fernandaugusta 07/10/2021Preferido da vida todaEm 2015 li "O Lago Místico" pela primeira vez e fiquei muito emocionada. Acho que foi um dos livros que mais chorei lendo na vida. Juntando toda esta emoção genuína e um enredo que chegou no meu coração, virou um dos meus livros favoritos.
Agora, 6 anos depois resolvi reviver a experiência. E esta história se consolidou como a minha preferida da Kristin Hannah. Em entrevista, ela disse que este livro foi a primeira aventura dela narrando histórias de mulheres em transformação. Antes ela escrevia romances históricos. Ainda bem que ela pegou este rumo, pois acredito que ela tem uma sensibilidade fantástica para escrever sobre estes temas difíceis.
"Sem mãe. Duas palavras pequenas, mas dentro delas havia um poço sem fundo de dor e perda, um luto incessante de toques que nunca foram recebidos e palavras de sabedoria que nunca foram ditas. Nenhuma palavra era grande o bastante para descrever de forma adequada a perda da mãe. Não no vocabulário de Annie, e certamente não no de Izzy. Não era de admirar que a menina tivesse escolhido o silêncio".
Annie está adiante de uma encruzilhada: aos 17 anos, sua filha vai passar três meses na Inglaterra, e ela está perdida. Esposa, mãe e dona de casa perfeita, Annie administrou a vida do marido Blake e de Natalie de maneira segura e eficiente. Porém, após deixar a garota no aeroporto, ao chegar em casa, o marido a comunicou que queria o divórcio e estava apaixonado por outra. Envolta em um pesadelo de dor, e completamente sem rumo, Annie implora a Blake que espere até Natalie voltar para tornar o divórcio definitivo. Ele vai viver sua paixão e Annie volta para sua cidade natal, Mystic, passar um tempo com o pai.
Chegando em Mystic, Annie entra em uma depressão profunda. Na cidade, Annie ouve os rumores sobre Nick e Izzy, e a morte de sua esposa, Kathy. Nick, Annie e Kathy haviam sido melhores amigos na adolescência, e Nick, mesmo apaixonado por Annie, escolheu se casar com Kathy. Annie foi para Stanford e eles perderam contato. Nick e Kathy tiveram uma filha, Izzy, mas Kathy era maníaco-depressiva e se matou. No estágio em que Annie os encontra, 8 meses após a tragédia, Nick virou um alcoólatra e Izzy está há meses sem dizer uma única palavra, e usando poucos dedos de uma mão, pois acredita que está desaparecendo aos poucos.
A gota d'água é que Izzy, em um acesso de pânico, foi expulsa da escola. Annie então se oferece para ajudar Nick a cuidar da menina, enquanto ele trabalha. E assim, os dois se envolvem novamente. Annie busca o tempo todo fazer Izzy melhorar, Nick chega ao fundo do poço e procura ajuda e a própria Annie entra em um processo de autoanálise por também se descobrir "invisível" na sua antiga vida, e através de um acordar, pelo amor de uma criança e de um homem em um caminho improvável, se colocar novamente como prioridade.
Mas esta descoberta tem um prazo... a volta de Natalie e o retorno para a Califórnia. Seria esta mudança algo duradouro, ou Annie voltará à conformidade e ao trilho que lhe era familiar?
Toda esta dor, o trauma de Izzy, a tristeza de Annie e o desespero de Nick são passados de forma tão real, que é impossível não se sensibilizar, refletir, e querer saber o que vai acontecer. Até porque toda a cura e a redenção são alcançados em etapas do enredo e a história tem uma reviravolta decisiva. Após um final muito bonito, mais uma vez fiquei desidratada, porque novamente sofri tudo junto com todos.
"O Lago Místico" é daqueles livros raros, que te parte o coração e cola de novo. Que fica esperando a gente na estante para emocionar mais uma vez. Que minha mãe leu e amou. Que minha filha vai receber no futuro. Mágica em palavras que só a leitura de algo muito bom pode proporcionar.