Queria Estar Lendo 13/10/2018
Resenha: Um Planeta em seu Giro Feroz
Um Planeta em seu Giro Feroz é o terceiro volume da série Uma Dobra no Tempo, sequência a Um Vento à Porta. O livro, cedido em cortesia pela Editora HarperCollins, dá um salto no tempo e traz mais questionamentos a respeito do universo e, principalmente, de como o passado está influenciando o presente - além de estender aos personagens uma chance de modificá-lo.
A resenha vai conter alguns spoilers dos dois volumes anteriores.
Anos se passaram desde os incidentes do segundo livro. Meg está casada e feliz e reuniu-se com a família para o Dia de Ação de Graças. Quando uma ligação do presidente dos Estados Unidos coloca não só a família de Meg, mas todo o mundo, sob o risco de uma nova guerra, Charles Wallace é convocado para impedi-la. Modificando o passado, pode dar uma chance ao futuro; na companhia de um unicórnio poderoso, o rapaz vai viajar através dos ventos e dos tempos para impedir que uma tragédia Antes destrua todo o mundo Depois.
"- Vocês, seres humanos, tendem a querer que as coisas boas durem para sempre. Elas não duram. Não quando estamos com tempo."
O começo de Um Planeta em seu Giro Feroz sofreu o mesmo que o segundo volume da série; teve um início um pouco confuso e arrastado demais, com informações bagunçadas e desnorteantes. Eu demorei a engatar a leitura, mais uma vez, porque a quantidade de termos e de informações extrapolava um pouquinho o acompanhamento da trama.
Contudo, quando as coisas se ajeitaram na história e começaram a fazer sentido - mesmo as mais bagunçadas - aí a trama desenrolou-se em uma viagem carregada em incerteza e adrenalina.
"Será que o mundo perdeu a alegria? Por isso estamos nessa bagunça?"
A personalidade de Charles Wallace salta das páginas e é de uma pureza e esperança sem tamanho. Aqui, mais maduro e um pouco marcado pela adolescência, Charles confronta o peso que a irmã carregou nos outros livros: ele é o escolhido. Mesmo com todos os perigos, não existe hesitação no garoto. Uma vez que embarca na viagem com o unicórnio - chamado Gaudior - Charles Wallace sabe que está ali para fazer a diferença.
A viagem envolve Charles entender figuras do passado e o que elas significam para o futuro - e o garoto faz isso "Adentrando" suas mentes e vivendo o que estão vivendo ali. Desde os primórdios da civilização até gerações quase atuais, tudo está conectado. E, conforme você vai entendendo, junto ao protagonista, onde as peças se encaixam, o desenrolar da história se torna natural; as consequências da viagem também.
"Nada, ninguém, é tão pequeno que não importe."
As interações entre Charles, curioso e sempre questionador, e Gaudior, uma força espiritual sensata e racional, foram interessantes. No começo, como eu apontei, confusas ao extremo, com termos que exauriam e uma falta de explicações tremenda. Quando as respostas começaram a aparecer, no entanto, tudo fez tanto sentido que meu cérebro quase explodiu.
A autora, mais uma vez, usa referências bíblicas e uma história em específico para fazer a releitura e o background da trama principal. Os questionamentos nesse livro nascem com a ameaça da guerra e se espalham em críticas à necessidade de poder e de violência que parecem ter nascido tão de repente na humanidade e se tornaram uma força tão grandiosa; uma força capaz de derrubar qualquer luz ou energia positiva que entre em seu caminho.
"- Pode dizer a ele que não sou um vírus e não sou letal?
- Alguns deles pensam que a humanidade é letal."
Dos três livros, esse foi o melhor. Não recebeu a nota máxima por causa da enrolação, mas com certeza me fisgou mais dentro da jornada vivida pelo personagem - e tudo que a trama questionou como crítica.
Um Planeta em seu Giro Feroz mantém o tom mais simples e a abordagem infanto-juvenil da série, mas abre espaço para falar sobre guerra e medo e a fome de poder que surgiu de um acidente e se tornou tão nociva ao mundo pelo tempo que se seguiu.
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