rxvenants 25/01/2019Superou minhas expectativas, mas não o suficiente para que eu aceitasse o romance dentro do livroEu definitivamente não estava esperando para a enxurrada de emoções que senti ao ler esse livro.
A história de Willow é extremamente trágica e já li livros com a temática de menina órfã, mas não achei que esse trataria o assunto de uma forma tão real.
A relação de Willow com seus sentimentos e os frangalhos da relação com o irmão foram incrivelmente reais.
Toda a culpa que ela sente, seu estado de mente em pensar que a dor da autoflagelação é uma forma de se proteger do mundo, as vezes em que ela grita e ninguém ouve, seus momentos de recaída... todos foram muito bem representados. Sinceramente, acho que a autora teve muita sensibilidade nesse aspecto.
Sobre o irmão dela, David, também me pareceu muito real. Ter que cuidar uma família, perder seus pais e virar, de repente, uma figura paterna para Willow foi muito bem colocado.
Os pensamentos dos dois irmãos e como os dois lidam com a dor foi muito interessante de ler, além de muito agoniante. Foi doloroso (e minhas lágrimas sabem disso) ler sobre como a relação de Willow e David mudou completamente e mesmo que fiquem bem novamente, a relação dos dois nunca será a mesma coisa.
A realização de Willow de como ela nunca mais será a criança de ninguém, assim como Isabelle é a de David, foi a parte que mais me marcou no livro. Esse fato tão doloroso para ela, foi também o que a salvou.
Infelizmente, o fator que me faz tirar três estrelas desse livro é justamente uma grande parte da recuperação de Willow: Guy.
Eu não tenho dúvidas que ele teve a melhor das intenções e também estou feliz que ela tenha encontrado alguém para ajudá-la quando ninguém mais sabia sobre seu segredo, mas não gostei mesmo da forma que ele abordou o segredo dela e como ele a tratava algumas vezes, principalmente quando ele não gostava de algo que ela dizia.
Ela disse não ligar, mas para alguém que deveria ser tão sensível quanto ele, sinceramente, quem grita e chama uma quase suicida de egoísta?
Sei que ele quis guardar o segredo dela e protegê-la, mas não contar para ninguém? Deixar que ela mantivesse as lâminas? Incentivá-la a ligar para ele toda vez que ela fizesse isso? Sinceramente, que mensagem horrível.
Sem falar nas vezes que ele ouviu e viu Willow se cortando, quero dizer, que tipo de pessoa passaria por tais experiências sem nenhum trauma?
É claro que é um livro e Willow magicamente melhoraria depois de um cara aparecer, mas isso pode passar uma imagem completamente para alguns leitores. Terapia e ajuda são SIM a melhor escolha. Achar que você pode lidar com uma pessoa por conta própria, não.
Não acho que se David soubesse, isso acabasse com ele.
Um professional capacitado seria a ajuda que os dois tanto precisavam.
Sei que livros tomam rumos que divergem da realidade, mas eu simplesmente não gosto de ver assuntos como esse jogados nas costas de um adolescente.
Já passei por situação parecida e já vi pessoas passarem também e não posso dizer que colocaria a vida de alguém nas mãos do destino.
Willow poderia nunca melhorar e Guy não teria como saber disso.
A cena na casa antiga também foi totalmente desnecessária. Ela tinha acabado de chorar pela primeira vez em meses e eles ficam juntos desse jeito? Pareceu muito simples e vago, principalmente depois de o leitor esperar tanto que ela sinta algo, não apenas o sangue fluindo de seus cortes.
Enfim, a leitura é muito fácil e a relação familiar é o ponto alto do livro, foi simplesmente lindo.
Entendo que a autoria quis colocar um romance ali, mas foi bem bleh e se ela tivesse escolhido outros rumos e focado na recuperação dos irmãos de uma outra forma, eu com certeza não teria tirado 2 estrelas.
Ah, e uma nota final: ANDY É UM MERDA.