Guxta 15/11/2021Uma gangorra...Na minha opinião esse livro possui altos e baixos frequentes, capítulo após capítulo. Tudo começa de forma leve e divertida (tirando o prólogo), mas até o final muitos problemas são observados.
Ainda antes da primeira queda brusca, os diálogos entre os personagens principais (Rand, Perrin, Mat e Egwene) me causaram um pouco de desânimo devido ao tom infantojuvenil que o autor aplica, mas até aí tudo bem. São personagens jovens e ainda imaturos. A falta de informação do que estava acontecendo também me causou estranheza. É compreensível que esse elemento misterioso faça parte da trama, tendo em vista que há lendas e profecias a serem tratadas e reveladas, porém esse tom se prolonga por muito tempo, tornando dois personagens (Lan e Moiraine) extremamente chatos até quase a metade do livro.
Em um determinado momento a coisa se transforma pra mim. Em apenas um capítulo tanta coisa boa acontece que eu me convenço de que tudo vai mudar. A quem leu, falo da passagem por Shadar Logoth. Simplesmente perfeito. A chegada ao local, sua exploração, o encontro com uma determinada criatura e a fuga desesperada do lugar, que introduz uma segunda criatura igualmente muito interessante. Infelizmente essa sensação dura pouco e é a partir daí que, na verdade, tudo desanda.
São quase 200 páginas de muita barriga. Muita repetição, capítulos completamente desnecessários. Não entrarei em detalhes para que não haja spoiler, mas são passagens praticamente idênticas. Estalagem, encontro e fuga.
Por volta da página 500, a coisa melhora um pouco novamente. As coisas vão entrando no eixo, novas situações vão acontecendo e finalmente há uma real evolução na história. Mas, infelizmente, o final acaba sendo muito mirabolante e são tantas coisas jogadas ao mesmo tempo na cena mais importante do livro, que é como se um pintor usasse todas as cores de uma só vez em um quadro minúsculo.
Ao contrário do que algumas pessoas dizem, O Olho do Mundo não é um livro complexo ou cheio de informações. A série, como um todo, pode sim ser tudo isso, mas tudo que é apresentado nesse primeiro livro é fácil de digerir. Claro que não há respostas para tudo somente nele. Você irá entender melhor sobre as Aes Sedai em outro volume. O mesmo acontece com os Filhos da Luz. Mas no que esse volume se propõe, que é introduzir o descobrimento do Dragão Renascido, está bastante claro. O problema é apenas a inexperiência de um autor que se prolonga onde não deve e não se aprofunda onde deveria (ou quando o faz, se embola ainda mais se empolgando ou fazendo isso desordenadamente).