Resenhas - A Insustentável Leveza do Ser

Allan 19/10/2021

Ainda bem que não desisti da leitura
Essa é uma daquelas leituras que eu penso: "se eu quiser entender alguma coisa eu vou ter que ler de novo". A insuportável leveza do ser é um romance que exige muita concentração, porque não é linear e qualquer desvio o desconecta da leitura. Não vou mentir, achei o livro um pouco chato no começo, senti dificuldade para me conectar com os personagens, porém as reflexões que o livro provoca fez com que eu não desistisse da leitura. Algumas coisas que fizeram com que eu continuasse a leitura foi:

- O contexto histórico dos personagens;
- A idéia do eterno retorno de Nietzsche;
- A citação do banquete de Platão,
- Tragédia "Édipo Rei" escrita pelo dramaturgo grego Sófocles, em 430 a.C.

E várias outras referências filosóficas.

Inclusive, é com uma analogia entre a tragédia escrita por Sófocles e a invasão Russa que Tomas (um dos 4 personagens) escreve um artigo que muda por completo a sua trajetória.

Página 291:

É um amor desinteressado: Tereza não quer nada de Karenin. Nem mesmo o amor ela exige. Nunca precisou fazer as perguntas que atormentam os casais humanos: será que ela me ama? será que gosta mais de mim do que eu dela? Terá gostado de alguém mais do que de mim? Todas essas perguntas que interrogam o amor, avaliam-no, investigam-no, examinam-no, talvez o destruam no instante em que nasce. Se somos incapazes de amar, talvez seja porque desejamos ser amados, quer dizer, queremos alguma coisa do outro (o amor), em vez de chegar a ele sem reivindicações, desejando apenas sua simples presença.

Essa é uma das várias outras reflexões (que incomodam) que Milan Kundera traz no seu romance.

Juliana 18/09/2021

Um livro muito humano
Um dos livros mais interessantes que já li. Li com calma, aos poucos, porque precisei de tempo para pensar nele. Há reflexões filosóficas, há história, há questionamentos. Há muita humanidade, alegrias e tristezas, amor e traição, amor e sexo, amor e dor. Humanidade é contradição. Erros e acertos, em uma vida apenas, a leveza do ser. É um livro para ser relido.

Lore 04/02/2022

Esse livro é basicamente um homem que trai a esposa, a esposa que é uma sanga monga viciada em amar macho escroto, uma pintora de chapeu coco que só se relaciona com homem casado, se ta solteiro ela não quer, e um pau mole de 50 anos namorando a aluna. E tudo isso com muito encontros de alma, metafisica e amor é a insustentável leveza do ser.

felipe.demattos.94 17/11/2022

O peso insuportável de se fugir de qualquer coisa que pese.
Claro que o título do livro é melhor que meu título para essa resenha, mas a proposta é o que se encontra no livro.
Primeiramente Kundera é genial, escrita envolvente mesmo quando se afasta do tema central, uma habilidade é tanto para narrar um romance, com nuances filosóficas em meio a uma denuncia dos horrores do comunismo. Num cenário quase distópico, mas lamentavelmente real, Tereza busca um amor fiel, num mundo disfuncional, onde o amor já não é relevante e/ou se apresenta como algo ultrapassado.
Tomas busca a vida leve, sem assumir responsabilidade nem sentir culpa de nada, e sequer percebe que viveu sem ter "virado homem", só percebendo que não havia encontrado sentido na vida quando já era tarde demais.
Sabine e Franz são elogorias desse mundo sem propósito.
Ao final nos deparamos com a seguinte pergunta, teria Tereza se vingado de Tomas, impondo a ele uma pena velada por não ter dado a ela a vida que ela pedia? Teria Tomas aceitado em silêncio essa condenação porque amava de fato Tereza (ainda que ele não tenha se dado conta do tamanho desse amor)?
Para mim foi uma experiência muito agradável, mordi a língua e descobri no livro, que olhei torto por décadas, uma obra e tanto.

Gabi Feijó 13/04/2021

Maravilhoso
Demorei para terminar de ler esse livro, cada página que passava precisava dar uma respirada e ter fôlego para continuar.
Indico.

Felipe 05/09/2020

Gostei muito da leitura
Eu fiquei namorando esse livro na estante, já fazia bastante tempo, e só não peguei pra ler antes porque eu queria "economizar" um livro que eu achava que iria gostar muito. Realmente, eu gostei muito dessa leitura. Principalmente do contexto histórico que envolve a Primavera de Praga e a ocupação russa da extinta Tchecoslováquia e seus desdobramentos para a população e a comunidade internacional, isso tudo no contexto da Guerra Fria. Um dos momentos que mais me chamaram a atenção, é quando os moradores do país ocupado, tiram todas as placas de identificação de ruas e cidades para que os russos não consigam se orientar, mas isso serviu somente para que os próprios tchecos ficassem desorientados e perdessem ainda mais a identidade em meio ao caos político que estavam vivendo.
Nos desdobramentos dos relacionamentos entra Tomas e Tereza, ele sempre infiel, ela o contrário, fica evidente aonde está a leveza nesse relacionamento, mas ao mesmo tempo, me pareceu que essa dicotomia foi se alternando conforme os acontecimentos. Já em relação a Sabina e Franz, senti que a leveza estava totalmente em Sabina, que traz para Franz esse mesmo sentimento, porém, sem querer compartilhar isso com ele.
Enfim, as alternancias no tempo da narrativa, para mim não foram um problema, inclusive achei que enriqueceu a forma de ser contada a história. Particularmente, eu gosto muito de livros que tem um "cachorríneo", ainda mais que tenho muitos em casa 😂, amei a cadela Kariênin e o que ela representou para Tomas e Tereza ao longo da leitura.

yaxmiins 22/10/2021

É mais fácil viver a vida de forma leve ou pesada?
Essa relação de peso-leveza é um ponto muito interessante nessa obra e algo para refletir. Existem muitas pessoas que preferem levar a vida com leveza, evitando preocupações, responsabilidades e as "prisões" que podem ser algumas relações. Contudo, pessoas que preferem viver assim, acabam ferindo outras pessoas nesse processo, podendo ser causadoras de pesos, mesmo que vivam de forma leve. Em contrapartida, existem pessoas que desconhecem a leveza, vivem como se o peso do mundo estivesse sob seus ombros, vivem em uma eterna corda-bamba e acabam se tornando dependentes de pessoas que preferem não viver assim, pois essas pessoas que vivem no peso, também querem, de certa forma, um pouco de leveza. Então, podemos dizer que leveza e peso caminham juntos. O ser humano é constituído pela leveza e pelo peso, e leveza e peso se chocam a todo momento. Bom, essa é apenas uma das milhares de reflexões que esse livro proporciona ao leitor. Confesso que senti uma enorme dificuldade e sei que vou precisar reler tudo isso algum dia, talvez com mais calma e mais atenta às reflexões. É um livro denso e difícil. Nessa obra, Milan aborda muitas questões: filosóficas, religiosas, históricas e psicológicas também. Em relação aos casais protagonistas do livro, logo de cara consegui fazer uma associação com o filme "Closer - Perto demais", isso me ajudou a compreender melhor cada um deles e a forma como se relacionavam. Enfim, não é uma obra superficial, muito pelo contrário, é um desafio.

Mia 07/05/2021

Um dos melhores livros que eu já li na vida, não imaginava que Kundera poderia ser tão genial! Eu amei!

nara 14/07/2021

"Poder viver apenas uma vida é como não viver nunca"
Acho que eu nem sei por onde começar a comentar o quanto que amei a experiência de ler esse livro. Já nas primeiras páginas eu me deparei com uma frase que me tocou muito, talvez ela seja a minha frase favorita entre todos os livros que já li. O livro me fez sentir um misto de sentimentos, me apaguei muito ao livro, mas não aos personagens. Entendo que tornar a maioria dos personagens principais detestáveis foi a intensão do autor, e eu gostei de sentir ódio por eles, mas acho que não é uma coisa que vai agradar todo mundo. Por fim o livro é maravilhoso, a todo momento me levou as várias reflexões sobre a vida. É um livro para fazer o leitor refletir e eu com certeza recomendo a leitura.

Nath 10/03/2022

Não foi pra mim.
Há quem exalte esse livro pelos múltiplos temas abordados, desde romance até politicagem, mas particularmente esse misto não me agradou, além de não ter simpatizado minimamente com nenhum personagem, simplesmente não me importava que rumo qualquer coisa tomava, não me foi instigante. Apesar da leitura fluída, capítulos pequenos e boas reflexões, demorei 3 meses pra tragar esse livro e não via a hora de terminá-lo.

Lohania 08/12/2021

As desobrigações relacionais, a ausência de vínculos e as relações mais superficiais terminariam por produzir um tipo de "leveza" que nos faz sentir "melhores" diante de "pesos" sociais dos quais muitas vezes temos necessidade de escapar? Milan Kundera me levou a essa reflexão. Para quem gosta de filosofia existencial, de autores que fazem digressão e têm uma escrita profunda e cheia de significado, indico a obra "A insustentável leveza do ser".

site: https://www.instagram.com/p/BvcdjmKA2Jk/

Henrique Fendrich 18/05/2021

Bem, tudo já deve ter sido dito a respeito desse livro, mas uma interpretação pessoal que tive nessa minha segunda leitura (com uma diferença de 15 anos entre elas) diz respeito à própria impossibilidade da realização do amor entre os seres humanos. Toda a agitação de Tomas para encontrar a parcela que distingue uma mulher da outra, todo o desejo de Sabina de romper com tudo que seja minimamente convencional, toda a fidelidade de Tereza, toda a adoração de Franz, toda, enfim, essa luta do ser humano para amar e ser amado não vale um olhar da cachorra Karenin (a única que oferece o amor em seu sentido mais pleno). Tudo o que poderíamos almejar em matéria de amor seria a passagem do tempo, quando perdemos a força (e o peso), quando o jogo de poder não faz mais sentido - aí talvez amemos um pouco como os cachorros amam, mas jamais tão bem como eles.

Reli esse livro logo depois de ter relido "A brincadeira" e reforcei a impressão que eu tive há mais de uma década de que esse último é mais ao meu gosto. Acho que a história de "A brincadeira" está mais "redondinha", enquanto que no "A insustentável leveza do ser" sente-se muitos "ramos" aberto na trama, mas imagino que tenha muitas coisas que o Kundera não goste no primeiro livro e que tentou romper nos seguintes e essa pode ter sido uma delas. Não posso fazer nada, contudo, se gosto mais justamente do primeiro livro do Kundera.

Mais do que a questão do erotismo, sempre alardeada sobre esse livro, o que mais prendeu a minha atenção na leitura foi o aspecto político, com a ocupação soviética da Tchecoslováquia, um tema-chave na produção do Kundera. Gostei também das incursões do autor no campo da teologia. E, claro, é sempre legal ler as observações filosóficas do Kundera, é sempre legal fazer a filosofia figurar com destaque em livros de grande sucesso.

Clara 22/10/2021

Eu gostei do livro, mas quero reler daqui um tempo, porque acho que não captei tudo que ele tem para ofecer, com base em algumas resenhas que já vi.

carlanagy 29/06/2022

Interessante mas não foi uma leitura fácil
É um livro interessante, super reflexivo e filosófico, mas a experiência de leitura não foi boa para mim... tive dificuldade com o ritmo do livro e algumas partes me pareceram meio marcantes. Acabei destacado muitas passagens, sinto que é um livro bom, só não é meu tipo preferido de leitura...mas valeu a experiência.

Marcone 28/10/2012

"A Insustentável Leveza do Ser", Milan Kundera

"Ela se parecia com a mãe, e não apenas fisicamente. Tenho às vezes a impressão de que sua vida foi um mero prolongamento da vida de sua mãe, da mesma forma que a trajetória de uma bola de bilhar é o prolongamento do gesto executado pelo braço do jogador."

Isto é máximo de "profundidade" que o leitor vai encontrar nos devaneios feitos por Kundera neste livro. A típica leitura para pseudos, em que o autor conta a estória de dois casais, Tereza e Tomas, Sabina e Franz, tenta criar um certo drama e complexidade nestas relações, e tenta mostrar um certo "olhar político" ao citar a invasão de Praga pelos tanques russos. Não aprofunda em nada, nem nos problemas dos relacionamentos e nem na política. Pra piorar, tenta dar mais um "tempero cult" ao citar Nietzsche e Beethoven de forma absolutamente despropositada, não acrescentando nada ao romance.

Apesar de ter achado o livro péssimo logo nas primeiras 100 páginas, não abandonei a leitura e fui até o fim, ou seja, me esforcei para creditar mais uma estrela na classificação... Mas foi em vão. O livro é muito fraco, na minha opinião.