@thereader2408 04/04/2022A perda da inocência"A Noite Escura e Mais Eu'' da maravilhosa Lygia Fagundes Telles, foi publicado originalmente em 1995 e é composto por nove contos que carregam toda a experiência literária da Dama da literatura brasileira, tem forte viés dramático. Dos nove contos, sete são narrados por mulheres, o que é típico da literatura de Lygia, ela procura representar em sua obra a força feminina. Os outros dois contos são narrados por um cachorro e um gnomo de jardim, este último encerra a coletânea de contos.
O título do livro foi inspirado em uma poesia de Cecília Meireles, "Assovio". Em geral os contos relatam histórias marcadas por destinos complicados e situações conflitantes em algum momento de suas vidas, seja por circunstâncias extrínsecas, seja por traumas dos fantasmas do passado. Com toda certeza, essa coletânea é uma das melhores da autora e revela toda a sua técnica e domínio da linguagem.
Os contos tratam, além de conflitos externos e internos, de velhice, solidão, eutanásia, loucura, suicídio, homossexualidade, impotência sexual, medo, morte e amor. Alguns contos como o que inicia a coletânea começa de forma sombria e um tanto misteriosa, Dolly te prende do início ao fim...É lindo ver a poesia na prosa da Lygia e como ela explora e descreve realisticamente os sentimentos mais profundos dos personagens, assim como seus desejos e esperanças.
De acordo com o crítico literário, Alfredo Monte, os contos denotam um rito de passagem, um teatro da inocência. Onde os personagens em algum momento da vida vão perder a inocência ao tomar um choque de realidade, isso é mais evidente em "Dolly" e "Boa note, Maria". Monte também divide o livro em 3 parte, eu achei bem interessante essa teoria.
Seriam eles: Parte 1 - Atmosferas passionais e trágicas ( Dolly, Você não acha que esfriou? e o O crachá nos dentes); parte 2 Conflito feminino (Boa noite, Maria, O Segredo e Papoulas em feltro negro) e; parte 3 Situação de impotência (A Rosa Verde, Uma Branca Sombra Pálida eAnão de Jardim). Ler Lygia é absurdamente humano, às vezes complexo, às vezes difícil, às vezes cansativo, nem sempre feliz e sempre muito interessante, como nós somos.
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