Pedro 31/12/2014Ninguém escreve ao CoronelEm Ninguém Escreve ao Coronel, livro escrito em 1957 (época em que García Márquez passava por uma situação financeira crítica e que nos é passada através dessas 95 páginas), vamos conhecer a história de um coronel jubilado que divide sua vida cheia de miséria com sua esposa e um galo de briga herdado de seu finado filho, assassinado por um soldado acusado de subversão do sistema. Eles vivem numa cidade muito regrada, onde filmes são censurados pela igreja e a população usa de um jornal de bilhete para difundir informações que não não apresentadas no diário oficial.
A trama gira em torna de uma longa espera que faz o Coronal ir todas às sextas-feiras conferir se a lancha dos correios lhe trouxe a carta de pagamento de sua tão aguardada pensão de aposentadoria. Há 15 anos essa espera tem sido frustada. Mesmo ouvindo o costumeiro "Ninguém Escreve ao Coronel" do carteiro, ele sabe que para a sua família, esse dinheiro é de extrema importância.
A situação financeira passa a ser nula, a comida está se acabando, a velha doente, nada do dinheiro do estado chegar... A única solução cogitada por eles passa a ser a ideia de vender o galo, ou esperar para arrecadar dinheiro no próximo ano quando ocorrerá uma rinha de galo.
Gabriel Gárcia Marques critica essa burocracia criando personagens carregados de sofrimento que dependem do esquecido Estado para sobreviver. Além disso, crítica também a visão do mundo sobre a América Latinha quando diz, na página 35, que os demais caracteriza-nos como "[...] homem de bigodes com um violão e um revólver" e completa "[...] Não entendem nossos problemas."
O Coronel é um homem que mesmo na miséria, ainda tem o seu orgulhoso, ao contrario da velha mulher que dá soluções inaudíveis ao coronal, mas que poderia sim resolver seus problemas.
Esta é uma novela genial de rápida leitura, que usa da penúria e velhice para nos fazer refletir sobre a esperança, pois por mais que as coisas pareçam perdidas para o Coronel, ele jamais deixa de crer que sua carta irá um dia chegar, não perdendo a expectativa em sua aposentadoria.
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