Daniel.Prattes 15/01/2022
A discrepância (dualidade?) entre o Kvoth, jovem e ambicioso e até mesmo arrogante, e o estalajadeiro Kote, mais rude e introspectivo, é tão grande que você se questiona o que poderia ter acontecido com ele que o mudasse dessa forma.
O Kvothe é bastante interessante em cada uma de suas versões. O Kvothe jovem às vezes é muito arrogante, mas essa atitude não só é justificada por suas capacidades extraordinárias, mas a visão retrospectiva do Kvothe mais velho permite que ele admita seus erros de juventude. de repente, isso torna o personagem realmente humano e, em última análise, muito cativante. Além disso, este romance é mais centrado em seus personagens memoráveis do que na ação e existem cenas de ação, mas nem todas são épicas.
Há o mistério sobre a figura de Kote que não é exatamente traduzida em cenas interessantes como são propostas pelo próprio e pelas pessoas que o conheceram.
O universo criado pelo autor funciona muito bem, com um sistema de magia original e bem equilibrado, que não permite resolver todos os problemas com uma... sei lá... bola de fogo?
Tirando o interlúdio, as cenas na estalagem, o livro poderia ser dividido em três partes, além do referido interlúdio: A primeira é sobre a infância do Kvothe e é muito interessante, ele aprendendo sobre magia enquanto pega carona com o Arcanista, a vida dele na “metrópole” procurando por comida e tendo de recorrer ao roubo, aquele sujeito estranhíssimo que dá abrigo a ele e a outros garotos em situação idêntica, além de termos um aceno da mitologia desenvolvida pelo Rothfuss.
A segunda parte seria a vida na faculdade e devo dizer que nesse ponto a história quase me perdeu. Achei extenso e não me pareceu tão original. Os personagens que cercam o protagonista não são lá muito profundos e apenas orbitam o protagonista e muitos vão dizer que isso é porque é o protagonista quem conta sua história, mas até que ponto esse mecanismo pode ser usado como desculpa? Quanto a Denna, me pareceu que o autor estava um tanto quanto indeciso sobre qual seria o passado dela realmente.
A terceira parte é a cena climática de ação e me pareceu meio que atirada, vinda do nada, com aquela cena contra determinado inimigo e eu realmente esperei que fosse alguém da trupe do Chandriano. Aliás, poderíamos ter mais do Chandriano nesse primeiro livro.
Se procurar o Nome do Vento vai estar sempre na lista dos melhores livros de fantasia do século 21 e é merecido. Rothfuss consegue fazer com que você se sinta acolhido por aquele mundo e se amigar de seus personagens, o que é essencial!