Andréa Bistafa 26/04/2016http://www.fundofalso.comPredestinadas é o último livro da trilogia As Crônicas das Irmãs Bruxas, lançado aqui no Brasil pela editora Arqueiro.
Essa resenha não tem nenhum spoiler, mas se quiser entender melhor o contexto sugiro que leia as resenhas anteriores, Enfeitiçadas e Amaldiçoadas no blog.
Essa saga, desde o início prometeu me arrebatar, e ao concluir, não sei bem dizer se isso ocorreu ou não.
Os três livros caminham para um único objetivo final, portanto desde o inicio já nos é apresentado boa parte do contexto da trama.
Recapitulando, no primeiro livro a narrativa da autora deixou muito a desejar, monótoma e sem muita emoção, mudando apenas nas últimas páginas do livro, onde uma ótimo desfecho atiçaria, sem dúvida, a curiosidade de qualquer leitor. O primeiro livro me ganhou nesse momento, relevei todo o início e apostei em uma trama incrível. O segundo livro é sem dúvida o melhor, a narrativa evolui, a autora embala e a trama é tomada por cenas de ação e intrigas.
Agora vamos entrar no terceiro livro. Aqui, a autora poderia ter feito exatamente o que fez no segundo, já que o desenvolver da estória era propício e o desfecho do livro anterior era simplesmente agoniante. Mas de alguma forma ela conseguiu regredir para a narrativa do inicio da saga. Após a tormenta, veio a calmaria, mas muito pacífica para meu gosto, ainda que a trama continue a se desenvolver com as intrigas entre irmãs, com o prenúncio da profecia se aproximando e grandes decisões a serem tomadas em relação a sociedade e as bruxas.
Existe em pauta um grande sentimento da protagonista, Cate por Finn, e acontece ago muito grande em relação aos dois que abalaria qualquer pessoa. Senti muita falta de aprofundamento no sentimento da Cate, a forma como ela encara o ocorrido, ao meu ver, foi ameno demais. Ainda que o livro foque mais na relação familiar e na amizade do que propriamente no romance, para quem leu, entende que não poderia ter passado tão levemente esse sentimento, afinal envolve uma grande traição familiar.
Uma ótima abordagem - Pelo fato da estória ocorrer no século XIX, toca-se, quase o livro todo, no assunto "feminismo", ainda que não da forma como conhecemos hoje. Existe uma ótima abordagem do que as mulheres sofreram nessa época, e de como foi importante para o que temos hoje a luta dessas guerreiras, que em muitos casos morreram inocentemente, enforcadas, queimadas, foram exiladas e abusadas sem piedade.
Seria injusto da minha parte não salientar o contexto maravilhoso que a autora usou. Mostrou o crescimento pessoal de uma jovem encarando as dificuldades da época, os preconceitos sofridos pelas mulheres ao decorrer de toda sua vida. A evolução de uma criança se descobrindo, para uma guerreira cheia de ideais coletivos. é uma linda lição de que podemos, e devemos lutar pelo nosso espaço.
Os irmãos estão mais cruéis, as bruxas mais determinadas, e a autora sem dó de matar alguns personagens. Mas faltou; faltou emoção na narrativa cotidiana, faltou a mesma ação que ela usa tão bem nas cenas de luta, por exemplo; a autora tem potencial, mas não a aplicou de forma continua, resumiu o livro a cenas lentas e outras perfeitas. Para mim, foi uma leitura morna, onde só me senti realmente satisfeita no final, gostei do fechamento da trama em si, mas poderia sim, melhorar muito.
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