Aliel 02/11/2016A sutileza do mundo materialSe eu tivesse que dar outro título ao livro eu o chamaria de " Economia energética". Ao falarmos em economia, pode vir a mente o poupar ou reter . Mas ao contrário , o livro fala de libertar coisas. E economia originalmente se trata da melhor aplicação de recursos. Nesse caso o recurso é nossa própria energia e vitalidade.
Proveniente de uma família de acumuladores, eu já havia passado pelo clique da necessidade urgente de descartar objetos e regular a entrada deles na minha vida. O que realmente me faltava e que o livro trouxe com precisão, era o crítério a ser usado e a forma. Meu método era totalmente caótico; atirava para todos os lados , em todos os cômodos de uma só vez, antes de terminar já havia desistido. Absolutamente tudo que ela diz, faz sentido para mim. Principalmente sobre o vínculo energético que se constrói com cada coisa material que se enfia dentro de casa. Nesse sentido, coisas como expressar gratidão a um par de meia, a primeira vista pode parecer absurdo, mas compreendo que ela quis trazer a urgência de ter atenção à nossa postura interna, sobre como tratamos o mundo ao redor. Nem pessoas , nem coisas deveriam ser tratados com descaso ou como um fardo, mas quando pessoas se tornam isso, nos tratamos de retirá-las delicadamente do nosso caminho. Com as coisas, nos portamos diferentes: Fugimos delas, as escondemos no fundo da gaveta.
Ela deveria ter escrito uma parte a mais sobre famílias com crianças. Mas pretendo adaptar o método para usar com as minhas . Com certeza esse tipo de instrução faz parte da educação. Uma coisa tão básica e que pode ajudar ou na falta, atrapalhar imensamente uma vida , depois de adulto.
Muita gente pode desqualificar o livro pelo seu apelo "emocional " e não tanto racional na forma de decidir. . Esse cientificismo , assim como a própria acumulação não são nada mais que um sintoma de desconexão com a própria intuição e com a ousadia de nomea-la como guia, o que , para alguns deve soar até como irresponsabilidade. O mundo inteiro é permeado de abundância e suficiência mas escolhemos parar no paradigma da falta e da precaução, ansiedade e temor do futuro. Ou do apego ao passado , que também é um paradigma de escarssez .
As ideias de Marie Kondo são holísticas e orgânicas . Ela acha a margarina na geladeira que estava bem na nossa cara porque diz o óbvio.
E mais. Se 100% da humanidade as seguisse. O capitalismo ruiria. Pois o consumismo diminuiria drásticamente e a "economia " que conhecemos teria mudar. Oh meu Deus. Seria Marie Kondo, comunista? Será que o que sustenta o capitalismo é nossa própria desconexão? Será que de fato cada vez que compramos uma tranqueira chinesa no mclanche feliz, colaboramos com um sistema que não é saudável ? Eu só queria arrumar meu quarto e agora estou envolta em política. Mas espera , era só um livro de auto-ajuda doméstica...