Paty 07/10/2013 "É preciso noite para surgir o dia."Comecei a fazer essa leitura sem expectativas e sem saber o que me esperava, não li a sinopse, mas li algumas resenhas e fiquei com a impressão de ser um sick-lit, mas na minha opinião o que predomina aqui é a fantasia.
Achei a história um tanto confusa nos capítulos iniciais, tanto que reiniciei a leitura, e continuei perdida, mas segui adiante, e foi assim que aos poucos tudo foi se encaixando e a história foi sendo montada. Então fica a dica: se você se sentir assim ao iniciar a leitura, insista, vá em frente.
Tamarisk é um mundo de fantasia criado por Chris para sua filha Becky quando ela tinha 5 anos e passava por um momento angustiante na luta contra leucemia. Esse mundo era seu refúgio, onde tudo é possível e mal nenhum pode acontecer a ela, um mundo onde ela se encontra protegida.
Tamarisk é um mundo criado também por Becky, e totalmente diferente; da forma como uma criança imagina que o mundo pudesse ser: onde a cor predominante na natureza ao invés de ser verde era azul, e o ar tinha um aroma de chocolate e onde as pessoas podiam ouvir os pensamentos dos animais.
"Será que Tamarisk ia oferecer a eles algum lugar para escapar, fugir dessa realidade tão horrível?"
"A imaginação cria coisas infinitas."
Quando essa fase de luta passou, e Becky já estava com 10 anos, seus pais se separaram devido aos constantes desentendimentos.
Chris foi aos poucos perdendo a conexão com a filha, eles acabaram criando uma barreira entre eles evitando falar sobre o que aconteceu e porque aconteceu, e como ela se sentia ou o que ela achava sobre a separação... apesar de todos os esforços de Chris para tentar manter a relação com a filha como sempre foi, ele não conseguiu.
"A vida com Becky tinha sido um misto de descobertas instantâneas e pequenas pérolas de tempo.
O que me atraiu muito nessa história, foi a questão dela retratar o amor do pai, o seu sofrimento, sua preocupação e agonia ao ver que conforme o tempo passava ele 'perdia' um pouco mais do afeto da filha, que a cada dia eles se distanciavam mais.
Estou acostumada a ler histórias onde o amor da mãe é que predomina, não tendo uma visão mais ampla do ponto de vista do pai, aqui é o inverso....e foi nesse ponto que a narrativa me ganhou.
"Para ele, ser pai era um gráfico cheio de marcos importantes...Simples necessidades biológicas dão lugar à interação, que dá lugar às brincadeiras, que dão lugar as conversar relevantes e assim por diante."
Mas aqui também rola aquele estresse do tipo: se eles falassem tudo o que tinham que falar, tudo seria mais fácil e resolvido, dá vontade de dar uns puxões de orelha neles.
Polly, a mãe de Becky, também é uma pessoa que não facilita em nada, nem a vida do ex e muito menos a da filha, ela não incentiva essa aproximação, achei ela bem egoísta.
Tamarisk ficou pra trás com a separação, Becky não queria mais inventar histórias, já estava crescida e o mundo fantástico criado pelo pai não condizia com sua idade, ela não precisava mais desse esconderijo, dessa válvula de escape.
Na realidade, pra dar continuidade a esse mundo e essas histórias, pai e filha precisariam estar mais próximos, mais ligados, exigiria maior contato e comunicação entre eles, mas não era a vontade de Becky, ela queria quebrar esse elo.
Mas agora, aos 14 anos, o câncer deu sinal de retorno, e ela escondeu o máximo que pode, negando pra si o obvio, e escondendo dos pais os sintomas ameaçadores.
Numa noite na casa do pai, Tamarisk tornou-se de fato um mundo pararelo para Becky. Ela conseguiu uma conexão com Tamarisk e conheceu a princesa Miea( a parte dessa transição foi muito rápida, senti necessidade de mais detalhes pra passar por essa etapa).
E descobrimos que esse mundo está passando por um grande problema, uma praga vem destruindo tudo e ninguém consegue descobrir a causa. E agora, o que será de Tamarisk e todo reino? E quanto a Becky, passará ilesa a essa recaída? Será que existe alguma ligação entre a recaída de Becky e os problemas que Tamarisk vem enfrentando?
Um personagem que não posso deixar de citar aqui é Gage, que pra mim foi uma incógnita durante toda a narrativa, mas ao terminar a leitura, tem uma ressalva do autor onde ele diz que cada leitor fez uma interpretação da história, então eu parei e pensei e fiz a minha.
"Só precisava de imaginação e convicção..."
A história é narrada transitando entre cenas envolvendo a realidade de Becky e todos que a cercam e o mundo pararelo de Tamarisk.
Essa é uma história emocionante sim, pelo fato de sentirmos toda a dedicação de Chris em fazer o melhor para a filha, mas a parte do drama fica mais para o desfecho mesmo; então não foi uma leitura 'pesada', que me deixou com o coração apertado o tempo todo, foi uma história bonita com um final encantador.
Não deixe de fazer essa leitura.
"Essa história foi tão inesperada, tão profundamente enriquecedora..."
"Nada é exatamente como a gente pensa..."
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http://www.leiturasdapaty.com.br/2013/09/resenha-menina-que-semeava.html