Tamirez | @resenhandosonhos 21/08/2018A Primavera RebeldeSe você viu minha resenha do primeiro livro, A Queda dos Reinos, deve ter notado que ele foi um livro que acabou decepcionando um pouco. Havia tamanho buzz em volta dessa série pelos booktubers que eu acompanhava que eu fui esperando algo espetacular e encontrei uma história que possuía um background legal, mas que era quase que completamente destruída pelo romance desenvolvido em cima.
Em A Primavera Rebelde a coisa evoluiu um pouco, mas não o suficiente para fazer com que eu me apaixonasse por essa trama. O cenário aqui já é completamente diferente, e a única coisa que permanece é a manipulação de Gaius sobre os outros pra conseguir o que ele quer.
Cleo, que é a personagem que mais me irrita, por sua postura pouco sintonizada com a realidade, tomou alguns tapas na cara, e deu uma melhorada, porém ainda longe do ideal. Ela agora é uma prisioneira no castelo e deixou de ser prometida a Aron, para agora se voltar para Magnus, selando as duas casas, como se os Limeiros não tivessem sangrado sua posição até ali. Mas, ela facilmente também consegue dar suas escapadelas, e isso tira um pouco do crédito de seu martírio.
Magnus é o personagem mais conflituoso do livro. Enquanto ele quer manter-se nas graças do pai e mostrar o seu valor, como já havíamos visto no primeiro livro, ele também quer trilhar o seu próprio caminho, pois sabe que nem tudo está correto ao seu redor. E é ai que seu conflito se instaura. Como agradar um homem impiedoso e sanguinário quando não se concorda com todas essas posturas. Ou, pior ainda, casar-se por negócio, quando ele conhece o amor, e o mantém aceso, ainda que nada incentivado, pela irmã Lucia. Nesse livro ele vai atuar também pelas beiradas, principalmente no final, tomando algumas decisões por si, independente do que o pai possa querer ou não.
Porém, mesmo com tudo isso, ele é um personagem que não se encontrou ainda e que é muito volátil aos olhos dos leitores. É difícil saber que caminho ele vai tomar, não porque Magnus é misterioso, mas sim porque ele parece também não saber, até a hora que dá o primeiro passo.
“Houve um tempo, não muito distante, em que jonas olhava pra ela como se fosse uma criatura odiosa e mimada que precisava morrer. Agora ainda havia muita suspeita em seu olhar, mas também uma ponta de interesse, como se estivesse curioso a respeito de seus planos, agora que ela estava noiva do filho de seu maior inimigo.”
Jonas virou o galã salvador. Ele, sem nenhuma grande explicação, agora coordena os rebeldes. Mas, mesmo sendo um líder, sempre tomas as piores decisões. Muitas delas pautadas por sua atração por Cleo. Tirando o fato de que ele consegue entrar e sair sorrateiramente do castelo de forma muito fácil. Além disso, foram inseridos aqui outras “adoradoras” para o seu fã clube, algo completamente desnecessário. Já sabemos que ele só tem olhos para a Cleo, pra que apresentar esses triângulos quando é óbvio que não vai dar em nada.
E, falando em não dar em nada, teremos outros personagens inseridos nesse livro. Porém, ao invés de serem bem trabalhados e virem a acrescentar de forma positiva na história, parecem ter sido colocados aqui apenas para morrerem em algum ponto da narrativa. E ai que entra a pegadinha, pois se eu mal consegui sentir empatia por um personagem avulso, como que vou sentir sua morte?
No final da trama temos um ameaço de morte, e confesso que pensei: nossa, isso vai ser interessante! Seria a primeira morte realmente significativa e sentida pelo leitor. Mas foi apenas uma ameaça. O que fica é que Morgan Rhodes não quer arriscar o pescoço, e para tal só tenta causar choque com a perda de personagens desinteressastes ou que não acrescentam, surtindo portanto, zero efeito.
Lucia, apesar de apagada, também tem seus capítulos. E vemos através dos olhos dela uma interação inusitada se desenvolvendo. Seu “coma”, no entanto, parece ter bem mais significado do que um primeiro olhar pode apontar, e esse é um dos pontos positivos do livro.
Não posso ignorar que tanto Cleo quanto Lucia evoluíram em suas visões de posição no mundo. As garotas passam a entender que seu papel não é apenas existir e sim agir. Há um papel a cumprir, uma importância, um caminho. Há amadurecimento, mesmo com a permanência de defeitos. Afinal, não é possível simplesmente apagar o erros e propor personagens novas sem uma evolução gradual.
A escrita da autora é muito fluída e os livros são fáceis de ler. Em A Primavera Rebelde me vi mais conectada e tentando me importar um pouco mais, apesar das falhas que ainda estão presentes. Sei que essa série é queridinha de muita gente, mas eu ainda não captei todo esse amor.
Minha birra maior vai ser sempre o desvio da trama principal da magia, da tríade e da política, para encontros furtivos, olhares tensos e briguinhas de casal, mesmo o casal nem sendo casal ainda. E há toda uma graça em “não, você é meu inimigo”, quando todo mundo já imagina que vai rolar romance. Podem parar com o drama, todo mundo já está ligado e ansioso pra passarmos dessa fase.
Eu já li A Ascensão das Trevas e adianto que a coisa melhorou consideravelmente e é o que me motivou a dar continuidade à história. O que eu espero daqui pra frente é que as relações se firmem, para que possamos dar mais atenção a trama fantástica e política, que é o que eu acredito ser o mais interessante.
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