Da poesia

Da poesia Hilda Hilst




Resenhas - Da Poesia


65 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 2 | 3 | 4 | 5


fabio.ribas.7 15/01/2020

Poesia Completa
Sempre gostei dos versos da HH. E motivado pela leitura de "Eu e não outra", acabei lendo também toda sua obra poética reunida num único volume e o testemunho do Yuri, que é o 3º livro que apresento aqui.

Há coisas que eu não concordo com a HH, mas, por que lemos autores e nos pegamos fascinados por parte de suas obras? Acho que me maravilho em descobrir como o outro vê a si mesmo e ao mundo, como ele vê o outro, como o outro é capaz de lampejos de luzes, mesmo quando está tão perdido.

Gosto de ouvir o outro. Gosto de escutar suas histórias. E o livro "Eu e não outra" vale por ser uma escrita muito boa e envolvente, além de mostrar algumas faces diferentes da HH e não apenas a de poetisa pornográfica. Muitas outras HHs estão ali: a sedutora, a irresponsável, a amante, a espírita, a bruxa, a obscena, a perdida, a medrosa, a pagã, a edipiana...

Somos humanos de uma humanidade partida, ferida e quedada! Que tal, então, uns versos da Hilda Hilst (estes versos, que tanto impactaram Cecília Meireles, foram escritos quando HH tinha apenas 18 anos):

"Somos iguais à morte, ignorados e puros e bem depois o cansaço brotando nas asas seremos pássaros brancos, à procura de um Deus".

Hilda Hilst me foi apresentada por professores de literatura na Faculdade. Creio que a obra dela seja ainda muito restrita ao público em geral e arrisco dois motivos para isso: é uma obra filosófica e também de forte apelo erótico. Para quem se aprofunda em seu trabalho, principalmente no que ela escreveu a partir do início da década de 70, sabe bem que tudo o que ela escreveu carrega uma forte carga blasfemadora. Então, uma escritora instigante e difícil. Mas, sem sombra de dúvida, Hilda Hilst é porta-voz da sua geração e admirada por muitos teólogos e filósofos pós-modernos. Hilda Hilst é autora de poesias, prosa de ficção e teatro, sendo que entre suas obras de ficção mais citadas está a “A obscena senhora D”.

Sei que muito já se escreveu sobre a poesia e a prosa de Hilda Hilst. No entanto, quero olhar para a teóloga, a filósofa que discorreu em versos, em obras de ficção e no teatro sua luta contra o Deus judaico-cristão. A poesia de Hilda é fortemente marcada pela presença de Deus e pela luta travada contra esse Deus. Hilda Hilst não O aceita como Ele é, por isso ela se volta para desconstruí-lo pelo poder de sua palavra escrita para fazer dEle um novo ser à imagem e semelhança da poetisa (ou, pelo menos, fazer de Deus um Ser mais digerível ao seu paladar). E para operar tal reconstrução, ela precisa primeiramente atacá-lo, destruí-lo, reduzi-lo ao pó.

Então, o novo deus de Hilda é o deus do seu tempo. Ler Hilda Hilst é ler em verso a teologia do processo, a teologia da Libertação; é ler em estrofes e rimas Leonardo Boff, Ricardo Gondim e toda a perdição do descaminho da teologia liberal desde o século XIX. Se Boff e Ricardo Gondim são os profetas de uma teologia humanista e centrada tão somente no homem, Hilda Hilst, por sua vez, é a bruxa, é a sacerdotisa, é a serpente que repete o discurso da teologia liberal européia e que confunde o que se sabe sobre Deus, levando uma multidão à adoração de Gaia (a nova deusa de Boff, do Partido Verde e tutti quanti).

Hilda sabe que há uma outra tradição e que o que Boff e tantos outros estão fazendo no campo da teologia, ela deve fazer no campo das artes. O plano da mentalidade revolucionária é cultural. A pregação deve acontecer em todas as esferas da vida e assumir as roupagens necessárias para se infiltrar em todos os ambientes: o novo paradigma pagão precisa ser implementado não só na teologia e na filosofia, mas, principalmente, deve moldar a economia, as artes, as universidades, a música, a arquitetura, a escola, os casamentos, as famílias, enfim, a revolução pagã (como toda revolução) é sempre um fenômeno epistemológico.

E como Hilda Hilst colocou em prática a sua agenda artística pagã? Ela concentrou o seu trabalho literário na pessoa de Deus, confundiu as palavras da tradição judaico-cristã, esvaziando e dando a elas novos significados. Assim, quando Hilda fala de Deus, ela o está transmutando para que Ele se encaixe dentro da teologia da Nova Era. Quando ela fala do Pai, do Filho, do amor, do ódio, da violência, do sexo, enfim, todas as palavras são preparadas para que o efeito final seja o de destronar o Deus judaico-cristão. E Hilda Hilst escolheu o caminho do erotismo para isso. Na busca pelo novo deus, ela o busca em um texto fortemente marcado pelo erotismo, pela espiritualidade erótica: uma espiritualidade da carne – da carne dela e da carne de Deus!

Aqui, Hilda revela toda sua mística à moda dos grandes medievais como, por exemplo, Tereza D'Ávila, Juan de La Cruz e São Bernardo, que são místicos cristãos cuja espiritualidade também se manifesta escandalosamente por um viés erótico, amenizado sob a desculpa de que as descrições de suas orações e transes fossem simplesmente alegorias. Todavia, são verdadeiramente tão pornográficos como Hilda Hilst em suas buscas por Deus (já os leu?). Mas, enfim, que deus eles procuram? Para Hilda Hilst, sua espiritualidade é carnal, é pagã, é o retorno da figura da bruxa e dos seres incubus e succubus. E na sua busca por Deus, o seu desejo se manifesta numa luta contra e à favor do objeto do seu desejo: Aquele que crucificou tão sadicamente o próprio Filho, segundo Hilda compreendia. Para Hilda, para que haja essa entrega mútua entre ela e Deus, Deus deve mudar primeiro! E mais uma vez, aqui, Hilda põe em versos as teologias de Rubem Alves e Leonardo Boff – ela é a sacerdotisa de uma cosmovisão, de uma Tradição, de uma mentalidade e de toda uma teologia liberal neopagã... Mas, enfim, que deus eles procuram?!
_____________________________________________________Mais sobre Hilda Hilst:

"Deus é muito complexo. É muito difícil falar de Deus. Só na poesia mesmo"
"Deus? Uma superfície de gelo ancorada no riso!"
“Posso blasfemar muito, mas o meu negócio é o sagrado.
É Deus mesmo, meu negócio é com Deus.”
Hilda Hilst
Cadernos: Noutras palavras, a sua poética, de certo modo, sempre foi a do desejo?
Hilda Hilst: Daquele suposto desejo que um dia eu vi e senti em algum lugar. Eu vi Deus em algum lugar. É isso que eu quero dizer.
Cadernos: E a importância de Deus diminui também agora?
Hilda Hilst: Não preciso mais falar nada, entende? Quando a gente já conheceu isso, não precisa mais falar, não dá mais pra falar.
Cadernos: É, portanto, um esgotamento da linguagem, um impasse, digamos, "expressivo", que leva ao silêncio?
Hilda Hilst: É verdade. Leva ao silêncio. Eu fui atingida na minha possibilidade de falar. Lá do alto me mandam não falar. Por isso é que estou assim.
Cadernos: Sua obra, no fundo, então, procura...
Hilda Hilst: Deus.
Cadernos: Ele não significava o Outro, o outro ser humano?
Hilda Hilst: Deus é Deus. O tempo inteiro você vai ver isso no meu trabalho. Eu nem falo "minha obra" porque acho pedante. Prefiro falar "meu trabalho". O tempo todo você vai encontrar isso no meu trabalho.

(Cadernos de Literatura Brasileira - Hilda Hilst / Instituto Moreira Salles - São Paulo - SP: Outubro de 1999.)
__________________________________________

"Para alguns críticos, como Léo Gilson Ribeiro, trata-se do "maior escritor vivo em língua portuguesa". Para outros, simplesmente ilegível, incompreensível em seu código expressivo pessoalíssimo e deliberadamente cifrado" - Caio Fernado Abreu à época da publicação de "A obscena senhora D"

Do desejo - V ( Hilda Hilst )
Existe a noite, e existe o breu.
Noite é o velado coração de Deus
Esse que por pudor não mais procuro.
Breu é quando tu te afastas ou dizes
Que viajas, e um sol de gelo
Petrifica-me a cara e desobriga-me
De fidelidade e de conjura. O desejo
Este da carne, a mim não me faz medo.
Assim como me veio, também não me avassala.
Sabes por quê? Lutei com Aquele.
E dele também não fui lacaia.

Por fim, como um livro leva a outro. Da biografia de Hilda Hilst, fui à compilação de todos os seus poemas, onde podemos ver a maturação da poetisa, desde o seu primeiro livro até o último, e isso para mim foi fascinante. E dessa compilação, segui para o ótimo e delicioso livro do Yuri. Um livro que é o testemunho de uma vivência com uma escritora extraordinária. Conhecemos outras facetas de HH pelo olhar de Yuri e acabamos sendo apresentados ao autor e a tantas pessoas conhecidas e outras desconhecidas que estiveram, vez por outra, presas ao poder atrativo da dona da Casa do Sol. Indico também esse livro de escrita agradável e fluida aos que amam o ser humano em sua beleza e suspeita também. Enfim, um roteiro em 3 livros para conhecer HH.

site: https://www.facebook.com/fabio.ribas.7
comentários(0)comente



Elô 23/03/2023

Hilda
A pequena Hilda, sempre terá um espaço dentro de mim, assim como Clarice, ?da poesia? me lembrou muito Clarice Lispector. Hilda e Clarice falam da melancolia e dessa tristeza humana, da mesma forma como gostaria de conseguir descrever como me sinto. Ainda bem que as tenho para me fazer companhia nos momentos que não sei ao certo como me sinto ou se sinto.

Como ja cantou Manu Gavassi: poetas me ensinam como sobreviver.
comentários(0)comente



Augusto Bogo 03/02/2021

Incomparável
Hilda é a minha escritora favorita. Mulher que consegue me tocar profundamente com suas palavras.
Livro maravilhoso!
comentários(0)comente



Giovana 22/02/2021

Incrível. Maravilhoso.

Sou fã de Hilda Hilst. Sua poesia é indescritível, muito bem escrita. Apenas elogios.

Vale muito a pena saborear esse livro.
comentários(0)comente



Mariane 28/02/2023

Hilda Hilst era um furacão
Durante a leitura da obra eu me fiz íntima de Hilda Hilst e fico imaginando o quão interessante deveria ter sido conhecê-la pessoalmente. A mulher não tinha papas na língua e talvez por ser tão franca/intensa em suas ideias, em seu trabalho e em seu jeito de ser e de viver é que o público da época rejeitou por um bom tempo as suas obras. Uma pena! Como ela mesma disse: ser poeta no Brasil é uma merda! rsrsrs
Pude sentir o peso de suas palavras e o quanto isso traduziu muito a sua jornada vivida em toda a plenitude possível.
Maravilhosa, é só o que tenho a dizer.

Obs: a leitura tem que ser feita aos poucos, sentida e debulhada. Caso contrário, os textos parecem em outra língua. Ative também o seu imaginário e terá uma ótima experiência.
comentários(0)comente



May 10/09/2021

Tu não te moves ti
Livros maravilhosos. Ler a obra poética de Hilda é uma atividade que faço mensalmente. Foi um desafio, mas quanto mais é lida, mais compreendo e (res)significo.
comentários(0)comente



RayLima 16/11/2021

Da Poesia
Não sou uma grande leitora de poesia, apesar de apreciar esse tipo de texto, ainda não encontrei uma forma prática e não-cansativa de ler um livro desse estilo. Mas deixando isso de lado, gostei bastante da escrita intensa de Hilda Hilst e quero ler mais coisas dela.
comentários(0)comente



Jessy 16/01/2023

Hilda mais abstrata que nunca?
Me sinto absurdamente feliz e tocada depois de ter lido esse livro magistral. Na mesma medida que me sinto triste em saber que hilda se sentia frustada em perceber que as pessoas não entendiam suas poesias, e optaram em não lerem. Suas palavras não são um bicho de sete cabeças se forem lidas como uma degustação. Hilda brilha em tudo que se propõe a fazer. Ela sempre será o momento.
comentários(0)comente



Lari 24/08/2022

Hilda Hilst traz, ao meu ver, os sentimentos vários que experimentamos em versos de forma latente, pulsante, cru, real, forte.

Recomendo muito a leitura, se possível, em pequenas doses, para que seja saboreada cada palavra, cada poesia.
comentários(0)comente



Matt 11/06/2021

Nesse aqui, tem poesias tão simples e profundas ao mesmo tempo, são coisas que podem até te complicar, não de uma forma ruim, eu digo complicar querendo dizer que podem te fazer parar de ler e começar a refletir sobre o que você tá lendo, podendo fazer analogias com a sua própria vida até.
comentários(0)comente



Biblioteca Álvaro Guerra 20/09/2019

Pela primeira vez, a produção poética de Hilda Hilst, dispersa em mais de vinte livros, é reunida em um único volume.

Empreste esse livro na biblioteca pública

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. Basta reservar! De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535928853
comentários(0)comente



Marcos Nandi 30/12/2021

Amo
Não sou muito fã de poesia, mas Hilda Hilst me surpreende a tudo que se propõe.

Minha autora favorita da vida, HH, já nos seus primeiros textos demonstra aquilo que encontraríamos em sua prosa: a pornografia, o sagrado (e o profano), sua relação com a morte e seu pai. Esta última relação sempre foi conturbada, por seu pai nunca ter querido uma filha e depois foi internado numa clínica por esquizofrênia.

Enfim, textos primorosos, e com uma bela fortuna crítica.
comentários(0)comente



It's Gi (Taylor's version) 28/11/2023

Isso é poesia!
Não conhecia a Hilda Hilst poeta e confesso que me surpreendeu e de uma maneira completamente positiva!
O que ela escreve é poesia, dessas de verdade!
A poesia de Hilda Hilst tem emoção, tem ritmo, tem loucuras, tem a realidade e não precisa de mais nada, nem de métrica é incrível por si só.
Não vou conseguir colocar todo meu encantamento por esses poemas em palavras, mas fica aqui minha indicação de leitura mais sincera.
comentários(0)comente



. J e n n i . 04/01/2023

Bom?
Um livro muito bom para quem quer se aprofundar mais nas leituras sobre poesia de uma forma uma forma simples e profunda.
comentários(0)comente



Mila F. @delivroemlivro_ 24/08/2017

Aos amantes de poesias...
Não tinha lido quase nada da Hilda Hilst antes de ler Da Poesia, somente alguns fragmentos e poesias que via vez ou outra espalhados pela internet, portanto, quando soube dessa publicação fiquei tão empolgada que não perdi a oportunidade de conhecer mais uma poetisa brasileira.

O que mais gostei dos poemas de Hilda Hilst foi a inteligencia com que ela expunha sentimentos ou contava pequenas histórias. Na verdade o que gosto ao ler poesia é que, diferentemente de uma prosa o leitor tem que sentir o que está escrito, pois só assim ele conseguirá entender um texto poético. Resultado: alguns dos poemas de Hilda me comoveram, me emocionaram, me renderam várias emoções, mas outros eu simplesmente não entendi, provavelmente porque não me identifiquei com os sentimentos ali expostos.

Isso é um ponto ruim? De modo algum, penso que, quando for reler a obra novamente, vou ter novas experiências e quem sabe poderei amar e entender estes poemas que não consegui sentir nesta minha primeira leitura?! Definitivamente, amo poesia e sempre que me deparo com livros e coleções assim fico arrependida por não me jogar mais nesse tipo de leitura.

Temas sobre amor, solidão e morte são bastante constantes na lavra poética de Hilda Hilst o que prova que, realmente todos estamos familiarizados com esses sentimentos e temos possibilidade de compreender sua obra. De fato, esses temas caem bem no texto poético pois são experiências coletivas - por mais individualizadas que sejam - o homem é alguém que no passado, no presente ou num futuro vive cercado por esses sentimentos, aspirações e medos.

Da Poesia é um livro único, singular e, definitivamente, perene. Poesia é sempre algo perene, pois independente da evolução tecnológica sempre teremos sentimentos comuns e singulares, poesia é a transcrição desses sentimentos de forma artística (a única forma possível para expressá-los) e que ganha tradução através de pouco seres inspirados: os poetas.

site: www.delivroemlivro.com.br
comentários(0)comente



65 encontrados | exibindo 46 a 61
1 | 2 | 3 | 4 | 5


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR