Sâmella Raissa 24/12/2014Resenha original para os blogs Da Imaginação a Escrita e SammySacional
Eu adoro quando uma história me surpreende. Quando eu tenho expectativas mas, não necessariamente seguindo-as, o enredo me prende, faz-me passar por tantas emoções quanto os próprios personagens em cena, com surpresas e reviravoltas realmente impactantes e, por fim, conclui a leitura me deixando com uma sensação gostosa de satisfação e visível ansiedade para o próximo, no caso de séries e trilogias. E, bem, Desafio é um desses felizes casos, e eu estou realmente empolgada para lhes dizer o porquê.
Ao longo do livro de C. J. Redwine, iremos acompanhar a jornada de Rachel Adams, uma adolescente de 16 anos que vive em meio a mundo pós-apocalíptico, então residente da cidade-estado Baalboden. Sua mãe falecera quando ela ainda era bebê, de forma que ela não lembra-se dela, e desde então foi educada inteiramente por seu pai, Jared, a quem ama incondicionalmente. Ao contrário das demais garotas da cidade, graças a seu pai, Rachel aprendeu a lutar desde pequena, sendo, agora, mais dona de si e independente do que todas as outras meninas que, diferentes dela, esperam ansiosamente pelo dia da Toma.
"— Você está agindo como se pretendesse manter a pobre e delicada Rachel longe de qualquer possibilidade de perigo.
Ele ri, tenta sufocar o riso quando vê meu rosto, e depois ri novamente.
— Delicada? Você seria capaz de esfregar a cara de praticamente qualquer pessoa de Baalboden nas pedras da rua. Eu nem sonharia em dizer que isso é delicadeza."
- Página 79 -
Mas quando seu pai é dado como morto após dois meses desaparecido nas perigosas Terras Ermas durante uma missão, ela passa a questionar tudo o que a cerca, começando um plano pessoal para provar que Jared ainda está vivo lá fora. Antes que ela faça qualquer coisa, porém, um novo Protetor será designado para ela, e contrariando suas expectativas de que seja Oliver, que ela considera como avô, Logan McEntire assume sua guarda. E isso não seria necessariamente ruim se, no entanto, Logan não fosse exatamente o aprendiz de seu pai, e aquele a quem ela declarou seu amor há dois anos mas que fora rejeitada. Por entre uma relação inicialmente conturbada por mágoas do passado e muitos perigos, os dois irão deixar os conflitos de lado para trazer de volta o pai da garota, antes que o temido Comandante Chase o faça.
À primeira vista, Desafio nos dá a impressão de ser, unicamente, uma grande e perigosa aventura, com cenas dignas de um bom filme de ação e muitas lutas - sejam as externas bem como as batalhas internas de cada personagem -, e ele realmente o é. No entanto, ele vai além disso. C. J. Redwine foi feliz ao explorar todos os extremos de seus personagens, apresentando e desenvolvendo-os com uma gama excepcional de emoção, adrenalina e lutas pessoais. Mas acho que, em partes, ela também exagerou um pouco na garna negativa da personalidade de cada um, que, em várias cenas, acabaram por sobressair-se de seus traços positivos. O Comandante Chase, na verdade, é o personagem mais negativo, frio, vazio e calculista que eu já encontrei em minhas leituras até agora, mas, nesse caso, isso é totalmente válido e plausível justamente por ele ser o vilão. E um grande e perigoso vilão, diga-se de passagem, porque o que ele faz nesse livro não é brincadeira, então, de antemão, já saibam que não vale subestimá-lo, porque ele também costuma ser bem imprevisível. Estou bem curiosa - e, ok, meio receosa também - para descobrir quais serão seus próximos passos nos volumes seguintes da trilogia.
Com respeito aos outros personagens, porém, como já falei, achei que a carga negativa poderia ter sido melhor trabalhada, para não ficar em excesso. Em Rachel, principalmente. Começamos o enredo com uma personagem que, durante boa parte da leitura, eu não conseguia imaginar como adolescente, mas como uma criança. Sua intenção é das melhores ao querer trazer o pai de volta, mas é tão impulsiva e teimosa que, ao invés de ajudar, só atrapalhava. Após um determinado ponto, ela até começa a amadurecer um pouco e ter mais controle sob seus planos, e nesses momentos eu pude enxergar o quão habilidosa e independente ela consegue ser, fugindo totalmente do padrão de mocinha em apuros, possuindo técnicas de combate realmente excepcionais, mas após determinados acontecimentos sofridos por ela em dois momentos - que não vou citar porque vai ser um spoiler - ela passa a ficar meio obsessiva com o plano de vingar-se do Comandante Chase, e nesses momentos, eu definitivamente não a enxerguei como uma adolescente nem muito menos uma criança, como anteriormente. Estava mais para uma serial-killer. Ok, talvez eu tenha exagerado, mas ela deixou-se abalar pelo sofrimento e o ódio de tal forma que, mais um pouco e ela teria congelado, de tão fria que havia se tornado.
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