caokasaki 01/06/2024
Joan Didion escreve sobre o luto de forma cotidiana e visceral
Através do relato da sua experiência com o luto após a morte de seu companheiro John, Joan Didion coloca um foco diferente sobre nossos próprios lutos. Parte de uma abordagem inédita sobre o luto, do ponto de vista de alguém que não apela para a religião e nem para a psicologia para abordar tal questão. Ao contrário, Didion está sempre colocando em xeque essas duas instituições, situando que o real é totalmente diverso e apartado daquilo que é colocado pelos modelos.
Um livro forte, perturbador e, ao mesmo tempo, acolhedor à sua maneira. Algo que levo para mim, desse livro, é: sinta. Sinta o que tiver que sentir. Nunca negue os seus sentimentos, mesmo que racionalmente eles não façam sentido algum. Não haver razão não é motivo suficiente para algo não existir. O luto é também uma experiência da loucura.
*Joan disse que a parte mais difícil desse livro foi finalizá-lo, pois assim que ela o fizesse, estaria mais distante de John. Escrevo essa resenha, mas ainda não terminei o livro: restam dezoito páginas não lidas, que larguei de maneira espontânea. Passado um tempo, resolvi que não iria retornar para ler as páginas restantes - ainda. Seguindo o que aprendi com Joan, vou deixar para fazer isso no meu tempo. Afinal, tenho uns quarenta anos a menos que a autora tinha quando escreveu esse livro e gosto de pensar que ela "me entenderia". Ainda quero ter a sensação de que não o finalizei. E, assim, John e Joan ainda viverão mais um tempo comigo.