Annalisa 07/07/2020The Kiss of Deception
Primeiro de tudo: Atire a primeira pedra quem não comprou essa série pela edição MARAVILHOSA da DarkSide? Porque eu comprei sem nem saber qual era a história, \o/
Antes da história propriamente dita, preciso fazer um parenteses aqui e comentar sobre o enredo histórico criado pela Mary como base de sustentação da história principal.
Sério, é inacreditável o quanto ela criou do passado para conseguir conta o presente, é como se existisse uma história do antes e do depois, você só lê o "depois", mas o "antes" está enraizado na cultura, religião e costumes dos povos, você enxergar e entrelaçar presente e passado; É um passado criado e construído minunciosamente com todos os elementos palpáveis, são como pilares de um templo perfeitamente planejados e realizados, é um passado que daria gosto de ler também.
"Era um vez, criança, há muito, muito tempo, sete estrelas que pendiam no céu. Uma para chacoalhar as montanhas, uma para revirar os oceanos, uma para afogar o ar; E quatro para testar os corações dos homens".
Lia, nossa protagonista vive neste mundo de guerra e tradições, acorrentada por sua posição e transtornada por seus deveres. Não se enxerga como personagem ativa, mas apenas um peão do reino de seu pai. Possui a posição de Primeira Filha, mas sinceramente não entende quais são as reais implicações de sua posição, na verdade, nem ela e nem ninguém. Sua posição de Primeira Filha é baseada em uma tradição passada ao longo dos anos, e fico com a impressão que seu real significado já se perdeu a muito tempo. Mas eles ainda continuam perpetuando a história, e utilizam Lia como fonte de barganha política. Obviamente ela é vendida para um casamento.
Casamento esse que obviamente também não acontece, todo o início da história acontece com Lia e sua fiel amiga fugindo do reino de seu pai, e partindo em busca da sua liberdade e independência. Ao mesmo tempo em que logo atrás delas vão as duas misteriosas personagens: o príncipe abandonado no altar e um assassino contratado para matá-la.
É ai que a coisa fica boa, porque a história é contada pelo ponto de vista dos três: Lia, Príncipe e Assassino. E entre esses dois últimos, você NÃO SABE quem é quem. Nem a Lia. Então você passa o resto da história tentado analisar os aspectos físicos, os trejeitos, as falas, as habilidades, a personalidade, o envolvimento dos dois com a Lia, sempre tentando descobrir quem é quem. E eu sinceramente errei, tinha certeza de quem era quem, e errei ao fim.
E é esse mundo que nos é apresentado, é um clássico romance de fantasia com pegadas histórias e políticas. Sinceramente? Uma delícia de leitura, em alguns momentos acabe ficando um pouco monótona a narrativa, mas nada que depois não mude e a leitura flua com grande facilidade.
"Esse mundo, ele nos inspira, eles no cheira, eles no conhece e depois nos exala de novo, nos partilha. Você não está contida aqui nesse único lugar somente. O vento, o tempo, ele circula, repete, ensina, revela, alguns golpes de ceifeira cortando mais a fundo do que outros. O universo sabe. O universo tem uma longa memória. É assim que o dom funciona. No entanto, há aqueles que são mais abertos a compartilharem as coisas do que outros".
Sei que Lia tem muito a percorrer ainda, a verdadeira história dela ainda nem foi contada, ela precisa entender primeiro o que ela representa nesse mundo, qual sua real influência na história de suas tradições, o que sabem até então é uma gota, e o que nos será revelado, um oceano.
"Mas lembre-se criança, de que todos nós podemos ter as nossas próprias histórias e nossos próprios destinos e, às vezes, uma sorte aparentemente ruim, mas todos também fazemos parte de uma história maior. Uma história que transcende o solo, o vento, o tempo... e até mesmo nossas próprias lágrimas. Histórias mais grandiosas terão sua vez."