Franco 29/08/2021
Dividir (e racionaliar) é conquistar!
Como um bom livro de autoajuda, temos uma linguagem simples, exemplos corriqueiros, e um texto dividido em tópicos bem espaçados.
Temos também uma válida vinculação do nosso cotidiano mais bobo ('o que vou fazer hoje?') com objetivos a longo prazo, ou mesmo com um propósito de vida ('o que quero fazer dessa experiência chamada "vida"?').
Por consequência, é o tipo de leitura que te trará oportunidade para escrever suas próprias listas e rascunhar seus próprios fluxogramas - e vai ficar a cargo de você avaliar a necessidade de seguir em todos esses exercícios, ou se vale fazer só aqueles que te fustigam mais.
Pessoalmente, creio que o maior mérito da proposta da autora é reforçar dois caminhos bastante seguros para uma vida organizada: 1) dividir as tarefas/necessidades/objetivos em partes menores, sequenciais e cumulativas, e 2) racionalizar aquilo que está por trás delas (desde a procrastinação até a legítima motivação) nos tirando do modo automático de tocar a vida.
Há ainda o bônus das pinceladas sobre minimalismo e desapego, além das listas com dicas bem práticas (e baseadas na experiência da autora) sobre diversos aspectos de nossas vidas.
E considerando que isso se aplica, como dito antes, tanto ao dia a dia banal (tipo limpeza de casa) até ao nosso objetivo de vida, é um livro lá com sua versatilidade.
Entretanto, contudo e todavia, e também como toda boa obra de autoajuda, o livro reforça nossa ansiedade diante de uma época em que é preciso tirar a máxima eficiência de tudo. Por exemplo, a autora sugere criar uma agenda no Google para as atividades da família (!). No fundo, por mais que o livro dê algumas soluções, o que ele está fazendo é reforçar a ansiedade que originalmente nos trouxe até o livro - a saber, a dificuldade em lidar com uma sociedade que exige o impossível e nos força a instrumentalizar tudo em nossas vidas (até o lazer).
Mas isso, é claro, está em todo livro de autoajuda, então não é nenhum demérito especial no caso de 'Vida Organizada'. Porém, vale notar que não é uma proposta libertadora a que temos aqui (e sim um ajuste mais apertado nosso dentro da engrenagem).
No mais, leitura que deve trazer insights interessantes ao leitor.