Evy 11/10/2023Incomum e maravilhoso!Publicado em 1974, "Os Despossuídos" explora temas sociais, políticos e filosóficos complexos que reverberam até os dias atuais. A simplesmente genial Úrsula K. Le Guin, que se tornou uma das minhas autoras favoritas de ficção científica, usa a distopia e a utopia para analisar as implicações de sistemas políticos e econômicos em suas sociedades fictícias. Vale ressaltar que é situado no mesmo universo ficcional de A mão esquerda da escuridão, outro clássico da autora que recomendo demais a leitura.
A história se desenrola em um cenário futurista e envolve os planetas gêmeos Anarres e Urras. Enquanto Urras é um mundo de abundantes recursos com extremos de riqueza e pobreza e guerras políticas, Anarres é um planeta recluso e anarquista cuja visão utópica cria uma ilusão de sociedade perfeita. A trama se concentra em Shevek, um físico teórico de Anarres, que busca quebrar as barreiras do isolamento de seu planeta e compartilhar seu conhecimento científico com o mundo mais desenvolvido de Urras.
Vale ressaltar os importantes temas abordados nessa narrativa simplesmente brilhante de Le Guin que traz os contrapontos de duas sociedades totalmente opostas e levanta reflexões sobre comunicação, colaboração e isolamento. O livro explora o conflito entre o individualismo e o coletivismo e como esses ideais podem se chocar e influenciar o desenvolvimento das sociedades e sua brilhante autora ainda desafia a ideia de utopia, mostrando que mesmo em uma sociedade que busca a igualdade e a justiça, existem desafios e contradições a serem enfrentados.
Não à toa, "Os Despossuídos" é amplamente considerado um clássico da ficção científica e da literatura utópica/distópica. Através de uma narrativa complexa e rica em detalhes, Ursula K. Le Guin convida os leitores a refletir sobre questões políticas, sociais e filosóficas, enquanto conta uma história cativante sobre um homem que busca superar fronteiras e construir um mundo melhor.
Os Despossuídos recebeu o prêmio Nebula em 1974 e os prêmios Hugo e Locus em 1975.
Leitura mais do que recomendada, essencial.