LuizaCands 31/10/2020
Bom (só isso mesmo)
E vamos à saga de "Me interessei pelo título, já comecei". Não sei se minha resenha será tão válida assim porque sequer li a sinopse do livro e por isso comecei a leitura com a impressão totalmente errada. O que eu imaginava era um assassino, até um serial killer, que matava as pessoas baseado no signo do zodíaco. De certa forma, esse elemento está presente na obra, mas a história vai ainda além: é uma sociedade ambientada a partir de signos do zodíaco, em que as pessoas são analisadas, divididas e destinadas a viver em determinados lugares ou ocupar determinadas posições por causa dos astros no céu quando nasceu.
"-(...) nos chamam de violentos. Como poderíamos não ser, se essa é a única maneira de nos ouvirem? Como poderíamos não ser, se violência é o que encontramos todos os dias? Paz é silêncio, e não podemos mais permanecer em silêncio. Temos de ser ouvidos!"
Tenho muita curiosidade com relação à astrologia, gosto sempre de acompanhar as notícias e descobrir mais sobre esse assunto. Contudo, é difícil aceitar uma sociedade que descrimina baseado no signo zodiacal, em que filhos são separados de pais por simplesmente terem nascido em uma época diferente. E, apesar de muitas pessoas serem realmente muito parecidas com as descrições feitas por esse campo, isso não significa que elas não possam ser diferentes ou que não mudem com o decorrer da vida (fato que foi representado no livro por meio de um personagem que acreditava ser de um signo e por isso agia de acordo com a conduta esperada, mas descobre ter sido registrado erroneamente; não entrarei em mais detalhes para não dar spoiler).
Há uma série de tramas acontecendo ao mesmo tempo: assassinatos sem motivo aparente, revoltas em Ariesville (local onde vivem os arianos, extremamente injustiçados e em condições precárias), Burton e Lindi tentando lidar com essa bagunça e David em sua procura por sua filha até então desconhecida. São muitos personagens e cenários, como você pôde perceber, além da própria sociedade ser um pouco confusa, então talvez seja difícil entender e manter-se dentro da história.
"- Vou lhe dizer o que penso - disse por fim. - Penso que este lugar é um bote salva-vidas. O bote salva-vidas é necessário, mas não vai muito longe. O problema é que todos os outros botes nas imediações estão afundando. Pelo menos, estas crianças têm Maria para cuidar delas. As outras, em Ariesville, estão se virando sozinhas, bem ou mal. Não vamos melhorar a vida de nenhuma delas enquanto não melhorarmos Ariesville."
Acredito que muito do que foi representado, mesmo se tratando de uma sociedade baseada em signos, pode ser aplicado na vida real, especialmente as injustiças sofridas pelos arianos e as condições terríveis de Ariesville em si. O alvo muda, assim como o suposto motivo, mas a injustiça não é a mesma que vemos todos os dias?
Apesar de tudo, no meu caso, a história fluiu muito bem e fiquei super curiosa com os mistérios e as subdivisões de todas as tramas. Já sabia que não seria 5 estrelas, mas ainda assim estava caminhando bem e me mantendo interessada, por isso esperava gostar quando terminasse. Acontece que essas impressões foram completamente ofuscadas pelo final. As pontas se encaixaram, pelo menos, mas não consegui gostar de jeito nenhum.
Resumidamente, é uma leitura bem interessante que você pode até gostar, dependendo dos seus gostos pessoais. Contudo, não é excelente ou incrível, apenas boa. Então, não espere demais dessa leitura ou você vai se decepcionar.