Kennia Santos | @LendoDePijamas 27/10/2015“Tem um monstro nas minhas entranhas, posso até ouvi-lo arranhando minhas costelas. Mesmo quando descarto a lembrança, ela continua comigo, me ferindo.”É incrível o talento que a Laurie têm para escrever histórias com polêmica, transmitindo toda a intensidade, dor, sofrimento e pensamentos que o personagem está sentindo.
O livro já começa com um certo ‘prólogo’ que confunde a princípio, mas depois te dá vontade de arregaçar as mangas devido a tamanha pureza e verdade nele contido.
Da mesma autora de ‘Garotas de vidro’ esse livro tem o diferencial que, toda a dor é trasmitida de forma oculta, através de metáforas, que a princípio te faz ligar a fala a uma vertente, porém, depois de uma melhor avaliação, percebe-se que não é exatamente ao que se referia.
A Melinda escolheu uma maneira bem peculiar de lidar com sua dor. Ela não fala. Muito raramente, somente o necessário. E é incrível o quanto é mal aceita por isso. Julgada, cuspida, escurraçada, apontada. Perdão o vocabulário, mas é o que acontece. Começa pela família, que trata a sua presença como um tanto faz. Que tipo de pais não demonstram preocupação e interesse ao, sua filha completamente normal, com uma juventude normal, amigas, eventos, notas boas, de repente, torna-se calada e isolada?
E que tipo de amiga, simplesmente abandona e simplesmente IGNORA A EXISTÊNCIA da outra por ter feito algo inesperado, no lugar errado, sem prejuízos diretos, e nenhuma explicação? Nem mesmo se preocupa?
E sabe o que é mais incrível em tudo isso? A Melinda, apesar de TUDO isso, não deixa de se preocupar com as pessoas que costumavam estar à sua volta. Tenta, à sua maneira e com um esforço imenso, proteger, avisar, FALAR!
OLHEPARAMIMEVEJAASPALAVRASNOSMEUSOLHOS.
Mesmo depois de tudo, ignora a bagunça interior contida nela encontra forças para preocupação alheia, tenta salvá-los, mesmo sem ter ideia como salvar a si própria.
E a forma como se reergue, sem contar para/com ninguém, buscando dentro de si uma força inexistente para lutar contra seus demônios cara-a-cara, não permitindo o que aconteceu a imobilizar novamente.
Esse livro é monstruosamente intenso, forte, polêmico, inspirador, dramático. Indico até não aguentar mais, o tipo de história que fica na sua mente, desestrutura seu psicológico, e INSPIRA.
INSPIRA MUITO.