Hélio 23/05/2021Apologia da História ou O Ofício de Historiador - Marc BlochEsta obra foi escrita em 1944 pelo historiador francês Marc Bloch, um grande intelectual conhecido como um dos maiores nomes da ciência histórica, depois, que juntamente com o seu amigo Lucien Febvre fundaram a Revista Annales, dando início a um movimento que revolucionou a historiografia francesa e que mudou a história, para a que conhecemos hoje como "História Nova". O autor afirma que esse livro é uma resposta a seguinte pergunta que um filho faz ao pai: "papai, então me explica para que serve a história". E no decorrer do livro ele fala sobre a metodologia da história, mostrando o que é a história, e como o historiador deve proceder na sua pesquisa.
O contexto em que esta obra foi escrita, o autor encontrava-se preso por ter participado da resistência francesa contra os nazistas, e depois de ter sido torturado pela Gestapo (polícia nazista), foi fuzilado em 16 de julho de 1944, perto da cidade de Lyon. Esta obra que ficou inacabada só veio a ser publicada postumamente em 1949, pelo seu amigo Lucien Febvre. Esta edição brasileira conta com a apresentação da historiadora Lilia Moritz Schwarcz e prefácio do renomado historiador Jacques Le Goff.
O que Bloch apresenta neste livro é o que ele e Lucien Febvre já haviam iniciado desde 1928 quando fundaram a revista dos Annales. Onde criticavam a forma positivista de se fazer história, uma história que privilegiava apenas os grandes eventos; as grandes personalidades; a política; a economia e era deixado de lado a história dos homens comuns e das demais atividades humanas. Bloch também defendia a importância da história ser interdisciplinar (dialogar com as outras disciplinas). A história dita positivista focava apenas numa história narrativa e dos acontecimentos. Bloch apresenta uma história como problema; afirma que os documentos não falam por si. Pois, segundo Bloch:
"Os textos ou os documentos arqueológicos, mesmo os aparentemente mais claros e mais complacentes, não falam senão quando sabemos interrogá-los". (...) "Em outros termos, toda investigação histórica supõe, desde seus primeiros passos, que a busca tenha uma direção. No princípio, é o espírito. Nunca [em nenhuma ciência], a observação passiva gerou algo de fecundo. Supondo, aliás, que ela seja possível". (Pág. 79)
Este é um livro de cabeceira de todo historiador. A minha primeira leitura dessa obra foi durante a minha graduação, e mesmo ainda achando em algumas partes, ser um texto difícil e denso, cada vez que relemos temos uma melhor compreensão.