Belle 10/01/2014Mais do mesmo...Os livros BDSM definitivamente estão me cansando. Pensando bem, não é bem o lance de dominação e submissão que me irritam neles, mas, sim, o fato de que todos estão absolutamente repetitivos. São sempre as mesmas meninas inocentes/pouco experientes, com o mesmo desejo louco e avassalador pelo cara mais rico, lindo e arrogante da cidade e, para completar, são sempre os mesmos caras ricos, lindos e arrogantes. Só muda mesmo as descrições físicas, os nomes e as profissões. Ainda não estou saturada, porque, a verdade é que continuo insistindo e lendo o que aparece no mercado, ou, em alguns casos, marcando como “vou ler” no Skoob, esperando que, por milagre, surja algo diferente que vá me fazer gritar: “É isso! Finalmente! Era isso que eu estava esperando…”
Bem, não foi desta vez. Regina Finch é uma jovem recém-formada em biblioteconomia (eu nunca soube o que se faz nessa profissão e, verdade seja dita, depois da leitura, continuei sem saber) e que conseguiu o emprego dos seus sonhos: trabalhar na Biblioteca Pública de Nova York. Isso mesmo, você leu certo! Esse é o sonho dela! Desculpem-me o preconceito, pessoas que sonham em trabalhar em livrarias, bibliotecas (etc) , mas, apesar de amar os livros e sonhar em ter uma biblioteca particular de respeito, eu confesso que achei bem ridículo esse ser o objetivo de vida dela. Ao menos no início.
Como eu disse, eu continuo sem saber direito o que faz um bibliotecônomo (ou sei lá como se chama o profissional dessa área), mas, a Regina acabou me convencendo de que valia a pena se matar de estudar para ser uma. Ela passou a adolescência e o início da juventude se dedicando de verdade para ser uma ótima estudante, se destacando em tudo o que fazia, para finalmente enfrentar os desejos da mãe e seguir para NY e trabalhar na biblioteca, só que, quando finalmente consegue, o emprego não é bem o que ela esperava. Especializada em restauração de livros, Regina, logo de cara, é colocada no balcão onde as pessoas “pegam” os livros. Até aí, tudo bem, ela leva numa boa, percebendo que poderia chegar aonde queria com o tempo. O problema mesmo é a chefe megera dela.
Logo nos primeiros dias, enquanto almoçava na escadaria da biblioteca, Regina, desastrada como só as mocinhas desses livros podem ser, derruba a bebida, faz uma lambança, e, de quebra, dá de cara com um homem lindo e simpático. O mesmo homem, aliás, que ela encontra comendo uma mulher dentro de uma das salas particulares da biblioteca. É o primeiro momento de choque na vida de Regina. O momento em que ela percebe que todo o tempo gasto com os estudos e escutando o que sua mãe dizia sobre os homens serem a escória do mundo, pode tê-la feito perder algo realmente importante.
É nesse momento que o homem que ela conheceu nas escadarias se revela ser Sebastian Barnes, o maior investidor da biblioteca e fotógrafo famoso. Ele parece enxergar em Regina algo que ninguém mais vê. Nem ela mesma. Regina se vê obrigada a trabalhar com ele, enquanto tenta evitar que ele chegue perto demais, se é que me entendem. Mas, como todas sabemos, a carne é fraca… E o Sebastian é lindo. Ela não demora muito a se render e ele é bem sincero em que tipo de relação espera dela.
Esse é o máximo de enredo que o livro tem. A criatividade acabou aí e a história não avança, simples assim. A leitura é um saco e as cenas eróticas são muito sem graça, sem nenhuma conexão com o leitor, nada que nos faça querer estar na cena ou sequer querer imaginar a cena. A Regina é uma mulher passiva, que aceita tudo calada e não dá nem pra simpatizar com a coitada. Enquanto o Sebastian é um robô sádico. Quando leio esse tipo de livro eu sempre busco uma explicação para a escolha daquele estilo de vida, não digo um trauma que levou a pessoa a querer machucar os outros, mas, apenas um motivo para isso ser o que ela gosta de fazer para ter prazer e não encontrei nada nesse livro. O único momento em que há uma ligeira dica é quando Sebastian diz a Regina que ela não precisa se preocupar com nada na vida, com a roupa que ela vai vestir, os brincos, sapatos, lingerie, nem mesmo com a maldita comida que vai comer, porque ele toma as decisões por ela. Só que ele diz como se isso fosse uma coisa maravilhosa, como se tirasse um peso das costas dela e assumisse toda a responsabilidade.
E, quando eu achava que a relação deles já tinha dado o tinha que dar, não ia pra lugar nenhum, ambos se revelam loucamente apaixonados, de um modo que transa nenhuma deles tinha revelado ser possível. Eu continuo não entendendo em que ponto o Sebastian se apaixonou, porque ele se manteve o mesmo robô sádico de sempre. Para vocês terem uma ideia, eu, uma das maiores piriguetes literárias que conheço (e olha que conheço várias), não senti nem uma fagulhinha sequer pelo cara. Não consigo me lembrar de nenhum outro que teve o mesmo destino, pois até o Sr. Grey me levou a um nível de paixonite sem cura (impossível não querer pegar aquele embrulho lindo, cheio de traumas, e colocá-lo no colo, certo?). Eu não curti a leitura, simples assim. Não foi algo que detestei, mas, não me diverti lendo. Não me trouxe sequer prazer.
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http://www.itcultura.com.br/2014/01/a-bibliotecaria-logan-belle/