Patrícia 04/01/2014Maldita Black Friday!Tentei pensar num título melhor para colocar nessa resenha, mas não consegui, afinal, eu apenas tive interesse no livro quando fiquei sabendo que estava bem barato na Black Friday (e que era "bem avaliado")
Enfim, vamos começar a analisar pela narrativa: é simples e direta. Para quem não gosta de detalhes e devaneios, é um prato cheio. Contudo, percebi que a fraqueza do discurso retirou, em alguns momentos, a densidade psicológica dos personagens - sobretudo, da narradora. Muitas vezes, a personagem parecia "se levar" a sentimentos incomuns a ela ou contrários a situação sem nos dar muita satisfação sobre isso. Sinceramente, às vezes ela parecia uma marionete para mim. Aliás, Travis também me parecia, porque é impressionante a sua capacidade de mudar da água pro vinho.
Mas isso entra em outro detalhe importante, a problemática dos personagens. Eles são incrivelmente estereotipados. Tipo, imagine, de uma forma super simplificada, como seriam as garotas que transam no primeiro encontro, as melhores amigas, as nerds, os garanhões, etc. Então, é exatamente isso que você encontrará no livro. Durante a leitura, os protagonistas - Abby e Travis - vão parecer que fugirão desse padrão, logo, iremos para o próximo ponto.
A previsibilidade da história. Claro, só de ler a sinopse você já adivinhará o fim. Contudo, as coisas são tão forçadas a isso, mas tão forçadas, que na metade do livro isso já se resolve. E o que vem depois? Na boa, encheção de linguiça. São criadas situações estranhas que comprovariam o sentimento de ambos e talz - o que também é possível de se constatar na primeira metade do livro. Também talvez a autora quis "dar um toque" diferente a história para não ficar banal, ou algo assim, mas isso só tornou o livro ainda mais maçante.
(Esse trecho será fortemente influenciado por meus ideais feministas) E, bom, não posso deixar de ressaltar na enfatização moralista na obra. Sim, esse livro é incrivelmente moralista e até mesmo machista. Enquanto eu lia, ficava cada vez mais claro o quanto a mulher é tratada como uma propriedade do homem. Sério, não quero ser spoiler, mas poderia listar as situações em que os rapazes ditavam as ações das garotas. Sem falar que eu senti uma suave desvalorização das mulheres que transam logo de cara com um homem na forma de "o que vem fácil vai embora fácil" e/ou "as mais difíceis são as melhores" e/ou "as mulheres deveriam se dar mais valor" e afins. Enfim, acho isso um DESASTRE nos dias de hoje. (fim do trecho feminista)
Última ressalva: é mais um exemplo da moda de garotas banais e rapazes perfeitos - que todas nós sempre quisemos e nunca encontramos. O que tenta fugir do padrão torna o texto maçante (o que acontece depois da metade) e fraco (as mudanças repentinas e as decisões bobas que agilizam ainda mais a história).
Por fim, se esse não é o pior livro que já li, então está na lista. E sim, me arrependi por tê-lo comprado.