A glória e seu cortejo de horrores

A glória e seu cortejo de horrores Fernanda Torres




Resenhas - A Glória e Seu Cortejo De Horrores


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lucsoa 10/02/2018

?Muitas vezes, invejei a falta de ambição, a realidade simplória dos meus familiares, a capacidade de vibrar pelas razões mais corriqueiras (...). Seguiam à risca o
calendário oficial, emocionados com os reclames de Natal, as estreias das novelas, as mensagens de fim de ano e os desfiles de Carnaval. (...) A alegria de todos era a deles, já que, na prática, não tinham motivos para se vangloriar.
Deve ser bom ser assim, eu pensava, alternando a repugnância pelo estado vegetativo deles com o sofrimento por ter perdido a inocência de outrora."
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Betinha 23/01/2018

Surpreendente
Hoje vou escrever um pouco sobre o livro “A glória e seu cortejo de horrores”, da autora Fernanda Torres.

Fernanda iniciou sua carreira pública como atriz e, depois de receber diversos prêmios por seus papéis no cinema, teatro e televisão, publicou “Fim”, seu primeiro livro, em 2013. Foi por meio dele que tive o primeiro contato com sua obra literária, há dois anos. “Fim” não me surpreendeu, mas “A glória e seu cortejo de horrores” é uma obra excelente, cativante e profunda.

Nesse livro, acompanhamos Mário Cardoso de 60 e poucos anos vivendo uma crise em sua carreira, iniciada pelo fiasco de da peça Rei Lear. Mário escolheu essa peça para marcar seu retorno ao teatro depois de anos atuando em novelas. Financiada pela Lei Rouanet, a apresentação era um show de bizarrices conduzido pelo diretor Stein.

"A velha crítica do principal jornal carioca consumou a tragédia. Estudiosa de Shakespeare, a dama de ferro ganhava a vida assistindo aos Tem bububu no bobobó dos palcos brasileiros. Capaz de perdoar comédias rasas, era acometida de uma agressividade cruel quando escrevia sobre aqueles que, como eu, se dispunham a enfrentar o cânone. Ela abria com meu epitáfio, e terminava a resenha culpando as leis de incentivo à cultura, por permitirem que uma infelicidade daquela chegasse às vias de fato."

Quando decide encerrar as apresentações, o ator tem que pagar as contas, cobrir o prejuízo da peça, enfrentar o ódio de alguns membros do elenco e lidar com seu contador, desaparecido desde que as prestações de contas de Rei Lear não foram aprovadas pelo Ministério da Cultura. A cereja do bolo é o conhecimento dos recentes problemas de saúde de sua mãe.

"Na altura do Jardim Botânico, minha mãe se aprumou no assento, olhou para a rua apreensiva e virou-se para mim. Perguntou quem pegaria o filho na escola. Que filho?, respondi. Como, que filho? ela disse, o nosso. Um frio gelou-me o coração, uma sensação de abandono ameaçadora. (...) Mãe, argumentei, o seu filho sou eu."

A partir de então, são apresentados fatos do passado que mostram Mário desde os primeiros trabalhos no teatro, com viés político, os primeiros elogios ao encenar Tchékhov, a parceria com a atriz Raquel, seu projeto de interpretar Riobaldo, de Grande Sertão: Veredas e, finalmente, a transição para as novelas.

"Quando comecei no teatro, éramos todos de esquerda, adoradores de Brecht, Górki e Arrabal. Dinheiro era sinônimo de desvio de caráter. Mas o mundo mudou e meus amigos duros se transformaram em párias de trattoria, vestidos de bermuda e chinelo, sem plano de saúde, carro ou perspectivas futuras. Enfrentei a frieza deles, mas tive uma colheita farta."

Mário questiona suas escolhas e caminhos percorridos como ator, as consequências de sua ida para a televisão e os desvios que o conduziram para o momento atual.

"Enquanto esperava minha mãe sair do banheiro, duvidei se, em algum momento, eu havia alcançado, de fato, a essência da minha profissão."

Terminei o livro com a impressão de que deveria conhecer melhor os escritos de Shaskepeare, para ter uma experiência mais profunda com esse livro, por isso quero a opinião de leitores que conheçam Rei Lear e Macbeth. Há relação entre as trajetórias dos personagens principais dessas obras?

site: http://pacoteliterario.blogspot.com.br/2018/01/resenha-gloria-e-seu-cortejo-de-horrores.html?m=1
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Fabricio282 20/01/2018

Fernanda fez Mario fez tantos
desprentiosa leitura segue fluxo quase contínuo pois as quebras não lineares faz com que voltamos aos fatos para conhecer e detalhar uns fatos da trajetória (pode-se ler sem tanto foco, não irá perder a essência) mundo interno de Mario atual com suas redondezas passadas.
O desenrolar do tempo presente/atual do conto foi o que mais me prendeu na sua fracassada cênica, os problemas com a mãe, a crise pessoal.
O desfecho é o ápice da transgressão com a evolução do que podemos aplaudir.
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douglaseralldo 20/01/2018

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE A GLÓRIA E SEU CORTEJO DE HORRORES, DE FERNANDA TORRES OU POR QUE NEM TUDO QUE RELUZ É OURO
1 - Com uma voz narrativa tomada pelo frenesi da memória, em alguns momentos até mesmo verborrágica, o romance fala de ascensão e queda, inclusive propondo a discussão e a reflexão de onde estarão tanto a ascensão quanto a queda, que para além das aparências, as duas podem estar em lados opostos do que realmente aparentam;

2 - A trama de Fernanda Torres narra a vida de Mário Cardoso, jovem estrela dos teatros e da televisão durante os anos sessenta, que no presente "experimentará" todas as quedas proporcionadas pelo cortejo de horrores com os quais da autora procura pincelar a glória, de modo que a glória com suas idiossincrasias e frivolidades torna-se alvo crítico da narrativa;

3 - Para tanto, a autora divide a narrativa em duas partes, a primeira e maior parte, narrada pela intensa e frenética voz em primeira pessoa de Mario Cardoso, que é quando a partir de seu olhar, crítico para si mesmo, vamos nos embrenhando na existência complexa desta personagem, que acima de qualquer ideal, demonstra correr por si mesmo num individualismo que permite-o saltar de um universo ideológico a outro sem dramas ou remorsos, algo que ele só percebera com o tempo avançado, ao refletir suas próprias reminiscências;

site: http://www.listasliterarias.com/2018/01/10-consideracoes-sobre-gloria-e-seu.html
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alex 07/01/2018

A Glória e seu cortejo de horrores
Achei o livro ótimo até sua metade. Depois achei q não se sustenta. Mas vale a leitura!
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Luiz 31/12/2017

Uma beleza. O livro me trouxe uma leitura da arte, do Brasil e até mim mesmo. Além de trechos hilários, que me faziam parar a leitura para dar saborosas gargalhadas.

(Confirmou minha impressão sobre a leitura anterior. O livro do Milton Hatoum, que aborda a mesma época e traz personagens semelhantes, perdeu a oportunidade de se aprofundar em tudo isso que o livro da Fernanda esmiuça, investiga.)

Só achei que a autora acelera um pouco a narrativa a partir do meio do livro. (Ou foi minha impressão, por não querer que a leitura acabasse?) Ela resume passagens marcantes na vida do personagem em parágrafos construídos com frases curtas, sintéticas. Por que será? Sugestão editorial? Será que mais tarde sairá uma "edição do autor", sem cortes?

Por que falar em 200 páginas o que se pode falar em 500?
Leandro Fasoli 02/01/2018minha estante
Olá! Adorei sua observação. Mas em relação às frases curtas e sintéticas é um estilo de escrita da Fernanda, em Fim também foi assim. É um estilo de escrita mais próximo da crônica. Os livros dela nada mais é que crônicas cotidianas em forma de livro.


Luiz 03/01/2018minha estante
... é que eu queria mais.




MatheusH. 26/12/2017

O retrato da decadência de um ator ou ?A glória e seu cortejo de horrores?
Um drama sarcástico, mas extremamente humano faz com que o leitor (independente do gênero) sinta-se na pele de alguém que cometeu susceptíveis erros quando estava cego pela vaidade e que somente após sofrer as consequências de cada um deles se vê envolto de algum amadurecimento.

Leia a resenha completa em www.lidoserelidos.com
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Celso 20/12/2017

Fernanda Torres e seu mundo midiático
Fernanda Torres é uma destas artistas cheia de facetas, tanto como atriz ou escritora. Seu segundo romance, A Glória e seu Cortejo de Horrores repete o estilo sarcástico e olhar quase niilista já conhecido da sua primeira obra de ficção, Fim. Seu anti-herói, o ator Mário Cardoso, vive da glória ao declínio nas mais de duzentas páginas, mostrando o mundo dos atores, lugar para lá conhecido pela escritora.

Mário é um ator com seus sessenta anos que decide montar rei Lear, uma oportunidade para sair do ostracismo. Porém, o projeto descamba quando o ator não para de rir em uma das cenas dramáticas da montagem shakespeariana. A carreira despenca, tendo como alternativa fazer uma novela bíblica, no papel de Lot, e, por fim, ser a estrela de uma propaganda de papel higiênico.

Mesmo sendo ficção, sabe-se que tal acontecimento pode ser inspirado em fatos reais. O tom sarcástico permeiam os capítulos que apresentam a história não linearmente, indo e voltando na trajetória do seu protagonista.

Passam citações e montagens de Shakespeare, Brecht, Guimarães Rosa a Plínio Marcos, tanto no cinema, na tevê ou no teatro. É uma imersão no mundo da glamorização e desglamorização do universo do ator.

O ponto de vista de um protagonista masculino, segundo Fernanda Torres, foi uma forma de se distanciar desse universo e ficar mais livre para criar a ficção. Por outro lado, a atriz mencionou em certa entrevista que o único ser humano que é possível falar mal nos dias atuais, do politicamente correto, são os homens, héteros e brancos.

O envolvimento do leitor é imediato na jornada de Mário, de moço da zona sul que se meteu no teatro popular repleto de falas e esquisitices da extrema esquerda a glória (e seu cortejo de horrores) como protagonista da principal novela da maior emissora.

Os personagens são bem construídos, com diferentes camadas mesmo para aqueles que obviamente poderiam cair em caricatura, como a mãe louca ao Pastor, o chefe do lado evangélico da prisão. Por fim, quando a última página chega, Mário finaliza seu processo de redenção concluindo que Macbeth só poderia ser montado, na sua plenitude, dentro de uma prisão. É o reencontro de Mário com a arte, porém amargo e infausto.

A Glória e seu Cortejo de Horrores é, sem dúvida, uma profunda exposição (e reflexão) sobre o mundo contemporâneo, dos seus mitos, do antiquado glamour nacional dos atores de televisão, dos discursos extremados - de direita ou esquerda -  e, principalmente, do pessimismo às grandes ideologias. Há certo reconhecimento dos conceitos da teoria do fim da história.

Fernanda se mostra uma vigorosa romancista que confronta a grandiosidade dos sonhos humanos com pequenez e mediocridade da vida privada. Tem ali a grandiosidade das heroínas e heróis da literatura clássica (como Eça de Queiroz e Dickens), imersos nos mesquinhos e divertidos conflitos da classe média de Luiz Fernando Veríssimo, com um bem construído anti-herói como de Lima Barreto aos conhecidos na teledramaturgia americana atual.

Sem dúvida, A Glória e seu Cortejo de Horrores mostra uma autora que é boa leitora. Estamos diante de uma das boas opções de leitura.


site: www.eurbanidade.blog.br
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Cheiro de Livro 04/12/2017

A glória e seu cortejo de horrores
Fernanda Torres me conquistou com seu livro de estreia “Fim” e desde então fiquei esperando uma nova história sua. A primeira vez que vi Fernanda Torres citando a frase da mãe, a atriz Fernanda Montenegro, a frase que dá título ao seu livro foi em uma entrevista para a Globonews há mais de ano. “A Glória e seu cortejo de horrores” é desses títulos que conseguem expressar a totalidade do livro.

Mais uma vez Fernanda escreve na pele de um homem que não é dos melhores. Mario Cardoso é um ator que começou a carreira no teatro na década de 1970 e termina em uma péssima encenação de “Rei Lear”. Mario tem uma história perpassa as oportunidades de fama na carreira de um ator brasileiro. O teatro em plena ditadura militar, os filmes do cinema novo, a TV na era de ouro das telenovelas e a decadência. A história é contada alternando o presente e o passado, auge e declínio, tudo permeado pelo humor que é uma característica de Fernanda. Não conto spoiler aqui por isso vou apenas dizer que o final é pasmoso e que envolve Shakespeare.

Mario me lembra muito o quinteto que protagonista “Fim”. Ele é da mesma estirpe de homem com apenas a diferença de gerações os separando. Fernanda parece estar caminhando pelos tipos masculinos que povoaram e povoam o Rio de Janeiro. Primeiro foram os cafajestes que batiam ponto na Copacabana das décadas de 1950 e 1960, agora o galã que nasceu nas areia de Ipanema e se fez nos estúdios no Jardim Botânico e Jacarepaguá. É quase como se seus livros fossem um estudo de arquétipos masculinos cariocas ao longo das décadas. Será que no próximo livro teremos a virada do milênio? É esperar e conferir.

site: http://cheirodelivro.com/gloria-e-seu-cortejo-de-horrores/
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