Mary Manzolli 11/07/2021
Viagem ao Peru dos anos 50
Um dos livros mais conhecidos e lidos do autor. Autobiográfico mas sem grande apego em ser, completamente, verídico, porém com muitas lembranças da sua juventude na Lima dos anos 50, em que aos 18 anos, é um estudante de direito, desapegado e desinteressado, na melhor universidade do Perú, com pretensões literárias e trabalhando em uma emissora de rádio.
São duas histórias que se alternam:
1° História - é o seu romance com tia Júlia, a irmã da esposa de seu tio, uma mulher divorciada com o dobro da sua idade.
2º História - é a de Pedro Camacho, um talentoso e excêntrico escritor de radionovelas boliviano, cujos enredos mirabolantes fascinam os peruanos, e que é contratado na radio onde Mário trabalha. A partir de certo ponto na história começa a perder o controle de suas novelas, fazendo com que seus personagens transitem de uma novela a outra, confundindo enredos, personagens, profissões e parentescos. Como os capítulos da história de Mario são intercalados com trechos das novelas de Camacho, possibilita que o leitor acompanhe e participe da evolução desta confusão mental.
Mesclando humor e romance, o livro é uma sátira aos melodramas radiofônicos em que a própria autobiografia se torna um melodrama recheado de clichês e esteriótipos. Um livro interessante, surpreendente e original que, com muita sutileza, nos insere na cultura, hábitos, músicas, danças e gastronomia peruanos, mostrando o lado popular e também ou outro mais elitizado.
Uma obra madura, bem escrita e pouco convencional, cujo final foge do lugar comum.