sentir raiva da mocinha do triângulo). Porém em "A viagem do tigre" parece que a autora infelizmente decidiu seguir aquele padrão chato em que vemos uma mocinha que apesar de ser totalmente sem graça atrair TODOS os olhares masculinos, e ela sabe muito bem com quem ela quer ficar, mesmo assim ela prefere ficar com outro e passar quase boa parte do livor num diálogo interno de indecisão. O que eu acho interessante é que se ela sabe que não ama o outro cara e tem medo de se machucar pelo que ela realmente ama, por que não fica sozinha? Será que em todos os livros e filmes a mocinha tem que ficar com qualquer um? Mesmo que ela não ame ele por que ficar sozinha é sinônimo de fracasso? Ou será que é por que uma mocinha solitária não vende tanto assim?
Outro ponto que vale destacar é que a autora parece que ainda não sabe definir a personalidade dos seus personagens, no primeiro livro somos apresentados a um Ren como irmão bonzinho, o príncipe gentil e amável. Já Kishan era para ser o bad boy (sinceramente estou procurando o bad do boy até hoje), aquele que causou a maldição que atingiu os dois irmãos. Só que pra mim até agora o Kishan não passa de um simples fura olho do irmão (porque qualquer mulher dele já é seu objeto de desejo) e Ren mudou tanto de personalidade que para mim já nem era o mesmo personagem, e eu não acho que a mudança abrupta se justifique pelo esquecimento da Kelsey nem por aquela cena clichê de "vou terminar com você e nós nunca mais ficaremos juntos" (acho que já vi a mesma coisa em "Lua nova"), em diversos momentos Kelsey define Kishan como aquele que representa calma, tranquilidade e como seria fácil viver com ele, já Ren passa a representar algo inconstante, o que para mim ficou confuso porque no começo eu entendi que Ren era o bonzinho calmo e Kishan era para ser o cara inconstante.
Não dá para dizer que o livro é de todo ruim, como sempre as aventuras para tentar quebrar a maldição são o ponto positivo do livro. Gostei bastante do encontro com os dragões e o relatos de outros mitos, porém foi cansativo esperar até a metade do livro para que isso acontecesse (a metade mesmo, eu contei as páginas), sendo que a primeira metade é totalmente desenvolvida em términos de namoro (aliás quantas vezes a Kelsey e o Ren vão terminar? Desde o primeiro livro que é assim), diálogos cansativos com Kelsey recitando Shakespeare desnecessariamente, caras novos dando em cima da Kelsey e muitas outras coisas que poderiam ser facilmente descartadas sem causar nenhum dano no livro.
Também tem o fato de todo mundo ficar destacando o quanto a Kelsey é uma mulher maravilhosa, corajosa e determinada, sendo que em nenhum momento eu vi isso na personagem durante a obra, Kelsey é indecisa, inconstante e muitas vezes age de modo infantil (tem um momento em que ela pensa que se morresse afogada os outros mortos do outro lado iriam achar engraçado, porque morrer afogado é algo hilário, faça me o favor!) e em vários momentos em que os personagens precisam fazer algo importante ela está ocupada alfinetando o Ren e entrando em discussões desnecessárias e cansativas com ele. Outra coisa que me irritou também foram as quinhentas descrições de comidas na obra, até em momentos de tensão todo mundo acaba fazendo um "piquenique", pulei diversos parágrafos que eram destinados só para a descrição dos pratos que eram servidos.
Fico triste por ter sido tão desapontada com essa obra, já que a cultura indiana me fascina muito mesmo e eu acreditei que essa série pudesse me conquistar por conta disso. Infelizmente aconteceu ao contrário e eu fui desgostando cada vez mais, sei que vou ler as continuações porque não gosto de deixar nada incompleto, mas vai ser mais como obrigação do que por gosto. Sei que essa obra conquistou muita gente, mas comigo não rolou. Sinto que a autora tinha um grande material em mãos, mas trabalhou muito mal nele.