Lara Moreira 20/11/2019O livro apresenta de forma clara a vida sofrida dos operários de cacau do sul da Bahia, com foco maior em Ilhéus. Esses operários vinham de diversas regiões do Nordeste para trabalhar na colheita de cacau e recebiam um salário péssimo pelo serviço prestado aos coronéis , além de quase nenhuma condição de sobrevivência (chegavam já devendo, e aumentavam a dívida a cada mês com os valores absurdos para conseguir o básico para comer). Viviam em casas de palha, algumas com tábuas de madeiras e ainda dividiam com outros operários na mesma situação, o que aglomeravam famílias e, precocemente, em sua maioria, as crianças ficavam expostas a vida sexual nesse convívio compartillhado. Jorge Amado descreve toda a vida dessas pessoas marginalizadas pela desigualdade e decorrentes da exploração braçal e psíquica, bem como a violência dos maus tratos e dos castigos, associados ao preconceito e o desconhecimento dos direitos. Sem dúvidas, um livro forte e necessário, que ainda atinge a realidade de muitas regiões do Nordeste, mudando apenas a monocultura de exploração.