Lorena 28/09/2017
Tá todo mundo mal
Livro de Youtuber. Livro sobre crises. Para fazer algum sentido é preciso ter assistido um ou dois dos vídeos da Julia (a Jout Jout) no canal dela no Youtube. Do contrário você poderá abandoná-lo na primeira crise futil exagerada.
Em seu canal, Julia ganhou noteriedade e milhões de seguidores por tratar de temas tabus e polêmicos de forma leve, descontraída e com aquele humor. Ela também dialoga com diversos assuntos "crises pessoais" que muitas vezes você se identifica. Porém, não dependendo de ser profundo ou raso, os videos da Jout Jout são, em sua maioria, super engraçados e descontraídos e faz com que ela seja reconhecida e colha bons frutos do seu trabalho.
Voltando ao livro, o mesmo possui essa mesma linha de conteúdo. Já na capa é possível encontrar os dizeres "O livro das crises" e uma Jout Jout desenhada de cabeça para baixo. O seu então namorado Caio Franco faz as devidas apresentações/prefácio e em seguida Jout Jout comparece também com uma manifestação de si mesma. A partir desse ponto, o leitor tem acesso ao "corpo do livro", onde quarenta e seis crises das mais diversas e diferentes níveis de complexidade o compõe.
Julia tem uma escrita leve, perspicaz e próxima do leitor. Contudo, nitidamente ela escreve já com a voz do mesmo canal que faz sucesso na internet. O que para a "família Jout Jout" foi um presente e tanto, pois teriam a "voz" que tanto gostam em vídeos, registrada e arquivdas em páginas. Contudo, para quem apenas se simpatiza com a Jout Jout dos vídeos, quarenta e seis crises documentadas em um livro podem se tornar bem cansativas. Principalmente onde algumas possuem como tema "puns quentinhos", "tamagotchi" e outras superficialidades. No canal isso faria (ou fez ou ainda fará) muito sucesso, porém em um livro já não tem o mesmo efeito e se torna exaustivo. E não são poucas, as crises. São quarenta e seis!
É um livro para talvez ser lido aos poucos, entre um intervalo e outro. Entre um livro e outro você corre nele e espia um vídeo, digo, um capítulo crise e talvez você se divirta tanto quanto se realmente tivesse soltado o play no canal dela. E com tudo isso, sei que é um bom livro porque cumpre o que promete e é possível visualizar a voz da autora, onde ela permanece leal a si mesma. E no final, é isso que realmente conta.
"Sempre quis escrever livros, várias editoras querem que eu escreva, minha mãe quer, provavelmente a família Jout Jout não vai se opor, então me dá esse contrato aqui que eu quero assinar. Uma vez assinado, veio um pensamento de importância secundária: porque foi que eu assinei um contrato que diz que vou escrever um livro, se eu não tenho absolutamente nada sobre o que escrever?
[...] Decidi então escrever um livro: não sobre minha vida, mas sobre minhas crises, e, enquanto eu tentava entender a crise de escrever um livro, de vez em quando me esquecia de que tinha que me preocupar com isso e acabava achando ótimo escrever sobre o que eu tinha escolhido escrever.
[...] Sem crises, parece que você não se transforma. E, se você não muda, você para."