Vanessa Meiser 25/07/2015Nossa, que livro!!!
Assim que iniciei a leitura de Neve na Primavera, já foi possível perceber a grandiosidade deste livro, a narrativa da autora é algo inimaginável e que surpreendentemente deu muito certo. Não deve ser nada fácil mesclar passado e presente com tantos ganchos de uma época com a outra, obra de mestre, sem dúvida!
Este livro começa pela narrativa da personagem Vera Ray em 1º de maio de 1933. Vera é camareira de um hotel de luxo e tem um filhinho de 03 anos - Daniel. É com muito custo que ela luta diariamente para colocar comida na mesa, para ter o que dar de comer ao filho que, mesmo tão novo é sempre tão compreensível e parece entender que tudo o que a mãe faz é por ele. Daniel é uma fofura e Vera, apesar da vida simples que levam, sente-se feliz só por tê-lo.
Este início de maio está sendo atípico, é primavera e uma nevasca inesperada e fora de época tomou conta de Seattle. O frio é de congelar e Vera precisa deixar Daniel sozinho em casa a noite toda para poder cumprir seu turno no hotel. Sua chefe a proibiu de levá-lo junto e não existe ninguém que possa ficar com o menino. Não há outra saída. Mesmo com o coração na mão, ela coloca o filho na cama e sai para o hotel.
Na manhã seguinte, após enfrentar a neve para chegar em casa o mais rápido possível, Vera se depara com a casa vazia, Daniel não está lá, em parte alguma. Desesperada ela sai para a rua a procura do filho e não o encontra, ela é incansável, mas, não têm êxito, Daniel parece ter evaporado. São tempos difíceis a partir de agora. Daniel era tudo para Vera e ela não sabe como prosseguir sem seu filho...
O 2º capítulo se passa na mesma Seattle, porém, no início de maio do ano de 2010 quando, um segundo episódio de nevasca pega de surpresa os moradores. Alguns ainda lembram ou já ouviram falar de quando isto ocorreu pela primeira vez, inclusive no mesmo dia, porém com 77 anos de diferença. Claire Aldridge é jornalista e está passando por uma fase muito difícil depois de ter sofrido uma grande perda. Ela e o marido estão lutando - cada um à sua maneira - para manterem o casamento de pé, em vista do que sofreram.
Claire é designada para cobrir a nevasca. Aparentemente, isto é apenas uma matéria sem importância e ela acaba se negando a fazê-la, no entanto, depois de muito insistir e de conversar com sua melhor amiga, também jornalista, ela cede e aceita fazer a matéria. Não demora para que fatos a respeito da primeira nevasca chamem a sua atenção, mais precisamente o sumiço do menino Daniel Ray, a mais de 70 anos. Claire fica intrigada com a notícia encontrada num jornal da época e se pergunta o que teria acontecido com o menino, se ele reapareceu, se sua mãe descobriu o que teria ocorrido... Eis que ela encontra algo em que se apoiar e tentar desviar o pensamento de sua própria dor.
Claire parte em busca de pistas para desvendar este mistério e a cada nova descoberta, mais ansiosa para chegar ao desfecho ela fica ainda mais quando fatos que pareciam simples acasos começam a lhe deixar espantada.
Bem, eu posso dizer que não estava preparada para a carga de sentimentos que este livro me proporcionou. Eu sou mãe e não posso imaginar minha vida sem minhas filhas, seja pelo motivo que for, simplesmente não consigo e não sei se sobreviveria caso algo acontecesse a elas. Não consigo imaginar a dor que Vera sentiu ao perceber que não encontraria Daniel, a incerteza de saber se ele estava vivo, se estava bem, se não estaria na rua, no frio, com fome, passando por todos os tipos de perigos que um garotinho de apenas 03 anos poderia enfrentar sem saber como enfrentar. É necessária muita força para seguir em frente na busca, levantar todos os dias e ter que lidar com a ausência daquele que mais ama. Claire também está vivendo o momento mais difícil da sua vida, tudo o que ela vem enfrentando há cerca de 01 ano, vai lhe deixar marcas profunda, feridas que nunca serão cicatrizadas, mas ela sabe que a vida não acabou e precisa voltar a viver, a trabalhar, a lutar pelo casamento que ameaça ruir, sua vida segue o curso e mesmo não querendo, ela precisa acompanhar.
Sarah Jio foi de uma sensibilidade sem igual neste livro. Ela soube exatamente como tocar em cada ponto frágil de suas personagens, soube conduzir com perfeição os acontecimentos que iam se desenrolando paralelamente durante toda a leitura, ou seja, num capítulo estávamos em 1933 e no outro já nos encontrávamos em 2010.
Foi impossível não engolir o livro, depois que você começa a lê-lo, não há mais como largá-lo. É lindo, é tocante, é profundo, é triste e ao mesmo tempo emocionante. Eu amei cada página lida e agradeço muito a NC pela publicação desta obra aqui no Brasil, recomendo a quem não tem medo de se entregar a uma leitura, de se deixar levar pelas emoções. Sem dúvida merece todas as estrelas deste mundo!!!
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