jota 10/05/2015Se oriente, rapazPensei que fosse gostar mais de Coração, que fosse algo parecido com os livros de Junichiro Tanizaki, autor japonês que aprecio. Na verdade, gostei do início e do final – e atenção: se for ler, somente leia as orelhas depois de terminado o livro. Senão vai matar logo de cara um dos “mistérios” da obra. (Não, não as li antes e por isso teria achado o livro apenas bom).
Atravessar certos capítulos do meio da história, que tratam da vida rotineira dos personagens principais (mesmo que isso seja importante para o entendimento geral do texto), foi meio entediante por vezes. Certamente porque como ocidentais não temos a paciência necessária que acreditamos que certos orientais têm – não falo tanto dos japoneses modernos, mas das pessoas do tempo em que Coração foi escrito, mais de cem anos passados; o livro foi publicado pela primeira vez em 1914.
Resumindo bastante, a história de Coração é mínima: trata da amizade um tanto incomum entre um velho professor e um estudante universitário que conversam sobre a vida (não, o estudante não foi nem é aluno dele). Mas o livro não é exatamente - ou somente - sobre amizade e sim sobre o egoísmo humano, que pode levar a uma situação trágica e depois a um intenso arrependimento. Arrependimento que pode conduzir a outra situação extremada.
Gostaria de ter gostado mais de Coração, mas o problema é comigo não com o livro (e suas metáforas) ou seu autor, reconhecidamente respeitados por estudiosos da literatura japonesa e por muitos leitores. E finalizo com um pensamento de Roberto Kazuo Yokota, prefaciador da obra: “Apesar das pedras, talvez haja esperança no fluxo.”
Lido entre 03 e 10/05/2015.