Hildeberto 16/12/2015É melhor assistir o filme do PeléAntes de falar especificamente do livro, gostaria de propor uma reflexão. Imaginemos, caro leitor, que tenhas uma vida longa de 100 anos. E que, como um amante da leitura, tenhas lido por ano 100 livros. No total, desconsiderando que nos anos iniciais da vida nenhum livro poderia ser lido e que ler 100 livros por ano é uma estatística bastante ambiciosa, terás lido 1.000 livros.
Não é um número nada mal. Mas se considerarmos a quantidade de coisas instigantes que foram escritas e que existem para serem lidas, esta quantidade torna-se apenas uma pequena gota no oceano . E claro, essa hipótese se baseia em uma perspectiva bastante otimista. Provavelmente nós, mortais que não recebemos dinheiro apenas para ler, conseguiremos apreciar um número muito menor de obras.
Mas finalmente, o que isto tem a ver com o livro "Cinquenta Tons de Cinza" de E. L. James? Simples: ao ler este livro você estará gastando tempo e energia mental preciosos que poderiam ser melhor utilizados.
Por que? Porque este livro é ruim, muito ruim. Tão ruim que chega a doer a cabeça. No meu caso foi apenas uma perca de tempo e de energia mental, mas triste daqueles que compraram esta obra e gastaram dinheiro.
Li algumas resenhas, e várias pessoas gostaram do livro. Gosto não se discute. Mas aqui estão alguns motivos que explicam o porquê de eu não indica-lo:
1) Este livro claramente foi feito para fazer dinheiro. Baseado em outro sucesso de vendas (Crepúsculo), toda estrutura do romance é feita de modo a encantar o maior número de pessoas. Isto se manifesta na:
2) História: É ridícula, embora coisas ridículas ainda possam ser engraçadas. Velho esquema de mocinha-encontra-mocinho.
3) Personagens: há dois, basicamente (Ana e Christian). Os outros aparecem apenas de forma muito, mas muito acessória. Sobre estes dois, o que eu posso falar? Ana é a personificação da girl next door, da garota "comum" (entre aspas porque é difícil alguém ser tão ela). Christian é a encarnação de todos os desejos femininos, ou pelo menos da autora: lindo, rico, atencioso, habilidoso, etc, etc, etc. E esse cara totalmente fodão se apaixona loucamente por essa guria sem graça. Na verdade, em menos de um mês parecem que ele já estão casados a séculos. Acho que muitas pessoas sofrem por acreditar que este tipo de enredo acontece na vida real...
4) A maioria do tempo a autora escreve sobre como os dois estão juntos e fazem sexo, sexo, e mais sexo. Nada contra sexo, mas francamente, dá a impressão que a autora assisti muito pornô e nunca fez muita coisa na vida, pois as descrição não eram nada excitantes para mim (pelo o contrário, eram os momento mais chatos do livro). Muito disso se deve a essa entidade chamada "Deusa Interior".
5) Estilo de escrita, ou falta de estilo. É horrível, sério. A menina morde o lábio umas 5.000 vezes, fica vermelha outras 3.000, o cara manda ela comer de duas em duas páginas, francamente!
6) E não bastasse isso tudo, a estória e totalmente furada e doentia. Porque, se você parar para pensar bem, um cara que persegue uma menina não está muito para herói romântico. Tem mais chances de aparecer no Datena.
7) O sadomasoquismo aqui é uma versão tão tosca, mas tão tosca, que eu não sei dizer quão tosca é isso.
Em resumo: não há estória, os personagens (os dois) são podres e unilaterais. É um livro mal escrito, feito para vender e ganhar muito dinheiro para a autora, editores e editora. Isso ele conseguiu.
Há algum ponto positivo? Rapaz, talvez se você tem concepções sobre sexo muito tradicionais, pois pelo menos o livro mostra algumas possibilidades "novas"; e acho que só.
PS: Só não rasguei o livro ou queimei-o em uma fogueira porque não é meu. Se fosse...