*Cris 05/10/2009
A inversão da ordem natural das coisas
Encontrei este livro meio por acaso. O olhar da menina da capa se destacava na estante da biblioca, e não resisti. O apelo daquele olhar intrigado me convenceu a deixar "Antes de Morrer" furar a fila entre as dezenas de livros que compõem a lista de obras que pretendo ler nos próximos meses.
Logo que iniciei a leitura, porém, a empolgação diminuiu consideravelmente. O texto de Jenny Downham é muito fraco na primeira parte da obra. Os primeiros capítulos não passam de situações e descrições infantis. Ao longo do enredo, no entanto, a narração melhora. Sobretuto pela (SPOILER!) inesperada gravidez de Zoey e pelo surgimento de Adam. A partir daí o livro começa a se tornar interessante.
Alguns podem argumentar que a história é extremanente óbvia, mas para mim não é. Inexplicavelmente, eu acreditava que a Tessa, personagem principal que sofre de leucemia, não fosse morrer. Isso, para mim, seria o final (feliz) mais previsível, contrariando a morte certa. Mas "Antes de Morrer" não é, decididamente, uma história feliz.
Contra a minha vontade, lágrimas furtivas saltaram dos meu olhos, impedindo, inclusive, o bom andamento da leitura. Acho que isso se deve às descrições precisas dos procedimentos aos quais Tessa tinha que se submeter e do sofrimento que aquilo lhe causava.
Quando retirei a obra na biblioteca, uma amiga minha comentou: "parece aquele tipo de livro que tenta te passar uma lição ou algo assim". Pensando por esse lado, acho que o grande trunfo de "Antes de Morrer" foi, justamente, não induzir este tipo de conclusão. Não há nenhuma "moral da história" infiltrada subliminarmente em algum parágrafo. Há somente a constataçõo de que (agora vou apelas fortemente para o senso comum, mas não vejo outro caminho) "para morrer basta estar vivo".
É doloroso demais o conteúdo de um dos diálogos finais de Tessa com seu pai. A conversa trata do que deveria ser o seu futuro: entrar na universidade, casar-se, ter filhos, dormir trocentas noites ao lado de Adam. E, por fim, enterrar seu pai,poupando-o do sofriemento de inverter a ordem natural das coisas e preparar o funeral da própria filha.