Leo 20/10/2014
Para começar, o título, na minha opinião, é um dos mais bonitos da história da literatura. Não só pela sua visível antítese, mas pela sua relação com o profundo conceito de Ser. O livro começa com uma questão: e se o postulado nietzschiano do Eterno Retorno fosse um fato? Em outras palavras, se cada um de nós estivesse condenado a reviver a sua vida, com cada instante de dor e de alegria, ad aeternum, como seria? Esta é uma questão que, sem dúvida, cria, em si mesma, um abismo de múltiplas reflexões.
Assim sendo, o romance se inicia com um convite à reflexão. Em seguida, são apresentadas as personagens centrais: Tomas e Tereza. Tomas, a aparente força que se revela fraqueza; Teresa, a aparente fraqueza que se traduz em força.
É com estas dicotomias: força/fraqueza; peso/leveza; corpo/alma, que Kundera tece este magistral romance, que, no fundo, nos devolve o espelho da nossa complexa essência. Muitos quiseram apelidar este livro de romance geracional. Um erro bem grosseiro, em minha opinião. Este é, claramente, um livro rumo à eternidade. Porque, apesar de o seu contexto retratar a Primavera de 68 em Praga, as temáticas de Kundera são universais.
Philip Kaufmann adaptou este romance ao cinema, com os brilhantes Daniel Day Lewis e Juliette Binoche. Apesar de se tratar de um belíssimo filme, neste caso, como em muitos outros, é bem inferior ao livro.
Foi o meu primeiro livro de Kundera que li, e o único por enquanto, contudo já posso considera-lo um dos meus autores preferidos.
Não quis, nesta minha breve resenha, revelar muito da história. Porque isso, como em todos os grandes livros, acaba por ser o menos significativo. O que fica, manifestamente, das grandes obras, é uma outra forma de olhar a realidade. Um novo despertar. Como se fôssemos, novamente, apresentados ao mundo.