Veneella 18/05/2014Como terminar de destruir o coração dos leitoresDezoito Luas me surpreendeu muito positivamente, tanto que achei que esse livro jamais superaria o antecessor. E eu estava certa. Mas isso não quer dizer, de forma alguma, que Dezenove Luas tenha sido inferior. Mas senti falta da atmosfera sombria e misteriosa que havia estado tão presente antes.
Sou apaixonada por coisas sombrias, fato, então não é surpresa o quanto fiquei louca quando li o terceiro volume e sombrio era basicamente a palavra chave para descrevê-lo. Depois daquele final então, nossa, eu estava sedenta por mais. No entanto, apesar da continuação ser mais do que a altura da história, aquela atmosfera se perdeu e eu fiquei meio decepcionada.
As autoras tinham tudo, tudo mesmo, para terminar a série com o mesmo ar misterioso, místico e assustador que adotaram anteriormente e que deu tão certo. Mas, ao invés disso, optaram por um “misticismo tradicional”, por assim dizer, e só mais para o fim que podemos ver novamente alguns elementos que refletem o que poderia ter sido todo o tempo.
“Acho que essa é a questão na jornada de um herói. Você pode não começar como herói e pode nem voltar assim. Mas você muda, o que é a mesma coisa que tudo mudar. A jornada muda você, quer você saiba ou não, e quer você queira ou não”
pág. 292
Primeiro, vou logo avisando que o livro é lento. Ele é dividido em três partes, duas narradas por Ethan e uma por Lena, e devo dizer que a mudança no meio do livro é até bem vinda. Como eu disse, a escolha das autoras por uma mitologia mais zen deixou a desejar em comparação àquela abordada em Dezoito Luas – nada como um voodoo pra te deixar ligadona – e toda essa coisa paz-na-além-vida não funcionou bem para mim.
Mas o livro é lindo no quesito fatos e mitologia bem construída. Lindo. Sem falar que na segunda parte do Ethan, quando as coisas começam – meio que literalmente – a pegar fogo, eu pude finalmente ter um gostinho da obscuridade que eu estava procurando desde o início. E que final digno foi aquele! Bem explicado, coerente e tocante. Palmas para os finais bem feitos, senhoras e senhores!
“Era mesmo tão absurdo pensar que palavras tinham um jeito de moldar toda a existência de uma pessoa?”
pág. 115
Depois de quatro livros eu posso dizer que estou inteiramente impressionada pela escrita da Margaret e da Kami. É impossível dizer quem escreveu o que, a conexão, a harmonia e a fluidez do texto são impecáveis. Você até mesmo esquece que são duas pessoas escrevendo um livro e, definitivamente, quero ler qualquer coisa escrita por uma das duas. – ou as duas!
De modo geral, eu gosto muito dessa série. E uma ótima notícia para os fãs: as autoras irão lançar um spin-off com ninguém mais, ninguém menos, que Ridley e Link! Os melhores personagens da série, lerei sem dúvidas. Sei que muita gente se decepcionou no segundo livro, mas eu continuo recomendando até o fim.
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