Retalhos e Prefácios 31/03/2017
Puro entretenimento
Geralmente quando eu sei de algum roteiro adaptado para o cinema, eu dou preferência por ler o livro antes e depois assistir ao filme, mas confesso que eu não tinha conhecimento nem deste livro, nem do filme dele. Em um dia desses ociosos, procurando algo pra ver na Netflix me deparei com o filme. Como não leio sinopse há muito tempo e ainda fujo de trailer, nem fui procurar. Vi que era com a Emma Watson, tinha "cara" de ser um filme leve e, naquele momento, era o que eu estava querendo.
Não é um grande filme, mas o roteiro me chamou muita atenção. Eu realmente não sei em que mundo eu estava entre 2008 e 2009 que não fiquei sabendo desse escândalo mas, terminado o filme, tive vontade de ler o livro, imaginando que - como geralmente acontece - eu fosse encontrar muito mais "história" ali. Ledo engano, o filme foi uma ótima adaptação, porque o livro não conta nada muito além mesmo não. De toda forma, mais uma vez, foi paradoxalmente divertido e chocante acompanhar a "aventura" desses jovens.
Um grupo de jovens adolescentes, de classe média começaram a invadir casas e mansões de celebridades de Hollywood para roubar seus pertences. Mas não pense você que eles iam atrás de dinheiro (mesmo que algumas vezes levassem alguma coisa que estivesse "muito à vista). O foco dos adolescentes eram as roupas, os sapatos, as bolsas... Eles queriam SER essas celebridades. Viver como elas, ter a vida delas, andar como elas. O único intuito era poder ter o que eles tinham.
O que fez - e faz, para quem lê ou vê o filme hoje em dia - com que chocasse mais, foi o fato de:
1º: Serem adolescentes que não passavam qualquer tipo de necessidade, nem eram criados em meio à criminalidade.
2º: A facilidade com que os jovens fizeram todos os roubos.
Explicando este segundo item, em nenhuma invasão eles arrombaram portas, danificaram vidros ou algo assim. Eles simplesmente descobriam através da internet o endereço das celebridades, pelo mesmo meio, aonde eles estariam aquela noite (para certificarem-se que não estariam em casa) e, chegando lá, conseguiam chaves embaixo de capotes, janelas semi-abertas, e outros meios assim. Passavam por câmeras de segurança com capuz, entravam sem medo e se divertiam - literalmente - dentro da casa da celebridade escolhida.
Na casa de Paris Hilton, por exemplo, os jovens foram mais de uma vez. E, o mais intrigante de tudo, só foram pegos porque um deles resolveu se entregar e, consequentemente, entregou os demais. Não fosse isso, quanto tempo mais eles teriam "vivido a vida de uma celebridade"?
Bling Ring foi um nome criado pelo "Los Angeles Times" para a quadrilha, e Nancy Jo Sales o usou para dar título ao seu livro.
A grande diferença do livro em relação ao filme, e o ponto alto da narrativa também, são as reflexões levantadas no decorrer da trama, que nos levam a pensar em toda a cultura midiática norte-americana e o que ela representa na vida dos jovens, o que eles estão dispostos a fazerem para ter a vida glamourosa das celebridades, até onde estão dispostos a irem e o que se sujeitariam para transformar-se em uma celebridade instantânea...
Não espere um romance. Bling Ring é um compilado de confissões, testemunhos, relatos das vítimas, notícias, conversas com policiais...
Quando terminei a leitura, corri pro Google porque sim, ainda queria saber mais sobre os personagens principais dessa loucura toda. Fiquei surpresa ao descobrir que alguns conseguiram se livrar. Outros foram presos e, PASMEM, uma delas estrelou até um reality show enquanto as investigações ainda rolavam. Parece que, independente do motivo, ser "famoso" bastou mesmo!
site: http://www.aquelaepifania.com.br/2017/02/sentimentos-literarios-bling-ring-nancy.html