spoiler visualizarThay262 14/05/2024
Continua sendo muito difícil ser o Harry.
PONTOS NEGATIVOS:
Creio que minhas dificuldade inicial com os livros de HP é não ter conseguido levar a sério os perigos do mundo bruxo. Fica difícil levar a sério os primeiros livros, pois como o próprio protagonista lembra; já ocorreu um embate envolvendo ele, uma pedra filosofal e o antagonista/ entre ele, uma câmara secreta e o antagonista/ entre ele, um suposto assassino traidor (que na verdade se mostra muito mais próximo do que se pensava) e dementadores (que já tinham falhado em manter o suposto assassino preso, e mesmo assim acham que é uma brilhante ideia por eles nos arredores da escola) e uma fuga inesperada desse aliado do antagonista/ e depois ele esteve num torneio quase suicida onde foi forçado a participar mesmo sem ter idade e nunca ter tentado por o nome como candidato, onde tudo deu errado no fim e ele reencontrou o antagonista.
Pois é, é muito difícil ser o Harry, como se já não bastasse ter perdido os pais pra esse mesmo antagonista, ficado órfão, ido morar com seus tios terríveis que o maltratam... Ah, mas ele descobriu que é bruxo aos 11 anos, sim, e fez bons amigos, pequenas maravilhas da vida. Pena que desde então o antagonista principal está sempre por perto de alguma forma pra azucrinar o pobre rapaz.
A verdade é que Harry encontra o antagonista ou quaisquer outros problemas demasiadamente nos outros livros, em uma idade bastante tenra, e sai vivo todas as vezes. Isso dificultou muito minha credibilidade na trama. Até agora!
PONTOS POSITIVOS:
Felizmente esse volume consegue estruturar melhor a trama e personagens coadjuvantes de modo que eu desejei não ser obrigada a ler tudo na perspectiva de Harry, vários momentos queria ter a oportunidade de desbravar a trama através dos olhos de outros. Esse deu uma melhor sensação de que Harry não é o único que tem uma vida tão difícil e enredada em problemas em vários níveis...
Nesse livro os personagens coadjuvantes me pareceram mais reais, cada qual com seus dilemas pessoais. Falem oque quiser da autora, mas ninguém pode dizer que ela não sabe criar personagens marcantes; isso não é uma coisa fácil de fazer, deve-se admirar, principalmente quando há tantos personagens coadjuvantes em cena juntos. Foi inevitável, não tem como não se apegar a personagens.
O universo me pareceu se expandir mais ainda, entrosando tramas de contendas políticas e da história daquele mundo de uma maneira bem potente. Fica realmente impossível não se sentir enveredado pelo enredo.
Não posso culpar o Harry Potter sua raiva e impaciência nesse livro, pois, honestamente? Foi um saco ser ele e ter que descobrir tudo junto com ele. Eu já estava com raiva também. Ele perde as estribeiras as vezes, mas ele é adolescente e tá passando por muita coisa, no mínimo um Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e Depressão depois de tudo que viveu e descobriu nos últimos 4 livros antes desse (e no meio disso tudo ainda precisa estudar e passar nas provas, viver seus dilemas amorosos de adolescente, jogar no time, etc), e então vem mais adversidades e continuam a destroçar o coitado.
Já tô na torcida: quando o Harry Potter vai ser autorizado a ser realmente feliz? Ou ele não vai? O final dessa saga é feliz, né? Agridoce, pelo menos????
Também agora, finalmente, a trama parece estar se amarrando depois de 4 livros: As coisas estão muito mais sombrias. Bom, não consigo culpar o Harry Potter por nada, desde o primeiro livro ele se lança a frente e tenta resolver as coisas sozinho (ou quase sozinho), então qualquer um que esperava que ele não fosse agir assim nesse, era uma vã e tola expectativa. Continuo sentindo raiva dos adultos dessa saga, apesar de que esse livro me fez entender melhor alguns (é como eu disse, os personagens coadjuvantes possuem suas próprias estórias tristes e problemáticas de vida, daí passamos a entendê-los melhor, entender que todos tem problemas e não só o Harry, que são pessoas, que não são perfeitos, que também podem falhar e serem omissos, bem como podem ser bons e acertar noutras vezes).
Infelizmente quem acaba perdendo coisas nessa história toda é o próprio Harry, não consigo deixar de me compadecer, não importa o quão chato ele fica as vezes (quem não ficaria? Ele nunca teve suporte familiar nem apoio emocional a longo prazo esses anos todos desde que era um bebê, por Merlin, ele nunca teve sequer um colo, não dá pra julga-lo por algumas asneiras e forma de ser. O que me surpreende é ele não ser um completo desequilibrado, ter índole, ter moral, tentar fazer o que pensa ser o certo).
SOBRE O UNIVERSO:
O universo bruxo continua bem interessante, sempre o achei interessante, embora muito mais tenso nesse volume, o que foi ótimo. Dá pra cortar a tensão com uma faca, meu povo. E muitas vezes a sensação de impotência em relação as adversidades é muito real e irritante, palmas pra autora. E falando nisso, a escrita vem melhorando a cada livro (não ligo muito se vão ficando mais longos e mais arrastados nuns pontos).
SOBRE O VILÃO:
Bem, ele continua sendo precipitado e egocêntrico, e acaba por fazer seus próprios planos caírem por terra. Bem típico de vilões megalomaníacos, porque basicamente o Voldy enfia os pés pelas mãos. Por que que não mandou seus asseclas pegar a profecia primeiro e depois armou algo contra Harry? Por que ele foi aparecer no ministério naquele momento?
Vilões megalomaníacos tem desses problemas: perder quando pensam estar ganhando. A arrogância é tão grande que não vêem debaixo do próprio nariz. "Cê não devia ter aparecido aqui essa noite, Voldy", haha.
O que mais me assusta nesse livro é o "super poder" do Voldemort de ter asseclas por toda parte, e na verdade ele já os tinha desde o primeiro livro, mas agora isso fica muito mais em evidência. Juntando isso a ideologia Puro Sangue e anti-trouxa dos antagonistas, bem como a atitude facilmente manipulável dos bruxos pela mídia e o fato da maioria ser omissa e "ver pra creer", o clima do livro fica realmente medonho porque o meu maior medo não é o vilão, mas sim a capacidade dele de expandir o número de pessoas que o seguem, por coação, tortura ou chantagem (ou porque acreditam no ideal dele mesmo), e assim manipular boa parte do mundo bruxo. Percy é tratado como um idiota no livro, mas a reflexão é que pessoas como ele são maioria, uma gigante porcentagem de pessoas seria capaz de deixar suas próprias falhas de caráter dominar (suas ambições, suas ideias de mundo, e ouvir em demasiado oque os outros dizem ao invés de discernir por si mesmo, dando mais razão ao que a maioria diz ou o que alguém em suposta posição de autoridade diz, se deixando levar), seriam capazes de ficarem cegos, e assim ficar contra amigos, ficar contra a família e etc. Seriam capazes de se deixarem manipular. Dá medo porque me vem aquela frase em mente "um dia os idiotas vão dominar o mundo, não pela capacidade, mas pela quantidade".
Essa aparente vantagem de conseguir controlar as massas, seja a que acredita nele, seja a que não acredita, é o que mais me atemoriza no Voldy desse volume. Ele só se lasca por ser megalomaníaco, se fosse mais frio e calculista não teria perdido.
Mas é interessante que as próprias falhas de caráter dele, a arrogância, egocentrismo, a soberba, o fato dele se achar melhor e acima de tudo e todos, que abre margem para os mocinho, encurralados, sobreviverem (ou quase todos).
E falando em vilões, a Dolores tem que tá no top 5 de personagens mais detestáveis. Toda vez que Dumbledore ou outros frustraram essa louca é pra aplaudir de pé, não? Pelo menos ela só tá nesse livro, né? Jura que não vou ter que ver essa mulher de novo?
CONCLUSÃO: elegi esse o meu favorito da saga, até agora. Sim, ele é sombrio, mas estou esperando isso desde o volume 1, então me agrada que finalmente cheguei aqui, é como se esse fosse o ponto de virada pra tudo deslanchar até o ápice da trama de HP (espero que surja no próximo livro) e seu epílogo (o último volume).
P.s: eu entendo que os fãs não gostem tanto das adaptações por não conseguirem levar a quantidade e qualidade de detalhamento dos livros pra tela, mas confesso que imagino os atores, locais e trilha sonora dos filmes enquanto leio.
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