Ana Karina 05/02/2021
Uma crítica ao abandono social na velhice
Ninguém escreve ao coronel é uma das primeiras obras de Gabriel García Márquez. Publicado pela primeira vez em 1961, essas poucas mais de 90 páginas permitem que o leitor perceba o grande escritor que Gabo se tornaria.⠀
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A narrativa passa-se nos meses de outubro e dezembro de 1956. O Coronel, protagonista da história, alcançou o seu posto aos vinte anos de idade, na Guerra dos Mil Dias, na Colômbia. O governo decidiu, 33 anos após o ocorrido, atribuir uma pensão aos veteranos de guerra, mas como o país vivia uma grande escassez de recursos, as pensões foram distribuídas num sistema de fila de espera. O Coronel entrou nessa lista em 12 de agosto de 1949 e tinha o número 1823.⠀
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A partir dessa data, então, todas as sextas-feiras, ele aguardava a lancha que trazia a correspondência à ilha em que morava, com a esperança de receber a confirmação de que chegou a sua vez. Porém, após 15 anos, a carta nunca chegou.⠀
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Enquanto não recebe a tão sonhada pensão, o Coronel segue a sua rotina de penúria em que vive com sua esposa. Acompanhamos as constantes dúvidas do personagem entre vender os objetos de valor de sua casa para que consigam se alimentar, além de sua preocupação em manter saudável o galo de rinha deixado pelo filho Agustín, assassinado um ano antes. Tal “herança” é, justamente, motivo de discussão entre o Coronel e sua esposa já que o galo se alimenta melhor que eles e ainda faltam alguns meses até janeiro, quando as rinhas começam.⠀
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Considero o texto uma crítica ao abandono social na velhice. Apesar de a narrativa passar-se na Colômbia, trazendo aspectos bem importantes da história do país, como a situação econômica da época e as questões do canal do Panamá, poderíamos relacioná-la aos acontecimentos de vários países sul-americanos e ao Brasil.⠀
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Amo a escrita de Gabo e apesar de não achar este o seu melhor livro, recomendo muitíssimo a leitura para quem quer conhecer o autor.⠀
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