Dri 22/12/2022
"Segredos pesam como chumbo."
Um grupo de sete estudantes de teatro em uma faculdade de elite se envolve em acontecimentos sombrios que são explicados anos depois por Oliver, o membro do grupo que foi preso. Será que ele realmente cometeu o crime? E o que aconteceu anos trás com o grupo de amigos viciados em Shakespeare?
If we were villains é um livro misterioso, agridoce, com muitas nuances de Shakespeare, é tudo uma grande homenagem a ele e ao teatro. Os personagens tem sentimentos complexos. ações questionáveis, egos gigantes e são muito difíceis de gostar, mas eu achei impossível parar de ler sobre esses seres tão fascinantes.
Tem crime, mas não é um thriller. Esse livro é uma grande fofoca edificante com muitos casos de bastidores, intrigas entre amigos e disputas entre os atores. Viciante!
O clima do livro é muito teatral, os personagens ensaiando para as peças de Shakespeare, o tempo inteiro dialogando de maneira exagerada e citando trechos de Shakespeare na íntegra.
A autora se comprometeu tanto com esse clima de peça de teatro que o livro é dividido em atos e esses atos são divididos em cenas.
Amei como a M. L. Rio foi mostrando como era tênue (e muitas vezes inexistente) a linha que separava a vida real do teatro pros 7 amigos.
Meu único problema foi justamente o monte de Shakespeare aqui. É preciso ter um base desse autor pra entender as inúmeras referências e diálogos. E com o tempo isso me cansou.
Ainda dá pra entender a história no geral e por isso minha experiência foi muito positiva. Fiquei presa na narrativa, queria saber mais desses personagens instáveis.
Aqui tem uma tensão crescente maravilhosa, uma melancolia e muitas cenas bem dramáticas que eu amei acompanhar. Dei 4 estrelas.
"Para alguém que amava palavras tanto quanto eu, era incrível a frequência com que elas me falhavam."
"Os atores são, por natureza, voláteis - criaturas alquímicas compostas por elementos incendiários, emoção, ego e inveja. Aqueça, misture e, às vezes, você ganha ouro, às vezes desastre."
"Era uma vez, nós. Nós fizemos coisas ruins, mas elas também eram necessárias - pelo menos pareciam ser. Olhando para trás, anos depois, não tenho tanta certeza se eram."
"— Por que você não me conta o que aconteceu? Sem performance. sem poética.
— Para nós, tudo foi uma performance."
"— Você culpa Shakespeare por alguma coisa? —
A pergunta é tão improvável, vinda de um homem tão sensato, que não consigo reprimir um sorriso.
— Eu o culpo por tudo isso — eu digo."