Dani Ferraz 23/06/2021
Mais uma história admirável da mente brilhante de Ariano Suassuna...
"Morreram, assim, ainda jovens e tendo conhecido talvez, em seu breve tempo, tudo o que o amor contém de glória e exaltação". Como o próprio autor descreve num capítulo denominado de Advertência, este romance escrito em 1956 é a versão brasileira da história de Tristão e Isolda.
Na fazenda de São Joaquim moravam Marcos e seu sobrinho Fernando que por ser órfão e pobre acabou se tornando também seu enteado. Viera com ele morar desde pequeno e agora já em sua mocidade tamanha era sua gratidão para com seu tio que o acolhera. Gratidão de uma parte e confiança da outra. Tamanha era a confiança de seu tio em seu sobrinho que o escolheu para ir buscar sua futura esposa em terras vizinhas e por lá mesmo realizar os trâmites do casamento junto com seus pais e o padre, pois à Marcos - por descuido do destino - tinha caído um compromisso inadiável na data estipulada para tal fato e alterar o dia estava fora de questão, visto que o mesmo fizera promessa a Nossa Senhora.
Acontece que Isaura, a moça prometida, não amava Marcos, seu coração pertencia à um moço da qual ajudou a curar em uma briga de bar, mas dele nada sabia, nem nome, nem família, nem moradia. Ao se ver são, partiu e deixou parte de si com Isaura, que resignada com seu casamento arranjado pelos pais, nem imaginava que um reencontro entre os dois estava prestes a acontecer.
Foi na praia mesmo que os olhares dos dois se cruzaram e a infortunada cadeia de acontecimentos começou. Não demorou muito para que um estivesse nos braços do outro. E foi após a calorosa noite de amor que Isaura ao revelar seu nome causou pavor em Fernando que tomou conhecimento que se ligara então à uma paixão irreparável, um amor terrível à mulher a quem seu tio e protetor amava.
Culparam a si, culparam o acaso e culparam também Marcos, por não ter ido ele próprio buscar a esposa. Mas o fato é que contar a verdade ao tio estava fora de cogitação e o casamento foi realizado conforme mandava o protocolo. Vivendo sobre o mesmo teto, era inevitável os encontros tramados embaixo do cajuzeiro. Até que o caso de amor entre os dois foi descoberto.
Pra infelicidade do casal, a vida mostrou que o amor traz grande parcela de contentamento, mas o remorso e a ausência de provimentos podem trazer tantas outras mais. Aprenderam isso a duras penas. Uma história marcada pelo amor, pela dor, por almas sensíveis, por perdão e também pela morte. O engano encarregou de unir e também de desunir esses dois corações, que encontraram alento e descanso eterno em outra vida. Mais uma história admirável da mente brilhante de Ariano Suassuna...