Leandra.Khatchadourian 11/02/2024
Eu preciso falar sobre o Kevin
Sendo um dos meus livros favoritos e tendo lido ele há 6 anos,senti necessidade de reler com a maturidade que tenho hoje e assim o fiz. O livro é narrado através de cartas por Eva Khatchadourian,para o ex-marido Franklin. Através das cartas,Eva relata desde o início do seu relacionamento com Franklin até a fatídica quinta-feira em que seu filho Kevin comete uma chacina,ceifando a vida de 9 pessoas. E assim como Eva,o leitor é submetido a tentar entender o porquê disso ter acontecido. Eva nunca quis ter filhos,dona de uma empresa bem sucedida de turismo e tendo um bom casamento ela se via satisfeita com a vida que levava. Franklin,um patriota americano tradicional desejava desesperadamente ter um filho,e sendo assim,Kevin veio ao mundo e desde o berço demonstrou a Eva ser um ser humano totalmente apático. Em contrapartida,Franklin o enxergava como saudável e feliz, tomando partido de toda atitude enfadonha e maldosa de Kevin,taxando a esposa de maluca sempre que ela tentava alertá-lo de que havia algo muito errado com o menino. Apesar da apatia de Kevin,Eva tentou com todas as forças ser uma boa mãe.?Porém,tentar ser uma boa mãe pode estar tão distante de sê-lo quanto tentar se divertir está de se divertir de fato?. Eu não consigo atribuir culpa a ninguém pelo o que aconteceu,Eva não conseguiu se conectar com um filho totalmente apático e vazio,Franklin não enxergava o filho como ele de fato era. E Kevin,Kevin não sentia absolutamente nada,nada o estimulava,ele não possuía personalidade,ele não tinha propósito,todos ao seu redor que possuíam tudo isso o irritavam profundamente. Ele vivia em constante desconforto dentro do seu próprio corpo. Ao meu ver,no fundo do seu cerne ele queria ser amado pela mãe,morria de ciúmes por seu pai e sua irmãzinha terem esse amor e como vingança e até mesmo como que para ter um propósito ele decide fazer uma chacina,deixando sua mãe vivíssima condenando-a a viver eternamente com essa dor e uma vida destruída. O livro aborda a maternidade,e mostra de forma real o que ela de fato é,conscientizando pessoas que a romantizam,aborda também relacionamento/casamento,machismo e apatia. E escolhi apatia em vez de psicopatia ou sociopatia porque Kevin não possui um diagnóstico e no final se arrepende do que fez. O livro é muito pesado,profundo,com diálogos muito bons e complexos. Um dos meus favoritos desde a primeira vez que o li.