Beatriz Guimarães 02/06/2021
As barreiras que criam e criamos para nós
Todo primeiro livro de série de romance de época costuma ser arrastado, e não foi o caso desse livro. Devorei desejo à meia-noite, mas isso é característica dos livros da Lisa, que prendem do início ao fim. Gostei do Rohan, gostei de Amelia e gostei dos dois como casal. Mas o destaque desse livro com toda certeza do mundo é a cultura cigana e irlandesa. A filosofia cigana, o folclore irlandês, as palavras (alguém sabe me dizer se Romani é língua ou dialeto?), que me rendeu umas boas páginas de anotações. Toda essa cultura encaixou perfeitamente nesse livro, que veio com uma dose de misticismo maravilhosa e que dá até pra fazer alguns paralelos entre as ações e cenas dos próprios personagens principais.
?Sei tudo sobre chances e probabilidades ? concordou Rohan ? Mesmo assim, acredito na sorte. ? Ele sorriu e havia um brilho sereno em seu olhar que fez Amelia perder o fôlego. ? Acredito em magia e mistério, em sonhos que revelam o futuro. E acredito que algumas coisas estão escritas nas estrelas... Ou mesmo na palma da mão.?
Outro ponto positivo foi como a autora nos apresentou os irmãos, principalmente Leo e Win.
O Léo abandonou todas as responsabilidade com a família, se tornou a sombra do homem que um dia foi após perder a noiva para a Escarlatina. Vi em muitas resenhas que a maioria das pessoas não gostaram dele no primeiro livro e passaram a amá-lo no quarto. E eu não consegui odiá-lo, mesmo querendo socar o personagem, eu sentia muita pena. Ele é visivelmente um personagem quebrado, e que com certeza tem potencial para uma história espetacular.
E Win protagonizou algumas cenas, a irmã fragilizada pela Escarlatina, tem uma conexão emocional com Merripen, a quem a família Hathaway acolheu como da família. Eu fiquei intrigada com o Merripen desde o primeiro capítulo, e ver os dois juntos ao longo do livro me deixou ainda mais curiosa e com mais expectativas.
A história dos dois é melancólica, com uma barreira cultural gigantesca, principalmente pelo próprio Merripen.
As outras duas irmãs tiveram sua parte, mas por serem mais novas, acredito que aparecerão ainda mais nos próximos livros.
Desejo à meia-noite é para quem acredita na força do amor. Na força capaz de superar as barreiras que criamos dentro de nós. E principalmente as barreiras culturais e até da vida (e também da morte).
Um livro pra quem acredita que a lógica às vezes não é suficiente para explicar todas as coisas. Principalmente o amor.