Biia Rozante | @atitudeliteraria 29/11/2015InspiradorEnfim consegui colocar as ideias em ordem e resenhar esta obra. Desde que li o primeiro livro da série eu criei muitas expectativas em relação ao segundo, não que a obra não tenha alcançado o que eu esperava, o problema foi que eu esperava mais. Vou explicar, o livro está muito bem escrito, o enredo é interessante, tem intensidade, drama, romance e muitas reviravoltas, mas... em alguns momento o achei cansativo.
Como sou completamente APAIXONADA pelo primeiro volume - Rafa e Vivi são perfeitos em todos os sentidos -, talvez eu tenha feito comparações. Por isso, algo que julgo importante é não comparar o primeiro livro com o segundo, as histórias são totalmente diferentes, o apelo emocional é outro e as circunstâncias também, leia o segundo volume desapegado do primeiro, mantenha a mente e o coração abertos e terá uma leitura prazerosa.
SUPERAÇÃO, esta é a palavra chave do DESCOMPASSO INFINITO DO CORAÇÃO, no segundo volume da série Batidas Perdidas conheceremos um pouquinho melhor a Clara, uma mulher que está perdida e ferida ao descobrir a traição do marido. Com dois filhos para criar, devastada por toda dor da separação eminente, sem emprego e acima do peso, ela se pega pensando sobre sua vida e a maneira como vem vivendo até então.
Clara é doce, uma mulher com muitos traumas, inseguranças e marcas de uma infância e adolescência marcada por abusos, em muitos momentos me identifiquei com os medos da personagem, senti sua dor e chorei junto com ela. Não é fácil lidar com tudo que ela precisou absorver, é compreensiva a maneira arredia como ela vive e as barreiras que ela levantou envolta de si mesma. Ela quer agradar a todos, já aceitou se colocar na segunda posição e vive escondendo seus verdadeiros sentimentos por baixo de muitas camadas. Ela precisa se libertar, se curar, mas para isso primeiro ela precisa que alguém tenha coragem suficiente para confrontá-la.
“Quantas vezes o coração aguenta ser partido? Quantas vezes é preciso que ele seja despedaçado para podermos considerar a chance de desistir? Quando é aceitável se resignar e parar de lutar? Quantas vezes é preciso ser forte e enfrentar aquilo que nunca imaginamos passar?”
Algo muito bonito é que Clara nunca está sozinha, ela tem amigos que se preocupam, que sempre a amparam e nunca a abandona e entre eles esta Bernardo.
Bernardo é um jovem muito maduro para sua idade, generoso, dono de uma sensibilidade maravilhosa, um homem seguro de si, inteligente, bonito, trabalhador e focado, acaba por ser o sonho de qualquer mulher, menos a que ele sempre quis e desejou, o grande amor de sua vida, a doce Clara. Ele já havia aceitado que nunca a teria, inclusive está envolvido com outra mulher, mas quando Clara se separa ele vê sua chance de ter seu grande amor em seus braços. Bernardo se torna sim o porto seguro de Clara, mas não da maneira como ele queria, ela o vê como o melhor amigo, o cara especial com quem ela pode contar e não como homem. Mas Bernardo não desiste fácil, e ele prova que o verdadeiro amor é uma força indomável que tudo supera, que tudo suporta, que tudo espera.
“Acho que deveria ter um regra para o amor: deveríamos poder tirar a dor de quem amamos e transferir para nós. Pouco importa se ficaríamos sobrecarregados. Eu só queria ser capaz de arrancar cada mágoa do coração dela.”
Bernardo e Clara nos proporcionam um emaranhado de emoções, Clara é a superação em forma de mulher, ela batalha um dia de cada vez em busca de forças e um novo sentido para não se permitir cair, algo muito bonito que aprendi com ela é que primeiro você precisa aprender a viver consigo mesmo, se aceitar para só então ser capaz de conviver com outra pessoa. O amor pra ela não foi algo simples, um sentimento tranquilo que a envolveu de uma hora para outra, foram atos, palavras e muita paciência, foi como plantar uma semente, regar, adubar e esperar que ela fique forte e brote. Ela foi a personagem que mais cresceu e amadureceu ao longo da trama. Bernardo por sua vez é um verdadeiro cavalheiro, o príncipe sem o cavalo branco, um homem especial, sensível que teve a paciência, a ousadia e a força necessária para ajudar Clara a recolher seus pedaços e se reconstruir. Foi impossível não suspirar com ele, não se encantar por sua gentileza e não amá-lo.
"Às vezes, para ficar mais forte, é preciso quebrar primeiro. É uma reconstrução."
Pontos negativos em minha opinião, as inseguranças da Clara em determinado momento da história me deixaram irritada, assim como o excesso de paciência do Bernardo. Os personagens são teimosos e orgulhosos e cansam por sua inflexibilidade. Em determinados momentos senti que a autora focou demais na mahamudra e isso me incomodou. Mas vale ressaltar que está é minha opinião.
Em um todo, o livro me conquistou me surpreendi em muitas partes e em outras nem tanto, mas de modo geral foi uma leitura inspiradora. Ele é muito fofo e doce, com um ritmo um pouco mais lento. Amei poder saber mais sobre Rafa e Vivi, agora mais velhos e casados, assim como recordar parte do elenco do primeiro volume. Bianca Briones tem uma escrita envolvente e viciante, ela sabe como conduzir uma história, seu talento é inegável.
Eu recomendo sim a leitura, acho que é uma obra que nos permite vários momentos de reflexão e tem muito a ensinar.
O livro está lindo, a diagramação impecável e eu já estou ansiosa para ler a história do Rodrigo, Branca e Lex.
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http://www.atitudeliteraria.com.br/2015/10/resenha-o-descompasso-infinito-do.html