Nina 27/02/2024
O meu preferido!
Em O Peso da Glória, C. S. Lewis aborda temas profundos que requerem uma leitura mais aguçada do que outras obras como Cartas de um diabo a seu aprendiz e Cristianismo puro e Simples, a obra é composta por vários ensaios, dentre eles o mais famoso que intitula o livro.
Considero que esta não é uma leitura adequada para o primeiro contato com o autor, nem para se ler apenas uma vez, a cada leitura há novas descobertas, filosóficas e profundas. Dos contos inseridos neste livro comentarei sobre aqueles que são os meus preferidos.
“O peso da glória” dispensa apresentações, é o conto de abertura do livro, e o que mais gosto, seu conteúdo refere-se a glória que receberemos do Senhor ao receberemos um novo corpo celestial, o mais interessante para mim neste conto é como Lewis aborda a questão do nosso desejo por reconhecimento e sua satisfação celeste, o céu não é composto por almas modestas e sim por aqueles que serão conhecidos por Deus, como o autor mesmo diz, é como se fossemos crianças desesperadas por serem elogiadas por seus pais, é muito mais sobre quem dá o reconhecimento do que sobre ser reconhecido.
“Círculo íntimo” foi como um soco no meu estômago, Lewis com maestria descreve como ansiamos por fazer parte de algum círculo, o que é um desejo humano natural, no entanto, podemos nos tornar canalhas ao fazer tudo, até as coisas mais horríveis, para fazermos parte do grupo, desfazendo até mesmo de nossos princípios em troca de sermos incluídos. Para mim esse conto é um contraste com o peso da glória, ansiar ser reconhecido pelos meus semelhantes e ser incluído em seu pequeno grupo independente da aprovação do Criador. É certamente um caminho para o inferno.
Em Membresia Lewis fala sobre a importância de fazermos parte do Corpo de Cristo e como a definição de membro é esvaziada de sentido, ser membro da igreja é como uma família, mãe, pai, irmãos, avós são diferentes e necessários, subtrair qualquer um deles é ferir a família, assim como subtrair pessoas do Corpo de Cristo é causar dano, cada um é diferente e necessário. Além disso, Lewis afirma sua defesa à democracia pelo fato do homem caído não ser confiável com qualquer responsabilidade de poder sobre seus semelhantes. “todo poder corrompe, e o poder absoluto corrompe de forma absoluta”.
O penúltimo ensaio “Sobre perdão” e o último “Ato falho” fecharam com cinco estrelas esse livro incrível, é interessante pensar em como o perdão que pedimos a Deus é quase sempre uma justificativa, e usamos tantas outras para argumentar o porquê de não perdoarmos o nosso próximo. Há uma frase do autor que mexeu muito comigo: “Ser um cristão significa perdoar o indesculpável, porque Deus perdoou o indesculpável em você”. Em Ato falho ele encerra abordando em como há partes da nossa vida que não entregamos genuinamente a Deus, um espaço demarcado, mas, quando isso ocorre, significa que ele não é nosso Senhor. Deus não aceita segundo lugar.
Termino essa releitura com a expectativa de lê-la novamente muito em breve. Até logo!