JoiceAlfonso 09/03/2024Não foi nada do que eu esperava pra essa leitura antes de pegar o livro (fui no escuro, sem saber sobre a história), mas foi tudo o que o prólogo disse que seria.
É sim sobre feminismo, mas um feminismo como enfatiza o prólogo: escrito por uma "mulher de família burguesa e bem-educada" ainda com todos os seus privilégios. E que promove uma sociedade utópica com um tipo de socialismo próprio, onde o trabalho e a cultura são de todas igualmente, e a maior significância ali dentro é a vida voltada à puericultura, à maternidade e o desenvolvimento dessas pequenas bebês que serão as próximas gerações.
Não deixa de ser mais ou menos feminista por nada do que apresenta, pois é com certeza um caminho para discussões muito valiosas e que certamente abriu espaço para a pauta em âmbitos que jamais seria possível. Tem sim seu valor como precursor - mesmo não sendo o primeiro. E não pode ser descartado por não atender ao que se tem como luta feminina atual, até porque são incontáveis vertentes de situações sociais completamente diferentes. Não dá pra comparar sequer o feminismo negro de continentes diferentes, imagina comparar com o branco, amarelo e tantos outros?! Isso só falando da questão de colorização, mas e quando se acrescenta classe social? Religião? Há tantas vertentes hoje e nenhuma está totalmente livre de ter passado pelas portas que Terra das Mulheres abriu no passado.
É um livro lento, pra ser lido e digerido aos poucos. Pra incomodar e, mesmo que a gente não concorde com grande parte da visão utópica da autora, é inegável que tem seu valor.
Não pretendo reler, pois foi tudo muito morno para mim, acho que peca em instigar como narrativa apenas para que a autora possa discorrer sobre a visão que a própria queria passar do assunto.