Platina23 24/07/2015Com tanta frase legal ficou difícil achar um título Um livro que bem pode ter feito parte da juventude de Dan Brown e inspirado ele foi lido há alguns(muitos) anos pelo meu pai e agora ele me emprestou e me recomendou como uma boa leitura. Como sou daqueles que não joga um livro fora e pouco desiste: eu li o livro. E achei tão legal e fantástico que resolvi fazer Resenha pra tentar, além de divulgar, discutir um pouco ele.
O livro começa com o próprio autor como personagem nos contando como ele entrou em contado com a história que ele vai narrar, ou melhor, transcrever, baseada em um diário de viagem de um astronauta da NASA que diz ter voltado para a época de Jesus Cristo e ter participado dos últimos dias de vida dele. Presenciando fatos como a Santa Ceia e a Via Crucis. E essa seria a Operação Cavalo de Tróia. Então as primeiras 60 páginas são sobre como ele conheceu esse Major( ele não revela o nome real dos participantes da operação), como ele evitava o FBI e sobre como ele consegui o diário, ou as primeiras partes dele.
Confesso que essa parte sobre o autor falando que a história era real me deixou com uma pulga atrás da orelha e me fez refletir se ele não tem ou muita imaginação ou algum tipo de doença. Mas eu decidi chutar o pau da barraca e continuar.
Daí entramos na parte científica para explicar sobre como é possível viajar no tempo. Eles introduzem a ideia de swivels que são uma espécie de partícula subatômica que pode mudar sua forma no tempo espaço. E graças a ele que a viagem no tempo é possível. A partir dessa parte começam a se ter várias notas de rodapés e expressões explicando física subatômica, história, biologia e línguas. Tudo para mostrar que é possível viajar no tempo e viver em pleno século I. Ele teve que aprender grego, árabe e diversas variantes, cultura e religião de todos os povos com quem ele poderia se envolver na sua "viagem".
Essas explicações são muito técnicas e detalhadas podendo enfadar e levar a desistência todo esse povinho de letras e humana que diz ler "de tudo"( sim isso foi um cutucão em algumas pessoas ù.ú). Mas ela são importantes pra tornar sólido a ideia da possibilidade de isso ter acontecido, já que ele diz que aconteceu realmente. Então por mais doloroso que seja, deve-se ler esses trechos para entender depois a história e vários termos que vão ser retomados mais adiante.
Depois, começa o relato da viagem. Quando eles chegam é dia 30 de março do ano 1 d.C. e ficam até 8 de abril do mesmo ano. E esse relado é muito, muito, muito, muito, mas muito minucioso e detalhista. O bastante para encher as 400 páginas seguintes do livro em letras muito pequenas e páginas branca me incomodando na leitura e aumentando ainda mais o tempo de leitura, pois eu me cansava mais facilmente do que numa folha mais amarelada ou numa letra maior. daí o porque de eu recomendar a nova edição da Planeta que tem uma letra mais gostosa de se ler e uma capa muito bonita também.
Ao longo dos dias que o Major fica ele consegue ter várias conversas muito interessantes com Jesus, algumas até que poderiam contradizer muito do que religiosos pregam hoje em dia como palavras dele( "amai-vos uns aos outros" ele falou certeza, ok?), e temos também alguns eventos que não ocorrem como na bíblia. Tudo é cheio de referências a artigos de professores ou livros antigos usados para pesquisa. Então se essa "viagem" não aconteceu, Benítez teve que ler e pesquisar MUITO pra fazer esse livro, só isso já deu umas boas duas estrelas pra ele no meu conceito( ^^d).
Temos durante todo o livro um embate político entre judeus de diferentes facções(esse não é o termo correto mas eu não achei o certo, me desculpem) e o poder do imperador Romano e no meio disso tudo temos Jesus com seus apóstolos com armas para defendê-lo(sim alguns andavam armados) enquanto ele não reconhecia César como um Deus, apenas como um mortal como ele, e pregava o amor ao próximo, a compaixão e a empatia acima de lucros ou regras religiosas. Jesus desafiava tanto do judaísmo que ele entrou em Jerusalém em cima de um burro para contestar que o filho de Deus entraria em cima de um cavalo branco como um grande rei, muito pelo contrário ele era filho de um carpinteiro e entrou com um burrinho mesmo.
Como falamos de durante cristo e oriente médio, o papel da mulher no livro é mero coadjuvante, mesmo Maria só aparece em umas poucas cenas no final e não é tão ativa quanto eu gostaria. Mas mesmo assim, Jesus é bem igualista com elas de uma forma que chegava a ser revolucionário na época simplesmente pelo fato de se cercar com mulheres e homens praticamente em número iguais para ouvir seus ensinamentos.
A parte da crucificação é horrível. Ele descreve desde a aprovação política quando Jesus não nega nenhuma de suas teses e depois biologicamente de uma maneira impecável como cada músculo e órgão responde as chibatadas, aos abusos e a todos os ferimentos morais e físicos que ele recebe de seus carrascos romanos. De longe, foi uma cena digna de George Martin devido ao caráter violento e forte. Mas assim segue até um dia antes da Ressurreição, que é onde acaba o livro.
O que mais me impressionou quando eu terminei o livro( mas a aventura continua porque tem mais 8 volumes da série) foi o fato de não existir nenhuma produção do History Channel ou do Discovery para série ou coisa parecida. E esse material seria um filme incrível para Hollywood fazer também pois ele envolve ficção científica, religião, política e muitas cenas de violência. Ainda acho que daria uma ótima produção americana, mas se a Espanha se prontificar a fazer com o Cuarón( eu sei que ele é mexicano mas eu gosto dos filmes dele!) ou com o Bille August( direto de "Trem noturno para Lisboa") eu não iria reclamar.
Enfim, esse livro me motivou a ler "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" do Saramago e já recomendado pela Tati Feltrin, quem sabe ele também não desmistifica Jesus e o torna só uma pessoa que como Gandhi só queria o amor e a compreensão entre as pessoas.
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http://livrosenipon.blogspot.com/2015/07/resenha-operacao-cavalo-de-troia-1-j-j.html