Lanna Victoria 08/08/2020A violência da era da positividadeNeste livro, Byung Introduz a mudança de paradigma que presenciamos no século XXI: estamos em uma era de violência neuronal, em contraste com uma era imunológica prévia. Apesar de temermos epidemias virais ou bacterianas, as doenças do século são TDAH, depressão, síndrome de Burnout, entre outras, que não são desenvolvidas por reações imunológicas contra o que é estranho (negativo/antígeno), mas sim provocadas pelo excesso de "positividade". Byung-Chul Han expande esses conceitos das ciências médicas para o âmbito das ciências sociais e inicia toda uma reflexão da sociedade pós-moderna. Hoje, o zeitgeist não é o ataque ao estranho ou hostil, não há uma reação imunológica, mas, na verdade, a violência atual parte do igual, do exagero de positividade e igualdade. É uma violência sistêmica, violência neuronal ou “violência da positividade”.
Este livro mudou minha forma de pensar a nossa sociedade e a mim mesma. Me vi inscrita na era da positividade, que se manifesta também como o excesso de informações, estímulos e impulsos. Esse excesso de positividade, reforçado por uma cultura de expressão de individualidade que enaltece o desempenho é justamente o criador das coerções modernas. Byung diz que "A lamúria do indivíduo depressivo de que nada é possível só se torna possível em uma sociedade que crê que nada é impossível". Não se diferencia mais agressor e vítima e a tal liberdade do século XXI, se contrastada com a prévia sociedade de Foucault, é paradoxal, pois a violência é inerente ao sujeito, e ela própria é coativa.
Byung me fez me afastar da ilha do desempenho para conseguir observá-la e criticá-la. Me fez ter vontade de resgatar a capacidade contemplativa em meio à frequente multitarefa. Aprendi que o tédio/ócio é essencial ao processo criativo, no entanto o ego hiperativo da sociedade é intolerante a pausas, é inquieto e marcado por uma rápida mudança de foco. A inquietação não gera nada de novo, reproduz e acelera o já existente.
Um livro tão curto, mas tão denso. Convido vocês a estudarem Byung. Talvez esse livro não os atinja da forma dilacerante que me atingiu, mas certeza vão aprender bastante.