Desativado 18/09/2011
Todos por um Brasil melhor...
...Já deu no saco.
Mas que grosseria; o fato de começar a resenha por um comentário tão coloquial e sem argumentos em linhas anteriores, confesso, pode ser interpretado como grosseria.
Descaso.
Se o fosse, sequer estaria eu digitando sentenças. Antecipando, apenas, críticas ao meu primeiro dizer, que sei que seria questionado. De qualquer forma, o momento pré-opinião que caracteriza minhas resenhas aqui se finda.
Quiçá não.
A obra inteira cansa ao retratar as mesmas coisas. Posso resumir boa parte da crítica nesta frase - e sem arrependimentos. Ora, vamos lá.
Política e corrupção.
Criminalidade.
Precariedade social.
Moralistas aparecem, pomposos; "Mas são esses os problemas do Brasil".
Primeiramente, se querem mesmo fazer suas crianças se interessarem tanto pela situação do país, além de uma breve máscara imersa em tal glacê delicioso e trivial da hipocrisia, o uso massivo desses temas quebra a magia.
Haha, claro que quebra.
Devaneios, se permitem-me. O verdadeiro motivo da crítica ao fato da repetição impetuosa não fora o mostrado - sequer sou assim. Não vou, também, apelar ao meu frasear de sempre, culpando e acusando ser uma arte comercial.
Não dei relevância a isso, penso que pela primeira vez em tempos. Porventura, por pura preguiça; talvez, desatenção.
Já que toda uma ordem de descrição fora rompida sem muito relutar por mim, acompanhem agora uma breve revelação do enredo;
Ps. BBcodes não funcionam, mas gosto de usá-los mesmo assim. Costume.
[i]A história de três jovens, dois com traços tupiniquins, que chegam ao Brasil para a execução de atos diversos - um, a clássica história de transferência de trabalho de um dos pais, outro, uma jornada moral e psicológica, outra, um dilema e o enterro de seu avô sonhador.[/i]
Quaisquer semelhanças com figuras reais e/ou demais fictícias, apenas um amontoado de coincidências. Haha.
Três histórias. Seguem rumos, claramente, que vemos se encontrar, ásperos, em uma linha temporal que consiste em persistência numa crítica quase cega ao panorama em que vivemos.
Certo, várias afirmações jogadas ao ar. Bem meu estilo, peço perdão, portanto.
A grande sacada da obra; vocês não adivinhariam. Noventa por cento diria que era sobre a narração ser complementada por um sentimento subentendido de patriotismo e, ainda assim, ódio pela condição atual do país. Bem, eu, facilmente interpretável, não ideio da mesma forma.
Julio se mantém compreensível e, o mais importante, interessante, pela sua escrita; não impecável, porém repleta de sentimentos.
Precisamos de escritores que transpõem suas emoções e incorporam suas criações, na execução e confecção de uma história plausível. Uma história consideravelmente fixa e rígida.
Vejamos, a crítica negativa, em suma. Um livro completamente desnecessário. Para a leitura cotidiana, digo, já que o autor tem direito de escrever o conto que quiser, o conto que, ao momento, lhe der maior prazer e satisfação. A maioria das obras do tipo são classificadas como RESTRITAS, a.k.a. adultas. Porque devem ser. Quando se adapta a realidade pra um limite que é estabelecer a categoria infanto-juvenil, perde-se credibilidade. Veracidade. Crianças, hoje em dia, já sabem muito bem o que vivem - ou, ao menos, uma visão piorada, sempre manipulada -, porque exatamente descobrem as obras adultas e as desfrutam.
Resumindo, ainda mais - Memórias de um país distante é uma contradição pura. Inviável. Por isso prossegue cansativo, por horas surreal, ainda passando pelo desagradável. Outro erro de Braz foi a caracterização de uma escrita - sim, disse que era o ponto forte. E é - que chega a ser, em momentos, ainda mais desgastante que o desenrolar da história. Repetições exageradas de expressões, palavras, num ênfase assustadoramente ineficaz e esteticamente repulsivo.
Vejamos, a crítica positiva, em suma - vejam a repetição como deve ser, com certo tom de sarcasmo. O objetivo foi bom; representar - MAIS UMA VEZ, como adoro continuar dizendo - para os pequeninos o país em que vivem. Realidade. Sem fantasia, ou, ao menos, não aparentemente. As pessoas superestimam a realidade. É algo cru, clichê e sempre alterado bruscamente pela ficção que, queiram ou não, jorra inescrupulosamente sobre as faces dos leitores, sem que eles percebam. , inclusive.
Outro ponto positivo, como já comentado, a escrita. Sem que os céticos e afiados venham me criticar, vejo parte da escrita de Julio Emílio Braz deveras semelhante ao meu modo de escrever. E vice-versa. Consegue transpor narrações convincentes, um aroma doce e agradável de harmonia, por vezes.
O livro não é ruim.
Seu único problema - dividido em inúmeras vertentes - é a exploração de um assunto maçante. Abominável, por mim, em dias atuais. O exagero. A falta de originalidade - na desculpa de ser a mais pura realidade.
Não veremos livros retratando, com seus autores defendendo armados de uma devoção verdadeira, belezas e outras coisas do Brasil, sem ser por fins comerciais.
"Will you give another chance?
Will you try a little try?
Please stop and you'll remember
We were together
Anyway
All right"
Shaman's Blues - The Doors