A obscena senhora D

A obscena senhora D Hilda Hilst




Resenhas - A Obscena Senhora D


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Gisele 04/03/2016

Sobre cavoucar feridas
Hoje mesmo discutia sobre o quão desconfortável me sinto quando alguém pergunta sobre o que é tal livro/filme, como se tudo pudesse ser resumido a um enredo e dane-se. Não saberia explicar “sobre o que” é 'A obscena senhora D' sem instantaneamente torna-lo raso. É que Hilda Hilst é pra ser lida com os olhos e as vísceras, com o UMM e as dores que compõem nossa ossada. É pra cavoucar feridas:

"olha, quis te tocar lá dentro na ferida da vida, ouviste? segurei o toque para te fazer em dor, em mais dor, ouviste?
[...]
a vida foi isso de sentir o corpo, contorno, vísceras, respirar, ver, mas nunca compreender".

Hilda zomba das tentativas muitas vezes bem sucedidas de transformar a literatura em mais uma inutilidade numa prateleira de loja de conveniência. É mais que entretenimento. Sacode na cara de quem se aventura que literatura é exatamente sobre fazer com que os intestinos troquem de lugar com o estômago, sobre pulmões ofendidos com o trabalho pesado e o sangue a errar a direção, “uma aventura obscena, de tão lúcida”, “um susto que adquiriu compreensão”, mesmo.
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aquamarinamelo 18/07/2013

Quase me envergonho de ter demorado tanto tempo para acabar de ler este livro: ele tem só 90 páginas. Fora que é aquele tipo de livro sem capítulos, escrito num fluxo incessante de pensamentos, que torna difícil retomar a leitura, depois de interrompida, mesmo que por apenas alguns minutos. O problema é que essas interrupções aconteceram com bastante freqüência, esses dias. Coisas da vida.

A história é sobre Hillé, ou senhora D. D de “derrelição”, ou abandono, solidão. É uma mulher de 60 e tantos anos que perdeu o marido e — não se sabe se por isso ou pela própria personalidade dela — começou a apresentar sinais de insanidade, chegando a assustar os vizinhos. E a senhora D passa o livro divagando, fazendo questionamentos e considerações sobre a vida; às vezes bem malucos, mas bastante interessantes. Uma mulher incomum para a época, uma mulher que pensava e, mesmo quando ainda era jovem e sã, acabava por afastar as pessoas, por causa das suas incômodas perguntas sobre o sentido da vida.

A maior dificuldade na leitura era descobrir quem diabos estava falando, naquele momento; se a senhora D, o marido dela, o pai, os vizinhos, Deus... Os vizinhos eram os mais fáceis; eles não eram adeptos de grandes filosofias, ao contrário do resto. Como bem disse a pessoa que fez a sinopse da edição que eu li, há uma grande economia de recursos na escrita. O que eu devia odiar, visto que adoro textos bem redondinhos, parágrafos, travessões, parênteses. Mas terminou que eu achei uma das grandes sacadas. Não apenas ficou um formato interessante — uma coisa meio “poesia em prosa” —, como também ilustrou a loucura da personagem principal. Como se tudo se passasse dentro da cabeça dela, numa confusão que só faz aumentar ao longo do livro. A narrativa e o livro inteiro terminam sendo tão loucos quanto ela.

Então, você inicia o livro meio tonto e sem entender nada de nada. E talvez passe boa parte do livro assim. E vai embarcando nas loucuras e bizarrices da senhora D, rindo dos palavrões, achando graça dos sustos que levavam os vizinhos, nas vezes que ela abre a janela. Até perceber que é uma história bem triste. Sobre derrelição, ou abandono, solidão.

Essa foi a minha primeira experiência com Hilda Hilst e eu só fiquei pensando se os outros livros dela são tão tristes e loucos quanto este. Pelo sim ou pelo não, pretendo procurar outros dela, porque achei fantástico.

site: http://do-fundo-do-mar.blogspot.com.br/2013/07/a-obscena-senhora-d.html
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Nathani 23/06/2016

Li esse livro em menos de uma hora. É bem curtinho, na edição que eu tenho tem 52 páginas. Mas isso não o torna nem um pouco mais simples ou vazio, pelo contrário, ele é extremamente denso e aborda principalmente temas como o tempo ou o sentido da vida.

Quando acabei fiquei um tempo olhando pra ele e pensando: como se resenha um livro desses??

Ele é todinho em fluxo de consciência. A obscena senhora D é uma mulher chamada Hillé que perdeu seu marido recentemente e parece ter perdido a lucidez por isso. Ela é chamada obscena pois não tem limites para fazer questionamentos. Desconstrói a realidade constantemente durante o livro em diálogos com seu marido Ehud, com Deus, com os vizinhos e em seus próprios pensamentos.

É o tipo de livro que só se entende a essência quem o lê e que com certeza precisa de várias releituras.

site: instagram.com/livrosparaviver
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Kleber Rafael 30/06/2016

Desafiador
Primeiro livro que leio da escritora, apesar de ser um livro bem pequeno com apenas 54 páginas, de longe é fácil sua leitura... Pode-se dizer que é um livro totalmente insano e denso, em um fluxo continuo de pensamentos repleto de palavrões. Em alguns momentos chega a ser cômico, mas é uma história triste, sobre a solidão e a perde de um amor, essa dor consome a protagonista de certa forma que em algumas passagens ela se encontra totalmente sem lucidez. É aquele tipo de livro para se ler com calma e muita paciência... Esse livro desafia o leitor, e muitos acabam derrotados... E você aceita o desafio?
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Aa 30/06/2016

Ótima surpresa
Há tempos ouvia falar dessa Hilda Hilst, mas nunca tive paciência de ir atrás, principalmente por preconceito com relação ao fluxo de consciência, essa técnica usada ao excesso, e muito mal, na maioria dos casos. Mas tive uma grata surpresa.
Pra quem não está acostumado com fluxo de consciência, o livro não vai ser tão fácil. Ainda assim, comparado com, por exemplo, Ulisses, é café-com-leite.
Enfim, quem se aventurar vai ter sua recompensa, pois o livro é bom e impressiona ("Nossa, tem literatura desse nível no Brasil?"), e deixa vontade de ler de novo. Como é curtinho, dá pra ler e reler tranquilamente, mas eu recomendo uma segunda leitura mais atenta, se possível em voz alta.
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Gengis 01/01/2018

tentei... não rolou uma química
Uma chatice, se tons de cinza é a versão erótica de crepúsculo, então a obscena senhora d é a versão pornô de a paixão segundo gh... ou, nossa valorosa Hilda Hilst é a versão erótica de Clarice Lispector.
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Gustavo 20/09/2016

Derrelição
''D'' de Derrelição, de abandono, desamparo, repúdio. É assim que se caracteriza a senhora D, a obscena, a abstrata, a erudita, a lúcida em decomposição.

Após a morte do amante Hillé, a senhora D recolhe-se ao vão da escada, tentando escapar da vida que está morrendo dentro dela e que muitas vezes morrem dentro de nós, '' o tempo''. Pra falar a verdade, preciso reler novamente para entender mais claramente. Nesse primeiro contato com Hilda Hilst, prefiro ser breve para não ser idiota. Segue logo abaixo uma parte do livro...

“O que é paixão? o que é sombra? eu mesmo te pergunto e eu mesmo te respondo: Hillé, paixão é a grossa artéria jorrando volúpia e ilusão, é a boca que pronuncia o mundo, púrpura sobre a tua camada de emoções, escarlates sobre a tua vida, paixão é esse aberto do teu peito, e também teu deserto.”

Hilda Hilst nasceu em Jaú, interior de São Paulo, iniciou-se na poesia, mas logo aderiu à dramaturgia e à ficção. Refugiou-se durante 40 anos, até a morte, em sua chácara de Campinas, a chamada Casa do Sol.

Hilda Hilst - 2016/ 54 páginas - Folha São Paulo
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Juliana 07/10/2016

Desespero de abandono
Este livro me deixou completamente atordoada. A ausência de pontuação e a forma particular da autora de apresentar os personagens, o medo, a derrelição (como disse uma outra menina, "será uma palavra que nunca mais esquecerei"), o sexo, o amor...tudo isso é retratado visceralmente. Hilda foi brilhante. Li o livro rápido, pra avançar nesse emaranhado de emoções, que a autora soube conduzir perfeitamente.
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eneida 13/11/2016

Terminei e estou impressionada. Quiz ler de uma vez, sem refletir, sem tentar entender, para ver com que sentimento eu chegava no fim, e é justamente esse: impressionante! Agora vou ler de novo, bem devagar e quando possível em voz alta. Mas de forma alguma é um livro apenas obsceno, apenas difícil, e muito menos um bom entretenimento.


Reli o livro e isso ajudou muito. Ajuda muito ler sobre a vida da autora antes e também algum outro livro dela, ler em voz alta, grifando, fazendo anotações e depois discutir com amigos. Ela é poetisa também, e seu pai tinha esquizofrenia. O formato em fluxo de consciência é difícil, mas se vc persiste a dificuldade é superada, não deve ser lido se não estiver disposto ou sem condições de se concentrar. Hillé é questionadora desde criança e na vida adulta parece que estava sempre no limite entre a lucidez e a loucura, questionando o tempo e principalmente Deus, em quem ela acredita mas não compreende e por quem ela se sente abandonada.Antes de seu marido morrer parece que ela desiste do convívio social e de se fingir adaptada na sociedade e passa a viver no vão da escada. Ehud, o marido que a conhece desde criança, uma pessoa bem resolvida, sólida, que a conhece e compreende como ninguém e principalmente a ama. Gostei muito de Ehud. O pai, que no livro é sabidamente louco. Os palavrões, que nas resenhas incomodam muitos leitores, existem tanto falados pela senhora D(Hillé), como pelos vizinhos e pelo marido, portanto, comum como em todo lugar, mas porque ela, que é considerada louca, fala palavrões, parece que somente ela é obscena. Trechos de muita poesia, lindos, meu livro ficou bastante grifado e eu gostei muito de ter lido.
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Leituras do Sam 02/02/2017

O livro não funcionou pra mim, e não, não foi pela forma narrativa em fluxo de consciência (gosto desta forma de narrativa), não foi também pelos "palavrões" e obscenidades (essas coisas passaram batido pra mim) foi por não conseguir me conectar com a personagem e seus questionamentos. Porém fica explicito o domínio dá escrita que Hilda Hilst possuía.
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Alê 26/06/2013

Incertezas
Acabei o livro... mas até agora, não sei o que dizer sobre ele. Embora curto, ele se torna por muitas vezes, chato.
Podemos observar uma forte tentativa de Hilda Hilst em tentar compreender a si mesma, reViver situações e refletir sobre o passado. Acho o "Caderno Rosa de Lori Lamby" mais interessante e fluído do que esse. É reflexivo, ao mesmo tempo que entretém. ( Por isso, deixo a dica aqui, leiam "O caderno..")
Tem horas que ele é interessante, já em outras, se torna chato.
Concordo com a menina que disse que esse livro é difícil. Sim, ele é difícil. Não é pra todos, não é pra mim.
Embora, ele reforçe o poder de Hilst. O poder transformador dessa autora, dá sua forma de provocar. De falar de si mesma, de questionar a vida e tudo o que a rodeia.
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Diego 29/12/2012

Uma história perturbadora
Este é um livro difícil, escrito em um estilo psicótico, muito metafórico e cheio de situações angustiantes. Um encadeamento de pensamentos, recordações, sons vindos da rua, palavras berradas para a rua, não há delimitação entre o dito e o pensado, o texto é caótico.

A protagonista é Hillé, ou Senhora D.(D de Derrelição, abandono, desamparo), uma mulher dilacerada por perguntas que buscam descobrir a Deus, mas apenas lhe dão frustração por perceber a perdição humana.

Os vizinhos aparecem como a censura social, não a compreendem e por isso a temem e a ridicularizam. Um dos únicos que a compreendia era seu recém falecido marido, Ehud, objeto constante de suas lembranças.

É um livro perturbador, sobre uma pessoa que é louca por estar lúcida sobre o sem sentido das coisas.
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@garotadeleituras 29/06/2017

A obscena senhora D, vulgo derrelição.
“Senhora D, a viva compreensão da vida é segurar o coração.” (p.25)

Antes de qualquer coisa, esse livro foi minha primeira experiência de leitura de Hilda Hilst, e acabou sendo a escolha, seja pelas recomendações e ainda por está na listinha de dois projetos literários pessoais. E veja bem, ao ler a senhora D, levei aquele susto, porque não é um tipo de livro no qual você está acostumado a ler. Eu não sabia muita coisa sobre ela, apenas que era uma escritora brasileira conceituada, e que este livro, é um dos mais conhecidos. É curtinho, com 112 páginas, com diagramação boa, isso significa que você ler em duas/três horinhas no máximo. O senão é a sensação ao término da leitura, que você pergunta-se se realmente entendeu o que está no papel. O difícil do livro é o fluxo de escrita frenética e jogada, como os pensamentos perturbados da protagonista; em dado momento você precisa se ater à quem está falando. Não existe uma delimitação de personagens, eles simplesmente surgem e começam a falar, sendo responsabilidade do leitor identificar que determinada pessoa está falando.

A narrativa conta os devaneios solitários de Hillé, uma mulher de sessenta anos, apelidada pelo amante Ehud de senhora D (D de derrelição –abandono –). Após a morte desse amante, decide mudar-se para pó vão da escada, onde começa a refletir sobre o sentido da vida, tempo, momentos vividos com Ehud e suas respostas para as inquietações filosóficas de Hillé. Além disso, essa senhora precisa conviver com as especulações dos vizinhos, que a consideram senil e estranha e não tolera seu modo peculiar de reclusão, o abandono das suas coisas e a escolha do seu lugar-comum no final da vida e seu desinteresse pelas coisas e pessoas que a rodeiam. No geral é uma experiência diferente, que tira o leitor da sua zona de conforto.
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Nádia C. 30/03/2012

Senhora D
De tanta coisa
uma das maiores expressões em palavra do Desespero na nossa literatura.

e eu nunca mais vou esquecer da palavra Derrelição.
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