spoiler visualizarzach 22/03/2022
Adorei, nota 2
Eu queria dizer que gostei, mas ai estaria mentindo e quem procura ler resenha não é pra ler mentira. E se você está lendo isso, se prepara que vai ser longo.
As cenas de sexo no livro são realmente arrebatadoras quando você se rende ao fetiche do pecado, porém é isso. Não consegui achar profundidade nos personagens (e olha que a autora tentou). Nada. Absolutamente nada. Sinceramente, eu já li relatórios de plantas com mais profundidade do que esses dois seres. Há quem diga que esse tipo de literatura é para ser rasa, mas aqui é uma monarquia e a rainha sou e apenas minha opinião importa. Independente do tipo de conteúdo que seu livro trás, ele precisa se comunicar com o leitor. O que eu senti lendo esse livro foi que é apenas um compilado de frustrações sexual de terceiros.
Se, em algum momento esse livro se conectou comigo não foi nem através do tesão, foi através do ódio. Eu nunca desejei que alguém fosse infeliz como quis que a Poppy fosse. Meu Deus do Céu! Não consigo me lembrar de odiar nenhuma entidade, personagem de livro ou ser vivo como eu odiei a Poppy. A cada segundo que achei que, talvez, ela merecesse mais minha gentileza, ela ia lá e ferrava com tudo. Senhor, como eu quis que ela sofresse, tipo assim, pelo resto da vida. Eu entendo que eles precisavam acabar juntos porque o sexo avassalador seria o mais próximos que a relação deles teria de companheirismo; eu entendo que isso é um clichê do gênero, mas p*ta que p*riu.
Eu vou falar um negócio aqui e até vou avisar que é conteúdo de spoiler, mas você não abandona quem você ama no momento mais difícil da vida da pessoa. Isso é covardia. Isso é egoísmo. E isso é o que a Poppy fez (e é). Ela é uma egoísta mimada e nada me tira isso da cabeça. Meu Deus, ela virou stripper porque ganhou um diploma numa escola de prestígio. Sinceramente, cada confissão, cada atitude, cada contato que ela tinha com o Tyler ficava claro para mim o quanto ela era egoísta. A desculpa ridícula de desaparecer porque se sentiu culpada que ele estava deixando o presbitério por causa dela até teria funcionado comigo se não fosse TODAS as outras cenas em que ela claramente provoca ele sem se importar se ele é padre ou não. Pelo amor de Deus gente, ela se m*sturba enquanto tá se confessando para ver se ele faz alguma coisa.
Mas ele não é de todo santo não. Beleza, ele deseja ela. Ok. E sabe o que você faz quando você é celibato e quer f*der? Isso mesmo, você para de ser celibato. Mas os motivos dele querer ficar no presbitério, por mais que tenham sido mal explorados pela autora e apareçam como muletas para as atitudes do personagem, eles são “fortes”. A questão da irmã dele e ele querer usar o trabalho da congregação para deixar um legado positivo são fatores que pesam e até fazem sentido em muitos momentos, no decorrer da tomada de decisão. Mas, como um homem adulto e conhecedor de si, no momento em que ele se viu atraído por ela, ele deveria ter tomado medidas para mudar essa situação de convivência entre os dois porque não era mais possível para ele. Ele deveria ter sido mais firme nessa decisão.
O que consegui tirar desse livro é que a Poppy estava perdida, desde muito antes de encontrar o Tyler, virar stripper ou se formar na Darthmouth. Ela estava perdida e o Tyler estava querendo negar quem ele era, carregando um fardo que não era dele. Eles funcionaram juntos no momento em que ele a ajuda a se encontrar e ela o ajuda a aceitar a voracidade (sexual, que ele renega muito por causa das sombras da violência que a irmã dele sofreu) que existe dentro dele. Pronto. O enredo morre aí.
Quando ele vai atrás dela de novo, para entregar perdão (e p*ca) pra ela, essa cena poderia ter sido completamente diferente. Depois de muito tempo o Tyler encontra um sentido para suas ações fazendo os trabalhos voluntários dele, ele está num ritmo de vida diferente da Poppy, que, por sua vez, finalmente se achou e conseguiu fazer algo que a preenchesse. O final desse livro poderia ser diferente.
Na minha perspectiva, o Tyler poderia ter encontrado no coração dele forças para amar ela como um cordeiro perdido (porque ele se refere a ela assim ao longo do livro), com um amor puro que ele possui pelas outras pessoas que fazem parte da sua antiga congregação - e pelas pessoas que ele encontrou ao longo dos trabalhos voluntários. Porque, sinceramente, esse era o pedido inicial dela. Em algum momento você percebe que a Poppy nunca foi amada sem ser sexualizada e por isso esse fechamento teria sido importante. E ela não deveria terminar com ele, porque ela escolheu a infelicidade dela. Ela escolheu machucar a pessoa que afirmou amar. Ela foi um agente ativo na construção do próprio caminho infeliz porque era o que ela entendeu que precisava para o próprio amadurecimento. E quando eles ficam juntos, a autora tira isso dela.
Deixando de lado todo o fetichismo e o erotismo, a história segue um passo relativamente realista. E um final real, com mágoa, punição e renascimento, me pareceu possível. Por isso esse final feliz me incomodou tanto. Eu entendi que é para retratar um amor de Coríntios, que tudo suporta e é bondoso, mas o amor entre um homem e uma mulher não deve ser assim. Não é uma falta de parceria, companheirismo e confiança. Não é viver o resto da vida tentando se redimir preso por arrependimento. É encontrar no amor do outro a força necessária dentro de si para ser corajoso e foi algo que vi no personagem do Tyler, mas não da Poppy.
Enfim, esse é meu manifesto de que a Poppy deveria ir se ferrar e, talvez, ficar com aquele ex nojento dela numa vida infeliz que ela escolheu. Ou talvez ficar sozinha e encontrar felicidade em si mesma.